Outrora uma imponente agência bancária, o edifício na esquina das avenidas Berlim e Farrapos, em frente a estação de ônibus São Pedro, no bairro São Geraldo, zona Norte de Porto Alegre, é hoje o retrato do abandono. Os tijolos visíveis e a parede descascada são alguns dos únicos sinais de um local antes utilizados por clientes para movimentar dinheiro e realizar serviços diversos, mas que, hoje, é frequentado apenas por usuários de drogas e moradores de rua.
Não há mais porta de vidro, apenas tapumes de madeira cobrindo parcialmente a entrada ao antigo estabelecimento. Praticamente não há mais pinturas, somente pichações, grafites e cartazes de eventos passados e futuros, acumulados uns sobre os outros nas antigas paredes. O estacionamento oblíquo em frente, porém, ainda é utilizado por motoristas que trabalham próximos. A insegurança toma conta da região. O cheiro de urina e fezes é insuportável a qualquer hora do dia.
O musgo também cresce por sobre as rachaduras no chão, mostrando que o problema se estende há anos. “O lixo incomoda bastante, isso quando [os moradores de rua] não colocam ele ali dentro, gerando fumaça, que também causa danos. Esse prédio poderia ser mais fechado, para não corrermos o risco de sermos assaltados”, afirma o almoxarife Mateus Bonazza, que trabalha no bairro Floresta e passa todos os dias em frente ao edifício.
Não há certeza de quando o local encerrou suas atividades, mas existem algumas pistas. As câmeras do Street View, serviço do Google que mostra a visão da rua de inúmeras localidades pelo mundo, passaram pela esquina em, pelo menos, oito oportunidades desde agosto de 2011. As duas primeiras imagens, desta data e de abril de 2014, ainda mostram a agência em funcionamento. A próxima, de abril de 2016, já a mostra desativada, mas ainda com vidros na frente. Exatamente um ano depois, a maioria deles já estava quebrado e havia grandes pichações.
Os tapumes, que inicialmente bloqueavam a entrada, foram instalados entre novembro de 2018 e abril de 2019. Agora, em novembro de 2022, o principal deles, na porta, já está removido pela metade, permitindo a entrada de qualquer pessoa. Lá dentro, no entanto, o cenário é desolador, com entulhos por toda parte. Chama a atenção também uma árvore, que, segundo os mapas do Street View, era imponente na entrada do prédio até 2014. Dois anos depois, restava somente o tronco da mesma, e, em 2018, ela foi removida por completo, assim como canteiros de plantas em frente.
Acima da antiga entrada, há um número de WhatsApp, indicando o contato do suposto proprietário. A reportagem fez contato com ele, mas quando informou que faríamos uma matéria sobre o total abandono do edifício, não houve mais resposta. Questionada sobre a atual situação do prédio, a Procuradoria-Geral do Município de Porto Alegre (PGM) disse que somente os proprietários dos imóveis privados podem pedir reintegração dos mesmos.
No entanto, segundo a assessoria da PGM, “se o imóvel está em estado de abandono, o município pode notificar o proprietário para que tome medidas”. A Procuradoria afirmou também que, possivelmente, são feitas ações fiscalizatórias na área por parte da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus). A Smamus, por sua vez, afirmou que não tinha como averiguar os dados de fiscalização no momento, em razão do feriadão do Dia do Servidor Público e Proclamação da República.
Há alguns anos, outra agência do mesmo banco foi aberta a cerca de 50 metros de distância, no outro lado da avenida Farrapos, e por alguns anos, ambas chegaram a estarem abertas ao mesmo tempo. Ela permaneceu aberta, e está assim até hoje, apesar do fechamento da unidade da esquina com a avenida Berlim. O Correio do Povo entrou em contato com a assessoria de imprensa do estabelecimento bancário para saber se há novos planos para o local abandonado, e aguarda retorno.
Felipe Faleiro