Floristas regulares no entorno de cemitérios de Porto Alegre vivem a expectativa de boas vendas neste feriado de Finados, em que muitos aproveitam a ocasião para prestar homenagens a seus entes queridos que já partiram, e usam as flores como símbolo disto. No entanto, a visão de quem trabalha na área é a de que a mudança de gerações significa uma menor adesão à prática a longo prazo. Hoje pela manhã, a banca da florista Maria Elisabeth Vieira Rodrigues, que trabalha com elas há 52 anos, e já ensinou a filha Thatiely Rodrigues o ofício, estava repleta de exemplares.
No local, ao lado do Memorial Ecumênico Martim Lutero, bairro Santo Antônio, os clientes também apareciam de maneira regular. Mas, para a jovem, talvez esta cena ficará mais rara no decorrer do tempo. “Existem pensamentos diferentes. Os pais têm mais esta questão das homenagens, o que não ocorre com os mais novos, principalmente pela questão da cremação. Tem ainda quem está com a situação financeira mais apertada”, argumenta ela, para quem as rosas e crisântemos são as flores mais procuradas.
Nesta semana, espera-se que o movimento se mantenha relativamente alto no entorno dos cemitérios, ao menos até o próximo domingo. No entanto, ela pontua que a previsão do tempo desfavorável, inclusive com indicação da atuação de um ciclone extratropical no final de semana junto ao litoral gaúcho, pode também frustrar as visitações, e consequentemente, as vendas. O fornecimento de flores aumenta da mesma forma nesta época do ano, disse o vendedor Jeferson Ildo Motta, de quem Maria Elisabeth é cliente.
“As bancas costumam comprar de mais de um fornecedor, para ajudar a todos”, justificou ele. “E Porto Alegre é o melhor mercado destes produtos da Região Metropolitana, ao contrário de outros municípios, como Canoas, Esteio e Sapucaia do Sul, onde o movimento é maior nos dias das Mães e Namorados”. Ele não soube explicar o motivo desta mudança de hábitos. Para coibir os floristas e ambulantes irregulares, a Secretaria Municipal de Segurança Pública (SMSEG) informou, por meio de nota, que coordena uma força-tarefa neste feriado nos principais cemitérios da Capital.
Entre eles, foram citados o da Santa Casa, São Miguel, São José, João XXIII, Martin Lutero, São João, Jardim da Paz, Vila Nova e Belém Novo. A ação é realizada em conjunto, entre a Diretoria-Geral de Fiscalização (DGF), Comissão Municipal de Serviços Funerários (CMSF) da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET) e a Guarda Municipal (GM), e tem como foco o combate ao comércio irregular, especialmente de flores, ainda segundo a SMSEG, enquanto a GM atua para minimizar a ação dos flanelinhas.
Felipe Faleiro