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Verão

Especial

Fim da piracema reacende expectativas de pescadores da Ilha da Pintada, em Porto Alegre

Profissionais estão desde 1º de fevereiro autorizados a jogarem suas redes nas águas

Luiz Carlos Maciel é pescador há mais de seis décadas na área da Colônia Z-5 | Foto: Alina Souza

O pescador Luiz Carlos Maciel, 68 anos, conhece como poucos o Delta do Jacuí, na Ilha da Pintada. Ele a esposa, Marinês Freitas Maciel, 66, mantêm dois pequenos barcos, o Free Willy e o Flipper, junto a sede da centenária Colônia de Pescadores Z-5, uma das maiores e tradicionais do Rio Grande do Sul. No último dia 1º, Luiz, Marinês e os demais foram novamente autorizados a jogar suas redes nas águas, após o término do período da piracema, período de reprodução dos peixes iniciado em novembro de 2022.

“Nossa expectativa é para que chova um pouco, para vermos se esta água fica mais limpa. Da forma como está, prejudica um pouco a pesca”, afirma Maciel, sentado em um agitado Flipper que estava junto à margem. Enquanto mostra as redes que utiliza principalmente para a pesca do pintado e da tainha, ele relata um pouco de sua rotina, que começa no meio da manhã e cruza as horas, em um trabalho que reúne força no braço e certa dose de paciência.

Segundo ele, passada a restrição ambiental, os olhos dos pescadores se voltam para a Semana Santa, período de grande consumo do pescado. Os pescadores costumam atentar para não capturar o bagre, cuja pesca é proibida no Brasil, sob risco de extinção da espécie. É algo com o qual Maciel, do alto de suas seis décadas de função, não concorda, mas diz respeitar, assim como os pescadores da Z-5, que reúne por volta de mil profissionais realizadores da pesca artesanal no Rio Grande do Sul.

De qualquer forma, a pesca é um complemento da renda para Maciel e os demais pescadores. “Nós selecionamos o pintado, coloca uma rede mais graúda, e escolhe os mais bonitos para comercializar no buffet. Não são todos que fazem assim. Tem gente que pega em outros riachos e mistura tudo nas vendas”, afirma ele. Até pouco antes da pandemia da Covid-19, havia um projeto de coleta de lixo na foz do Jacuí, próximo de onde o rio encontra com o Guaíba. 

“Enchia o barco de garrafas PET, sapatos, chinelos. Até geladeira e fogão encontrávamos. Ganhávamos o combustível e uma cesta básica que ajudavam”, relata. Se as manhãs são reservadas à pesca em si, à tarde, geralmente, é a vez da limpeza dos pescados, conserto das redes e manutenção da própria embarcação. Mesmo com a permissão, nem todos os pescadores ainda estão de volta à área da Z-5. Alguns permanecem no Litoral, em busca dos exemplares de água salgada. Porém, quem vive próximo às águas doces do Jacuí já sente a diferença no trabalho e deve sentir um aumento da procura pelos peixes nas próximas semanas.

Felipe Faleiro