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Verão

Especial

Com expectativa por um acordo de estimulo fiscal nos EUA, dólar fecha em queda, aos R$ 5,12

Ibovespa encerrou a quinta-feira aos 113.750,22 pontos, com ganhos de 1,30%

Apesar da queda nas últimas semanas, no ano o dólar ainda acumula alta de 28% ante o real | Foto: Marcos Santos / USP Imagens / Divulgação / CP

O dólar acabou fechando a sexta-feira em queda e acumulou desvalorização de 3,8% na semana, a terceira seguida de perdas para a moeda americana ante o real e a maioria das divisas mundiais. A crescente expectativa por um acordo em Washington para um pacote de estimulo fiscal, reforçada hoje pelos dados abaixo previsto do mercado de trabalho americano em novembro, fez o dólar testar novas mínimas mundiais esta semana, com algumas moedas, como o franco suíço, caindo ao menor nível em 5 anos. No Brasil, a entrada de fluxo para a Bolsa persiste em dezembro e hoje ajudou a suavizar a pressão pela moeda americana no mercado à vista, que é comum nesta época do ano para remessas de juros e dividendos, por empresas e fundos.

No fechamento, o dólar à vista terminou em queda de 0,30%, cotado em R$ 5,1246. O dólar futuro para janeiro terminou em leve alta de 0,05%, a R$ 5,1555.

Apesar da queda nas últimas semanas, no ano, porém, o dólar ainda acumula alta de 28% ante o real. O Banco Mizuho calcula que o real continua subvalorizado em relação ao dólar em cerca de 6,70%. O estrategista-chefe do Mizuho, Luciano Rostagno, comenta, em nota, que a explicação para esse desempenho fraco do real é a "posição fiscal frágil do Brasil". Se a agenda de reformas andar, ele prevê valorização da moeda brasileira, com o dólar encerrando 2021 a R$ 4,90.

Apesar das preocupações fiscais, os preços atrativos dos ativos do Brasil e de outros países da América Latina acabaram falando mais alto e atraindo investidores para a região, ressalta o economista-chefe para a América Latina do ING, Gustavo Rangel. "As preocupações fiscais ainda permanecem elevadas, mas surgiram perspectivas de um cenário mais construtivo na medida em que o governo e o Congresso permanecem comprometidos a ajustar as contas fiscais em 2021", reforça Rangel, em relatório a investidores. O economista prevê que o dólar vai seguir acima de R$ 5,00 ao longo de 2021.

"O fluxo segue comandando os negócios no mercado de câmbio", ressalta um gestor de multimercados, destacando que os fundos estão reduzindo de forma crescente apostas contra o real no mercado de derivativos da B3. Na Bolsa, o fluxo está positivo em R$ 1,4 bilhão este mês. Com isso, após operar parte do dia em alta, o dólar passou a cair no final da tarde e atingiu a mínima de R$ 5,11. O Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, termômetro do risco-país, caiu a 152 pontos hoje, no menor nível desde o início de março.

Ibovespa

O Ibovespa sustentou ganhos pela quarta sessão consecutiva firmando a marca dos 113 mil pontos, de 108 mil pontos na segunda-feira. Encerrou aos 11.750,22 pontos, em alta de 1,30%. Só em dezembro, acumula valorização de 4,38%, mas ainda assim, é insuficiente para zerar as perdas deste ano (-1,64%).

Rodrigo Moliterno, sócio e head de renda variável da Veedha Investimentos, diz que a tendência é positiva para os mercados, que têm dado muita ênfase à questão das vacinas, ainda que o número de casos de contaminações e mortes por Covid-19 venha aumentando. "O mercado comprou as vacinas friamente, todas elas. Em cima disso está o movimento de otimismo global e local", afirma.

O gestor explica que os agentes estão vendo - diante de dados fortes de recuperação chinesa - que o quanto antes for feita a imunização e as economias voltarem "ao normal", há um exponencial de crescimento forte. "Isso colabora com a onda de otimismo".

No Brasil, as ações ligadas a commodities - diante do rali do minério de ferro e menor produção diária de petróleo - corroboraram com este raciocínio na sessão de hoje e contribuíram muito para a sustentação do índice. Os papéis ordinários da mineradora subiram 3,82% e da petroleira, 3,31%.

Aliado a isso, nos Estados Unidos, o esforço do presidente eleito, Joe Biden, em elevar o montante do novo pacote de estímulos fiscais também contribui para o ânimo e os recursos abundantes no mundo vão se direcionando para o mercado de ações. Os índices Nasdaq e S&P 500 renovaram, inclusive, máximas históricas hoje.

Para Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, vale chamar atenção ao payroll de novembro abaixo do esperado, o que eleva a expectativa por um programa de estímulo ainda mais expansionista pelo Federal Reserve (Fed).

Ribeiro também destaca a alta a impulsionada pela manutenção do fluxo, que derrubou o dólar. No meio da tarde, operadores relataram a entrada de fluxo externo para a Bolsa, o que fez com que a moeda americana invertesse o sinal para a queda e o real se situasse em linha com demais emergentes, encerrando a sessão em baixa de 0,30%, a R$ 5,1246.

De acordo com a B3, nos dois pregões de dezembro, os ingressos já somam R$ 1,451 bilhão, resultado de compras de R$ 34,808 bilhões e vendas de R$ 33,356 bilhões. Mas, no acumulado de 2020, os estrangeiros retiraram R$ 50,112 bilhões do mercado acionário brasileiro.

Juros

O pregão termina com uma realização de lucros nos trechos médios e longos dos juros futuros, depois de um forte fluxo garantir quedas expressivas das taxas ao longo da semana. Catalisador do movimento de hoje, o risco fiscal permanece dando as caras, mas a busca pelo risco se impôs no quadro semanal. O diferencial entre os contratos janeiro de 2022 e janeiro 2027, que ilustra o comportamento da inclinação da curva, recuou a 383 pontos-base - o menor nível para uma sexta-feira desde agosto. Sexta-feira passada, para efeito comparativo, esse spread foi a 422 pontos.

A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 foi de 3,029% para 3,090% no fim da sessão regular e 3,075% na estendida. O janeiro 2025 passou de 6,114% para 6,130% (regular e estendida). E o janeiro 2027 avançou de 6,903% para 6,920% (mínima) e 6,930%.

O movimento de alta se suavizou nos minutos finais da sessão regular, depois de o dólar virar para o negativo (a moeda terminou cotada em baixa de 0,30%, aos R$ 5,1246) diante da entrada de recursos para o Ibovespa.

Fluxo, aliás, que resume a semana no mercado de DI, embora não a conte toda. Embora o ruído fiscal tenha aumentado bastante, diante de pressões renovadas sobre o teto de gastos e articulações no Congresso para usar o precedente do Tribunal de Contas da União (TCU) para empurrar gastos de 2021 para 2022, o mercado recebeu bem esta semana os seguidos sinais de compromisso de parte do governo.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem reforçado a narrativa de que o auxílio emergencial não será necessário em janeiro, dado que a economia estaria, segundo ele, fazendo trajetória de recuperação em 'V'. O presidente Jair Bolsonaro vai na mesma linha. Some-se a isso o compromisso do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de não colocar em votação projetos que estendam mecanismos extraordinários do Orçamento, como a PEC da Guerra ou o Estado de calamidade.

O investidor tem pela frente uma agenda carregada na próxima semana. Destaque para o IPCA de novembro (terça-feira), para o qual se espera desaceleração a 0,78% (mediana do Projeções Broadcast), e a divulgação da decisão do Comitê de Política Monetária (quarta-feira), em que é unânime a expectativa de manutenção da Selic a 2%.

"Esperamos que o Copom mantenha a taxa Selic em seu nível mínimo histórico na reunião dos dias 8 e 9 de dezembro. A nosso ver, isto seria consistente com a comunicação recente de que ainda estão presentes as condições para a manutenção do forward guidance, apesar da indicação de que mudanças de política que afetem a trajetória da dívida pública ou comprometam a âncora fiscal motivariam uma reavaliação, mesmo que o teto de gastos ainda seja nominalmente mantido", destaca, em relatório, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita.

Além disso, na quinta-feira são informadas as vendas no varejo e na sexta-feira, o volume de serviços, ambos de outubro. Na política, segue o acompanhamento do julgamento virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto a possibilidade de reeleição no comando do Congresso, o que tem travado a pauta de votações.

AE