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“Eu me sinto desrespeitada como cidadã”, diz moradora que teve casa atingida por árvore

Moradores do bairro Santa Tereza e Cristal, em Porto Alegre, sentem-se impotentes diante dos danos provocados pelo temporal e pela falta de respostas das autoridades

Os galhos estão apoiados nos fios de alta-tensão | Foto: Ana Maria Porto/Divulgação/CP

Ana Maria Porto, de 59 anos, enfrenta uma situação devastadora desde o temporal que atingiu Porto Alegre em 16 de janeiro. Durante as fortes rajadas de vento, duas árvores caíram sobre sua casa, uma na lateral e outra nos fundos. O maior risco agora é que os vegetais acabem cedendo e destruam as duas residências que estão no terreno da rua Prisma, no bairro Santa Tereza.

Agora, os galhos estão apoiados nos fios de alta-tensão, mas a queda da árvore danificou o telhado, inundando a casa e forçando Ana Maria e sua filha a buscarem abrigo na residência de seu irmão. Além dos danos, a rua está bloqueada, obrigando os moradores a se agacharem entre as raízes das árvores gigantes.

“Eu me sinto desrespeitada como cidadã. Como contribuinte, pagando os impostos. Sinto que sou um zero à esquerda. Parece que a gente não faz parte, não produz para a sociedade. É assim que eu me sinto”, desabafou.

Ela contou que não havia conseguido contato com o Corpo de Bombeiros nem CEEE Equatorial até essa sexta-feira, quando decidiu ir até a Defesa Civil de Porto Alegre.

Em contato com a Defesa Civil de Porto Alegre foi informado que o Corpo de Bombeiros Militares do Rio Grande do Sul vai até o local para fazer o corte dos vegetais e que após esse procedimento, a Defesa Civil do município vai voltar até o local para fazer a doação de lonas.

Carlos Oliveira é morador do bairro Cristal, na zona Sul, e ficou 48 horas sem água, luz e internet. Ele afirma que essas horas foram uma experiência desgastante. “A sensação de impotência diante da falta de recursos básicos é algo surreal”, declarou.

De acordo com ele, a higiene pessoal era um desafio constante, além da preocupação com a escassez de alimentos, a conservação e o preparo. Ele contou que muitos alimentos tiveram que ser descartados pela falta de energia elétrica.

“ A vida já não está fácil e ter que colocar comida fora dói na alma e no bolso. As noites se tornaram longas e desconfortáveis, pois a ausência de luz afetou não apenas nossa rotina, mas também nosso senso de segurança, bem como o desconforto devido aos insetos e a falta de ventiladores. Para quem trabalha no sol e na chuva ter uma boa noite de sono e poder tomar um banho no final do dia é imprescindível”, ressaltou.

Oliveira também destacou que durantes esses dias o seu trabalho de reciclagem foi afetado. Devido a falta de luz para os maquinários e a internet para contato com os clientes.

“O pior de tudo, é a falta de informações precisas e atualizadas por parte das autoridades que ocasionou o aumentou da ansiedade e incerteza. A espera por notícias e a falta de previsibilidade sobre o restabelecimento dos serviços essenciais geraram um estado de aflição e terror”.

A técnica de enfermagem Kelly da Silva, também moradora do bairro Cristal, declarou que a falta de luz e água impactou ainda mais na vida dos seus pacientes que já sofrem com os desafios de saúde e mobilidade.

“Tornou-se uma verdadeira maratona garantir que todos tivessem acesso à água potável. Além das limitações para a realização de banhos, trocas de fraldas e medicações administradas. As noites tornaram-se longas e assustadoras, sem a luz que normalmente traz segurança e familiaridade. As rotinas, tão importantes para o bem-estar deles, foram completamente comprometidas”, finalizou.

Paula Maia