O déficit em conta corrente do ano passado ficou em 4,17% do Produto Interno Bruto (PIB), ainda de acordo com os dados do BC, o pior para um ano fechado desde 2001 (4,19%). O maior porcentual da série histórica do BC foi observado em 1974, de 6,8%. Apontada como principal vilã das contas correntes em 2014, a balança comercial registrou um déficit de 3,930 bilhões de dólares, enquanto a conta de serviços ficou negativa em 48,667 bilhões de dólares. A conta de renda também ficou no vermelho, em 40,2 bilhões de dólares.
Dezembro
Em dezembro, o resultado das transações correntes ficou negativo em 10,317 bilhões de dólares ante expectativas colhidas pelo AE Projeções de déficit de 7 bilhões de dólares a 10,5 bilhões de dólares (a mediana negativa encontrada foi de 9,491 bilhões dólares). A balança comercial registrou um superávit de 293 milhões de dólares, enquanto a conta de serviços ficou negativa em 4,881 bilhões de dólares. A conta de renda também ficou deficitária em 5,988 bilhões de dólares.
Investimento Externo
O volume de Investimento Estrangeiro Direto (IED) que ingressou no Brasil no último mês do ano passado foi de 6,650 bilhões de dólares. O resultado ficou dentro das estimativas apuradas pelo AE Projeções, de 6 bilhões a 7,5 bilhões de dólares, com mediana de 7 bilhões de dólares. Pelos cálculos do Banco Central, o IED de dezembro ficaria em 7,2 bilhões de dólares. A estimativa da autarquia foi feita com base nos números até 17 de dezembro, quando o País havia recebido 4,5 bilhões de dólares em recursos externos.
Em todo o ano de 2014, o IED somou 62,495 bilhões de dólares. O saldo anual só supera o de 2010 (48,506 bilhões de dólares), já que ficou inferior ao dos três anos anteriores: 66,7 bilhões de dólares em 2011, 65,3 bilhões de dólares em 2012 e US$ 64,045 bilhões em 2013. O IED no ano passado ficou abaixo da estimativa do BC, de receber 63 bilhões de dólares. O resultado ficou dentro das estimativas (de 62,3 bilhões de dólares a 63,3 bilhões de dólares) e abaixo da mediana de 62,9 bilhões de dólares das previsões do mercado financeiro apuradas pelo AE Projeções.
Com o resultado divulgado nesta sexta-feira, nota-se que o ingresso desse tipo de investimento foi suficiente para financiar apenas 68,72% do rombo das transações correntes de 2014. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o IED passou de 2,85% em 2013 para 2,95% agora.
Ações e Renda Fixa
O investimento estrangeiro em ações brasileiras ficou positivo em 11,546 bilhões de dólares em 2014. Em dezembro, o saldo ficou negativo em 601 milhões de dólares. Em 2013, o saldo havia sido de 11,636 bilhões de dólares, com um total de 905 milhões de dólares apenas no último mês daquele ano. As aplicações em ações negociadas no País no ano passado somaram 10,566 bilhões de dólares e as negociadas no exterior (como ADRs) registraram um saldo positivo de 980 milhões de dólares.
Já o saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa negociados no País ficou negativo em 8,528 bilhões de dólars em dezembro e positivo em 20,106 bilhões de dólares no acumulado de 2014. Em 2013, o resultado havia sido negativo em 263 milhões de dólares em dezembro e positivo em 25,369 bilhões de dólares no ano. O aumento da procura por esses títulos teve início em junho de 2013, quando o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeira (IOF) sobre a aplicação.
O investimento em títulos negociados no exterior ficou negativo em 10 milhões de dólares em dezembro e positivo em 1,880 bilhão de dólares no ano. Em 2013, foi negativo em 1,755 bilhão de dólares no último mês do ano e em 2,341 bilhões de dólares no acumulado em 12 meses.
Rolagem
O BB informou que a taxa de rolagem de empréstimos de médio e longo prazos captados no exterior no ano passado ficou em 153%. Apenas em dezembro, a taxa foi de 142%. O resultado de 2014 foi muito melhor do que o verificado no ano anterior, quando foi insuficiente (94%) para honrar os compromissos das empresas no período.
Dos números apresentados hoje pelo BC, a taxa de rolagem de bônus, notes e commercial papers ficou em 90% no ano passado e em 57% em dezembro. Em 2013, a taxa anual ficou em 76% - 41% apenas no último mês do ano. Já os empréstimos diretos conseguiram ultrapassar a cobertura, com 191% - em 2013, havia sido de 102%. Em dezembro, o porcentual foi de 203%.
AE