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Verão

Especial

Alemanha fecha suas três últimas usinas nucleares

Medida conclui processo de mais de 20 anos de eliminação progressiva da energia atômica na maior economia da Europa

| Foto: Christof Stache / AFP

A Alemanha fechou, neste sábado (15), suas três últimas usinas nucleares. A informação foi divulgada pelos operadores destas centrais, o que concluiu um processo de mais de 20 anos de eliminação progressiva da energia atômica na maior economia da Europa.

As usinas Isar 2 (sudeste), Neckarwestheim (sudoeste) e Emsland (noroeste) foram desligadas da rede elétrica antes da meia-noite (hora local), conforme previsto. A companhia energética RWE qualificou o fechamento de "o fim de uma era", segundo um comunicado.

A principal economia europeia abre um novo capítulo energético, confrontada com o desafio de prescindir dos combustíveis fósseis ao mesmo tempo em que tenta administrar a crise do gás desencadeada pela guerra na Ucrânia. 

Protestos

Desde 2003, a Alemanha já havia fechado 16 reatores. O governo alemão concordou em fazer um adiamento de várias semanas em relação à data originalmente prevista, 31 de dezembro, mas sem pôr em xeque virar a página deste tipo de energia no país.

"Os riscos ligados à energia nuclear são, definitivamente, não administráveis", disse a ministra do Meio Ambiente, Steffi Lemke, esta semana. 

De fato, preocupam amplos setores da população e deram força ao movimento ambientalista.

Neste sábado, aos pés do Portão de Brandemburgo, em Berlim, a ONG Greenpeace organizou uma despedida do átomo, simbolizado pelos restos de um dinossauro derrotado pelo movimento antinuclear. 

"A energia nuclear pertence à história", proclamou a ONG. 

Em Munique, uma "festa pela saída da energia nuclear" reuniu algumas centenas de pessoas, conforme registrado pela AFPTV. 

"Energia nuclear, obrigado", publicou neste sábado o jornal conservador FAZ, destacando os benefícios que, segundo ele, trouxe para a Alemanha. 

"Erro estratégico"

A invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 poderia ter colocado tudo em suspenso, porque a Alemanha, privada do gás russo, temia os piores cenários possíveis: desde o risco de fechar suas fábricas até ficar sem calefação. 

No final, o inverno se passou sem desabastecimento, e o gás russo foi substituído por outros fornecedores. 

O consenso em torno do abandono da energia nuclear desmoronou, porém. Segundo uma pesquisa recente do canal público ARD, 59% dos entrevistados acham que abandonar a energia nuclear nesse contexto não é uma boa ideia.

A Alemanha deveria "ampliar a oferta de energia, não restringi-la ainda mais", sob risco de desabastecimento e alta de preços, lamentou o presidente das Câmaras de Comércio alemãs, Peter Adrian, ao jornal Rheinische Post. 

"É um erro estratégico em um ambiente geopolítico que continua tenso", disse Bijan Djir-Sarai, secretário-geral do partido liberal FDP, parceiro do governo de coalizão de Olaf Scholz e ambientalistas. 

As três últimas usinas forneceram apenas 6% da energia produzida no país no ano passado, enquanto a energia nuclear respondia por 30,8% em 1997. 

Em paralelo, o percentual de energias renováveis no total da produção aumentou para 46% em 2022, contra menos de 25% uma década antes. 

"Depois de 20 anos de transição energética, as energias renováveis produzem agora produzem cerca de uma vez e meia mais eletricidade do que a energia nuclear em seu pico na Alemanha", disse à AFP o diretor do centro de pesquisa Agora Energiewende, Simon Müller, especializado em transição energética. 

Mas, na Alemanha, primeiro emissor de CO2 da União Europeia, o carvão continua representando um terço da produção de eletricidade, com um aumento de 8% no ano passado para compensar a ausência do gás russo. 

Até a ativista sueca Greta Thunberg criticou Berlim, dizendo que seria melhor continuar usando centrais de energia para reduzir o uso de carvão. 

A Alemanha prefere se concentrar em sua meta de cobrir 80% de suas necessidades de eletricidade com energia renovável até 2030 e fechar suas usinas de carvão até 2038. 

O país tem que “pisar no acelerador” em matéria de energia eólica onshore, alerta Müller. 

Segundo o chanceler alemão, Olaf Scholz, será necessário instalar de quatro a cinco aerogeradores por dia nos próximos anos para cobrir as necessidades.

AFP