As queixas foram feitas pelo veterinário Elisandro Oliveira do Santos, que atuou por oito anos no local e que deixou a equipe após outra empresa vencer a licitação e assumir os serviços em maio deste ano. “Nós avisamos que isso aconteceria, pois não há pessoas devidamente qualificadas para o manejo destes animais (silvestres). Mesmo com todas as falhas operacionais, houve um vitorioso na licitação e agora animais que estavam saudáveis vão morrendo". Para o veterinário, o critério do menor preço na seleção de um serviço especializado, acaba por sair caro. "É inadmissível que importantes critérios solicitados durante a seleção tenham passado despercebidos, como a comprovação de capacidade técnica em serviços de mesma natureza, de experiência de todos os técnicos e tratadores no manejo de fauna silvestre.”
O secretário do Meio Ambiente de Canoas, Paulo Paim, explica que a licitação foi legal e aceita pela Procuradoria-Geral do Município. “A empresa que perdeu entrou com uma série de recursos. A Justiça determinou que, até que haja o julgamento do mérito, a equipe vencedora deve continuar no espaço gerenciando os serviços.” Ele destaca que houve a preocupação de causar menor impacto aos animais com a troca de gestão. “Vários integrantes da antiga empresa foram convidados a integrar a nova. Depois disso, ainda houve um processo de capacitação e atualmente estão sendo feitas remodelações e reformas nos recintos para melhor acomodar os animais." Conforme Paim, a prefeitura deve contratar consultoria externa para avaliar os fluxos manejo realizados no local e esclarece que, após denúncias, o local recebeu vistorias do Conselho Regional de Medicina Veterinária, Ibama e da Sema e não foram encontradas irregularidades.
O titular da Promotoria de Justiça Especializada de Canoas, promotor Felipe Teixeira Neto, informou que uma série de reuniões e ações estão sendo feitas no sentido de apurar as mortes, monitorar casos e identificar possíveis providências. “Hoje, os laudos e resultados de vistorias não apontam nenhum tipo de irregularidade grosseira.Não vejo necessidade de adotar medidas extremas no que tange a prestação de serviços. Talvez, algum tipo de ajuste pontual.” Já as queixas de ilegalidade do contrato são apuradas pela Promotoria de Justiça Cível de Canoas, cuja titularidade é da promotora Sônia Madalena Silveira Bonilla. Ela informou que não vai se manifestar em razão da investigação estar em andamento.
Conforme a Prefeitura de Canoas, a essência do MiniZoo é a reabilitação da fauna silvestre. O local recebe animais feridos, vítimas de maus-tratos e de atropelamentos. Como muitos não têm condições de retornar ao habitat natural, acabaram ficando no zoo, inseridos nos recintos para visitação e são alvos de ações de educação ambiental. Atualmente, o espaço conta com mais de 100 animais residentes, entre aves, mamíferos e répteis, além mais outros 100 animais silvestres, que estão em processo de reabilitação.
Fernanda Bassôa