A Casa do Imigrante, no bairro Feitoria, em São Leopoldo, edificação tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (IPHAE), um dos cinco objetos selecionados pelo projeto Iconicidades, em 2022, Programa do Governo do Estado, está muito perto de sair do papel e ter as obras finalmente executadas. A Casa que carrega o legado da história e da cultura germânica no coração de São Leopoldo, está parcialmente destruída desde março de 2019, quando parte de sua estrutura ruiu da noite para o dia. Na data, o ponto turístico já estava fechado para visitações por conta de goteiras e problemas no telhado. Hoje, a situação é de abandono, motivo de lamentação entre a população local e de representantes dos setores culturais da região. A construção original data de 1788, quando o local funcionava como sede da Real Feitoria do Linho Cânhamo, onde era feita a matéria-prima para velas e cordéis de navios.
A Prefeitura de São Leopoldo garante que o processo segue em tramitações finais e que obra contempla o restauro do prédio histórico e a construção de um complexo cultural. “Será um ponto de grande relevância pedagógica, cultural e para toda comunidade incluindo, por óbvio, o turismo na cidade. A Casa da Feitoria ou Casa do Imigrante compõe como anexo do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo o maior acervo da Imigração Alemã do Brasil, constituindo-se como edificação e representação, o símbolo máximo dessa imigração”, aponta a nota do Executivo leopoldense.
De acordo com o vice-presidente e diretor do Museu Visconde de São Leopoldo, Cássio Tagliari, que ainda não teve acesso ao projeto, o local representa o marco zero da imigração alemão no Brasil. “A Casa tem um significado importante não apenas em São Leopoldo, é um espaço que marca um grande legado na sociedade gaúcha e que mostra a influência da imigração alemã e também italiana, conta a história de 200 anos de um povo que se estabeleceu aqui.” Segundo Tagliari, é um local expositivo e de grande potencial.
Neste momento, segundo informou a Secretaria Estadual de Planejamento Governança e Gestão, alguns processos estão correndo em paralelo. De um lado, os projetos desenvolvidos pela empresa SOLSS Arquitetura encontram-se em fase de aprovações legais, porém ainda restam fases que estão sendo acompanhadas pelo Estado e pelo Município. Outro processo diz respeito ao convênio entre o Estado e o Município. Após alinhamento técnico entre as partes na construção do plano de trabalho desse convênio, o Estado fez a análise jurídica do documento e apontou em 6 de dezembro de 2023 alguns ajustes a serem executados pela prefeitura.
O plano foi reapresentado pelo Município no dia 15 de dezembro do ano passado atualmente e está em análise junto à Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (Cage). Segundo esclarece o Estado, diferentes atores encontram-se em atuação para que todos os procedimentos sejam concluídos e os projetos sejam repassados ao município. “Acreditamos que, se não houver nenhuma intercorrência inesperada, até o primeiro bimestre de 2024 possamos assinar o convênio. A partir disso, o Município deverá realizar os procedimentos para execução da obra.”
Segundo ainda o setor de Cultura leopoldense, a restauração do imóvel permitirá que o mesmo cumpra com o seu propósito e finalidade de resgate da memória e da educação patrimonial, seja pela simbologia histórica factual e estética de sua fachada, seja por meio da exposição de acervo composto por objetos, peças, quadros, mobília, quadros e fotografias. Além da finalidade turística, a educação patrimonial será outro ponto fundamental proporcionado pela revitalização do espaço, sobretudo por meio de visitas guiadas, oficinas, rodas de memória e palestras, atingindo visitantes, mas principalmente professores e alunos em todos os níveis de formação.
PROJETO ICONICIDADES
O projeto Iconicidades tem o objetivo de tornar as cidades gaúchas mais empreendedoras, inovadoras e criativas e estimular a retomada e revitalização de espaços arquitetônicos simbólicos nas cidades para estabelecimento de novos negócios. A ideia é identificar e revitalizar arquiteturas simbólicas em todo o Rio Grande do Sul, dando a elas um novo sentido, além de estimular a inovação e a economia baseadas no capital intelectual, contribuindo para criar ecossistemas criativos e que estimulem novos empreendimentos.
Fernanda Bassôa