Aguardado para 2022, o lançamento do edital para a concessão que significaria a conclusão da nova ponte do Guaíba não saiu. Inaugurada em 2020 pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a construção está 97% pronta e em operação, mas ainda restam terminar quatro alças de acesso. Esta etapa vai fazer parte de um programa de concessão, ainda em fase de estudos, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), de 667 quilômetros das BRs 116, 158, 290 e 392, em trechos que vão de Porto Alegre a Camaquã.
Dentro desse escopo, é previsto pelo Ministério da Infraestrutura o reassentamento de cerca de 400 famílias que moram às margens da rua Voluntários da Pátria, o que ainda não aconteceu. “Faz dois anos que estou esperando. Falaram em mudança e até algo em dinheiro, mas não vi nada. Ficou na promessa”, reclama a moradora rua Dona Teodora, Maria Cristina Dutra, 43 anos, que olha pela janela, todos os dias, a obra inconclusa. Atualmente desempregada, ela convive com acidentes freqüentes, entre atropelamentos e colisões na região. “Morte ainda não, ainda bem”, realça. O que mais a incomoda é a poeira no entorno da casa onde mora e os alagamentos após chuvas que nem precisam ser torrenciais. “Chegamos a ficar dentro de água, se bobear”, lamenta.
A área, nas proximidades da nova ponte do Guaíba, que já sofreram com vandalismo e colocação de lixo, passou por manutenção recente. O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) informou que recolhe 20 toneladas de lixo por semana, em média, na região do bairro Humaitá e Vila Farrapos. As alças que faltam serem concluídas são no sentido avenida Castelo Branco/Eldorado do Sul, sentido Gravataí/bairro Humaitá, sentido Eldorado do Sul/bairro Humaitá e sentido bairro Humaitá/Eldorado do Sul.
A via, de 2,9 quilômetros de extensão, faz a ligação entre a BR 290 e a BR 116. Conforme o Dnit, a “conclusão das obras da nova ponte do Guaíba integra objeto de estudo da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para concessão". Mas, enquanto as famílias das vilas Tio Zeca e Areia, no bairro Navegantes, não forem removidas, a obra não será concluída em sua plenitude, como o previsto quando começou, em 2014.
Christian Bueller