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Verão

Especial

Bolsa fecha pelo terceiro dia em baixa e dólar termina estável

Após encostar nos R$ 4,10, moeda americana fechou com estabilidade, a R$ 4,07

Ibovespa encerrou o pregão aos 116.661,94 pontos, em baixa de 0,18% | Foto: Marcello Casal jr / Agência Brasil / CP

Nesta quarta sessão de 2020, o Ibovespa encerrou pela terceira vez seguida em terreno negativo, moderando as perdas observadas mais cedo, em cenário global ainda marcado pela expectativa do que o Irã poderá vir a fazer em reação à morte de seu principal líder militar, em ataque dos EUA ocorrido em Bagdá na madrugada da última sexta-feira. Após ter perdido a linha de 116 mil pontos, tocando a marca de 115.965,38 pontos na mínima do dia, o principal índice da B3 encerrou aos 116.661,94 pontos, em baixa de 0,18%, com giro financeiro de R$ 20,0 bilhões, alto mas abaixo do observado nas duas sessões anteriores. Na máxima de hoje, o Ibovespa foi aos 117.075,85 pontos.

Apesar do desempenho negativo do Ibovespa, parte dos papéis conseguiu se descolar do quadro de fundo, impelidos por notícias favoráveis a algumas empresas, como a melhora em dezembro dos dados operacionais da Azul (+3,31% na PN, segunda maior alta entre os componentes do índice na sessão) e a elevação da recomendação da Marfrig pelo Santander, que contribuiu para a ação do frigorífico fechar o dia em alta de 3,07%. Na ponta do dia, Cemig fechou em alta de 3,66%, com a B3, em recuperação de perdas recentes, apontando ganho de 3,23% no encerramento.

No quadro mais amplo, a incerteza geopolítica permanece como trava incontornável, favorecendo realização de lucros após progressão de 31,58% acumulada pelo Ibovespa em 2019.

"O Irã está no período de luto, então é preciso esperar para ver o que pode acontecer. A atitude é de cautela, com atenção ao que o país e seus grupos aliados virão a fazer. Não dá para dizer que já estejamos em uma acomodação", observa Luiz Roberto Monteiro, operador sênior na Renascença, apesar de o petróleo ter devolvido hoje uma parte dos ganhos que havia acumulado nos últimos dias, e de as ações terem se mantido em variação relativamente modesta nesta sessão. "Não interessa tanto o que os americanos possam dizer agora, a questão é saber o que o Irã fará", concorda José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

Por aqui, embora a amostra seja muito pequena, referente apenas às duas primeiras sessões do ano, o investidor estrangeiro voltou a comprar ações brasileiras neste início de 2020, após o fluxo de saída de recursos acumulado ao longo do ano passado.

No primeiro pregão do ano, no dia 2, quando o Ibovespa subiu mais de 2% e renovou máxima histórica, acima dos 118 mil pontos, os investidores estrangeiros sacaram R$ 409,224 milhões da B3. No dia seguinte, quando a percepção de risco geopolítico voltou ao radar com a morte do general iraniano, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 862,402 milhões naquela sexta-feira (03), quando o Ibovespa fechou em baixa de 0,73%, aos 117.706,66 pontos, com giro financeiro elevado, de R$ 29,2 bilhões. Assim, nessas duas primeiras sessões, o saldo de janeiro está positivo em R$ 453,178 milhões, resultado de R$ 21,637 bilhões em compras e de R$ 21,184 bilhões em vendas de ações.

Dólar

O dólar terminou o dia perto da estabilidade após encostar mais cedo em R$ 4,10. As mesas de câmbio continuaram monitorando predominante o noticiário do Oriente Médio, mas a terça-feira foi novo dia de poucas novidades, o que na parte da tarde contribuiu para a moeda americana desacelerar o ritmo de valorização ante divisas emergentes. No segmento à vista, o dólar fechou praticamente estável, em R$ 4,0646 (+0,04%). No mercado futuro, o contrato de dólar para fevereiro encerrou em R$ 4,0735, com leve alta de 0,14%.

O volume de negócios melhorou hoje no mercado e o giro financeiro ficou em US$ 18,8 bilhões, mas o clima de prudência dos investidores persistiu. "Os mercados financeiros se moveram com cautela à espera de novos acontecimentos no conflito do Oriente Médio", observam os estrategistas do banco espanhol BBVA na tarde de hoje. Mas a falta de novidades abriu espaço para alguns ajustes, incluindo nos preços do petróleo, que recuaram.

O diretor de câmbio da Ourominas, Mauriciano Cavalcante, observa que o mercado espera para ver qual será a reação do Irã ao ataque norte-americano que matou o general Qassem Soleimani. "Como não teve nenhuma novidade hoje, a coisa se acomodou no mercado perto do fechamento", ressalta ele. Na tarde de hoje, o presidente americano Donald Trump, disse estar preparado para "qualquer retaliação" do país do Oriente Médio. Uma eventual guerra na região pode provocar forte estresse no câmbio, avalia o diretor. Na ausência de novidades, a moeda deve seguir ao redor do patamar atual.

Se o ambiente externo está mais conturbado neste início do ano, as perspectivas para a economia doméstica seguem positivas. "China, Índia e Brasil, três dos emergentes mais importantes, sinalizam que prossegue o fôlego no crescimento", observa o economista do banco suíço Julius Baer, Janwillem Acket, em relatório a clientes.

A terça-feira teve a divulgação de indicadores importantes nos EUA, como o índice de atividade do setor de serviços (ISM) e as encomendas à indústria, mas lá também o foco predominante foi a questão no Oriente Médio. O dólar subiu ante divisas fortes, recuperando as quedas de ontem, e operou misto ante emergentes. Caiu no Chile e Indonésia, ficou estável na Turquia e subiu na Colômbia e Rússia.

"Os investidores ainda avaliam o que os ataques podem significar para os mercados financeiros e como o Irã pode responder", ressaltam os estrategistas da LPL Financial. "Por ora, os agentes acreditam que a escalada das tensões não deve ter impacto material nos fundamentos econômicos."

Juros

O relativo alívio visto nos negócios internacionais também chegou aos juros, que renovaram mínimas sequenciais no período da tarde, especialmente no trecho mais curto. A tensão da manhã deu lugar a fundamentos no mercado, e os investidores passaram a ponderar que há sinais de que o choque de carnes bovinas ficou concentrado em 2019 e que a tensão entre Estados Unidos e Irã diminuiu.

Se o dólar foi a principal fonte de pressão no começo da tarde, com alta de 0,7%, a moeda americana também contribuiu para o gradual acomodação dos juros ao longo da tarde.

Getúlio Ost, gestor de renda fixa da Porto Seguro Investimentos, explica que, além da inversão do sinal da moeda americana, a ampliação do recuo nas cotações do petróleo abriu espaço para a baixa na curva.

"No mais, há sinais de que a inflação está cedendo rápido, o que ajuda especialmente a parte mais curta a fechar", afirma Ost, citando especialmente as pesquisas de inflação na ponta.

Em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o coordenador do IPC da Fipe, Guilherme Moreira, salientou que a proteína bovina - uma das principais causas da aceleração recente do indicador - mostrou leve queda na ponta na última semana de dezembro. O índice subiu 0,94% no último mês do ano, mais do que em novembro (0,68%), mas menos do que apontava a mediana das estimativas na pesquisa Projeções Broadcast, de 1,23%. E foi menor do que a taxa da terceira quadrissemana do mês passado (+1,14%), fechando 2019 em 4,4%.

Para o gestor de renda fixa da Absolute Invest, Maurício Patini, a percepção do mercado é que o choque de carnes vai "voltar rápido", o que contribuiu para a queda no trecho da curva de juros mais sensível à política monetária.

Desta forma, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a sessão regular e a estendida no menor nível desde 30 de outubro, a 4,485%, de 4,525% ontem no ajuste.

Parte do mercado começa a reconhecer, contudo, o risco de que o incêndio de grandes proporções que atinge a Austrália - um dos principais exportadores de proteínas do mundo - pressione a disponibilidade do produto no mercado internacional e dê sobrevida à inflação do grupo no mercado interno, ainda que não se trate de um cenário base.

Nos demais vencimentos, a taxa do DI para janeiro de 2023 passou de 5,820% para 5,780% (regular) e 5,760% (estendida). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,440% (regular) e 6,430% (estendida), de 6,460%. O DI para janeiro de 2027 encerrou a sessão regular com taxa de 6,790%, mesmo nível do ajuste de ontem, e a estendida em 6,770%.

AE