O sociólogo concedeu coletiva na manhã de hoje e participou da inauguração da biblioteca do curso de Ciências Sociais da UFPel. Durante a entrevista, ele mencionou a atual situação complicada do Brasil, disse pensar que "a democracia brasileira, neste momento, está num período de baixíssima intensidade" e citou o que ele considera o golpe de 2016, focos de invervenção política no sistema judiciário e a prisão do ex-presidente Lula como pontos indicativos da situação. Ressaltou, entretanto, que vê muita energia e vontade democrática no país e que os brasileiros vão vencer este desafio e a crise.
Sobre a greve dos caminhoneiros, Boaventura afirmou ser esta uma situação muito complexa de um grupo heterogêneo e entende que teve "uma resolução rápida, para evitar uma situação de pânico, mas a questão fundamental que está por trás da crise não foi resolvida." Como questão fundamental ele vê a política vigente que é "bastante injusta para os brasileiros" no que diz respeito ao diesel, gasolina e gás, uma vez que a Petrobrás sofre uma influência externa, com a prática de preços internacionais que têm interferência do dólar.
Boaventura é catedrático em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale, professor catedrático jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e distinguished legal scholar da Universidade de Wiscosin-Madison. Foi também global legal scholar da Universidade de Warwick e professor visitante do Birkbeck College da Universidade de Londres. Atualmente é diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.
Correio do Povo