A última versão do plano – que a Casa Branca já tinha ameaçado vetar – previa uma redução do déficit de 915 bilhões de dólares em 10 anos, em troca de um aumento do teto da dívida de 900 bilhões de dólares antes de 2 de agosto. Se a decisão não for tomada em cinco dias, segundo o Departamento do Tesouro, a maior economia do mundo perderá sua capacidade de se endividar e correrá o risco de um calote catastrófico.
Boehner contempla outro aumento do teto da dívida para o início de 2012, ou seja, em plena campanha das eleições presidenciais e legislativa de novembro. Para os democratas, no entanto, essa proposta está "fora de lugar", já que não faria nada além do que adiar por seis meses a solução do problema e colocaria "os Estados Unidos em perigo", expondo o país ainda mais a uma degradação da nota de sua dívida pelas agências de classificação de risco.
Na quarta-feira à noite, 51 senadores democratas e dois independentes dos 100 que compõem a Câmara Alta, se pronunciaram claramente contra o plano de Boehner. O texto alternativo do Senado apresentado por Reid economizaria 2,2 trilhões de dólares em 10 anos, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso Americano (CBO, da sigla em inglês).
Os democratas esperam que o plano seja acompanhado de um aumento do teto da dívida suficiente para chegar a 2013. Boehner disse que o projeto democrata equivale a dar "um cheque em branco" ao presidente Obama - candidato à reeleição - o qual disse não estar disposto a aprovar. Semanas de discussões não bastaram para chegar a um acordo sobre um plano de redução do déficit acompanhado do aumento do teto da dívida – que em maio alcançou o limite legal de 14,294 trilhões de dólares, ou seja, cerca de 100% do PIB.
FMI
A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou que surgirão "dúvidas" sobre o status do dólar como moeda de reserva mundial caso persista o bloqueio nas negociações orçamentárias no Congresso americano.
O imppasse em torno do aumento do limite legal da dívida pública "provavelmente provocará uma queda do dólar em relação às outras moedas e provavelmente dúvida entre os detentores de divisas sobre se o dólar é efetivamente a moeda de reserva última e de primeira ordem", indicou Lagarde à emissora americana PBS.
Casa Branca
A Casa Branca disse hoje que continua sendo "otimista" sobre a possibilidade de alcançar um compromisso com os legisladores. "Continuamos acreditando e somos otimistas de que o Congresso mantenha a razão (...) e que se alcance um acordo", disse o porta-voz Jay Carney aos jornalistas.
Fed e bancos
Por sua vez, um líder do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), John Williams, disse que a instituição não tinha "uma varinha mágica" para impedir um default parcial dos Estados federal. "Não se enganem: o Fed não tem uma varinha mágica para que a economia atravesse uma crise desta gravidade sem dificuldades", afirmou Williams durante um discurso em Salt Lake City (Utah, oeste), cujo texto foi transmitido à imprensa.
Já os 14 diretores de bancos, seguradoras e outras instituições financeiras de Wall Street escreveram ao presidente Obama e aos legisladores para "chamarmos encarecidamente a alcançar um acordo nesta semana" sobre a dívida. "Queridos presidente e parlamentares, escrevemos a vocês hoje para pedir para atuarem esta semana para alcançar um acordo que permita a nosso país continuar honrando todas as suas obrigações financeiras", dizem os diretores do Fórum de Serviços Financeiros (FSF) na carta.
AFP