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Verão

Especial

Dólar bate em R$ 5,30, mas zera alta e fecha em queda com exterior

Ibovespa encerrou em alta de 0,42%, aos 100.097,83 pontos, quase recuperando a perda de 0,62% do dia anterior

Dólar terminou a quinta-feira em queda de 0,13%, a R$5,23 | Foto: Marcos Santos / USP Imagens / Divulgação / CP

O dólar voltou a encostar em R$ 5,30 nesta quinta-feira pela manhã, com os investidores no mercado internacional ainda digerindo o resultado da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Mas no meio da tarde, a moeda norte-americana zerou a alta, acompanhando o enfraquecimento da divisa no exterior, a melhora do petróleo e do Ibovespa. No final do dia, fechou em leve queda, a segunda seguida, com os investidores aguardando novos catalisadores, tanto no exterior quanto no Brasil, em dia de agenda esvaziada aqui, mas com reuniões de política monetária na Inglaterra e Japão.

O dólar à vista terminou com pequena queda de 0,13%, a R$ 5,2314. O dólar futuro para outubro era negociado com retração de 0,18% às 17 horas, cotado em R$ 5,2315.

Os negócios desta quinta-feira ainda ecoaram as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, que pediu por auxílio fiscal para engrenar a recuperação da economia americana e não falou em novos estímulos monetários, decepcionando parte dos investidores. O dólar começou o dia em alta e o movimento ganhou força no mercado internacional com o Banco da Inglaterra intensificando o debate sobre a adoção de juros negativos no país, destaca o analista de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo. Com isso, a libra começou a despencar, ajudando o dólar a se fortalecer ainda mais.

Nos negócios da tarde, a queda da libra perdeu força e o euro passou a se fortalecer, ajudando o dólar a se enfraquecer no mercado internacional.

O índice DXY, que mede o comportamento da moeda americana ante moedas fortes, passou a cair. Com isso, o dólar zerou os ganhos aqui, em dia em que o real operou colado no exterior, sem repercussão de notícias locais. Na mínima, caiu para a casa dos R$ 5,22 no final da tarde. Nos emergentes, o dólar recuou 0,37% no México e 0,44% na África do Sul, mas subiu 0,65% na Rússia.

A decisão do Banco Central de manter os juros e não fechar totalmente as portas para novo corte no futuro acabou não tendo peso nas cotações do câmbio. Para o estrategista do banco Société Générale, Dev Ashish, com o câmbio pressionado, a taxa de juros real em nível negativo, a forte piora fiscal do Brasil, a visão é que o espaço para futuras reduções da taxa básica é muito pequeno. Só haveria mais espaço para redução se o governo avançar de forma consistente com as reformas fiscais, ressalta ele.

Na tarde desta quinta, o líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), disse que a meta é votar, no dia 15 de outubro, o pacto federativo no Senado e a reforma tributária na Câmara. Em seguida, os textos mudam de casa. As mesas de operação aguardam ainda detalhes sobre o novo programa social do governo, agora a cargo do Congresso, previsto para a semana que vem.

Bolsa

O bom desempenho das ações de commodities e siderurgia colocou o Ibovespa em campo positivo a partir do meio da tarde, descolando a B3 do dia ruim no exterior, ainda refletindo a decepção pós-Fed. Assim, com o suporte proporcionado por Petrobras (PN +1,93% e ON +2,23%, esta na máxima do dia no fechamento) e Vale ON (+1,82%), bem como siderúrgicas (Usiminas +5,15% e CSN +2,58%), o Ibovespa encerrou em alta de 0,42%, aos 100.097,83 pontos, quase recuperando a perda de 0,62% do dia anterior, que havia sucedido uma terça virtualmente estável (+0,02%) e uma abertura de semana em alta (+1,94%).

Na semana, o índice avança agora 1,76% e, no mês, 0,73% - as perdas no ano estão em 13,44%. O giro financeiro totalizou R$ 21,9 bilhões, enfraquecido como no dia anterior.

O fiel da balança na sessão acabou sendo o que parcela dos participantes do mercado considera uma faca de dois gumes para a B3: o enorme peso de alguns setores, como commodities e bancos, na composição do índice. Em 2010, quando ainda se vivia o boom das commodities, a participação do Brasil no índice MSCI para mercados emergentes chegou a ser de 15%, e hoje é de apenas 5%, observa Roberto Attuch, CEO da Omininvest.

"China, Coreia e Taiwan respondem hoje por 65% do índice de emergentes, e nele, 50% da composição corresponde à tecnologia, especialmente gigantes como Alibaba, Tencent, Samsung, e outras que despontaram mais recentemente de forma interessante, como a Ant Financial", diz Attuch, acrescentando que os investidores em empresas do segmento costumam aceitar compras de ações com múltiplos mais altos, diferentemente do que é o caso em setores tradicionais, amadurecidos.

"Esta concentração em commodities e bancos tem segurado o Ibovespa, limita o seu potencial", acrescenta o CEO da Omninvest. Ele defende uma mudança estrutural, que dê espaço maior a empresas e segmentos com potencial de crescimento diferenciado, como o varejo eletrônico. "O problema é que ainda não temos uma gigante de tecnologia. Nossas maiores empresas são da economia tradicional."

Para Scott Hodgson, gestor de renda variável na Galapagos Capital, embora haja oportunidades na B3 inclusive para estrangeiros, como no setor de construção e sua cadeia de suprimentos, que inclui materiais siderúrgicos, o câmbio, ainda instável e depreciado, é um fator a ser considerado. "É preciso que se estabilize mais o câmbio. O Ibovespa chegou a testar a faixa de 105-106 mil, mas tem se mantido nos 99-100 mil pontos, o que reflete também o grande peso dos bancos no índice", observa. Em 2020, considerando as ações das maiores instituições financeiras que compõem a carteira Ibovespa, as perdas acumuladas variam entre 33,90% (Itaú PN) e 40,11% (Unit Santander).

Nesta quinta-feira, o desempenho do segmento foi majoritariamente positivo no fechamento, com variações modestas em ambas as direções (Bradesco PN +0,24% e Unit Santander -0,60%), ainda sem sinais de recuperação consistente.

De forma geral, o enfraquecimento do dólar favoreceria uma migração de recursos para os emergentes, observa Hodgson, o que pode se materializar após a eleição de novembro nos EUA, com a superação deste grande fator de incerteza que prevalecerá nas próximas semanas. "Trump é um defensor do dólar forte e, apesar de os democratas serem mais identificados ao protecionismo - característica de toda forma partilhada por Trump, um republicano -, a disposição de Biden em relação aos emergentes tende a ser melhor, inclusive com relação à China", diz Hodgson.

Além da definição sobre quem será o próximo presidente americano, outro fator que pode contribuir para um rali de fim de ano, nos EUA e também nos emergentes, é a possibilidade de surgir, entre outubro e novembro, uma vacina contra a Covid-19 que esteja disponível ainda no primeiro trimestre de 2021, aponta o gestor. "Um rali de fim de ano criaria, por outro lado, uma dificuldade diferente para o início do próximo: encontrar ações que ainda não estejam esticadas".

Considerando os ganhos do S&P 500 no ano, ele observa, contudo, que a maior parte do avanço está concentrado em um grupo muito restrito de empresas com elevadíssima capitalização de mercado, como as gigantes de tecnologia, o que favorece uma rotação de carteira, inclusive em direção a emergentes, se o câmbio contribuir para isso.

Nesta quinta-feira, o dia no exterior foi de copo meio vazio. Os mercados globais ainda refletem a decepção ante a falta de novidades na reunião de quarta do Federal Reserve, no momento em que se preparam para um período tendencialmente mais volátil à medida que se aproxima a eleição americana de 3 de novembro, sem novos estímulos fiscais a caminho na maior economia em meio à disputa por hegemonia com a China.

Assim, as perdas se estenderam nesta quinta da Ásia para Europa, EUA e Brasil na primeira metade da sessão, em geral moderadas, embora algo acentuadas em índices mais expostos ao risco, pela precificação atual e pelo grau de integração global, como o tecnológico Nasdaq (-1,27% no fechamento de desta quinta).

Juros

Os juros futuros fecharam o dia em queda com a sinalização do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) e a oferta menor de títulos prefixados no leilão do Tesouro. O alívio se deu mesmo com o clima de aversão ao risco no exterior, mas com o mercado por aqui se apegando à indicação do Federal Reserve na quarta-feira de que os juros americanos devem seguir em níveis baixos até 2023. Após o Copom ter endossado o forward guidance de que não pretende reduzir o grau de estímulo monetário e não ter descartado a possibilidade de voltar a cortar a Selic após mantê-la na quarta em 2%, as apostas para aperto monetário nas próximas reuniões perderam um pouco de força na precificação da curva.

Boa parte das principais taxas terminaram nas mínimas, na medida em que o dólar ampliava perdas de maneira global. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou na mínima de 6,02% (6,124% na quarta) e a do DI para janeiro de 2027 também terminou na mínima, de 7,01%, de 7,123% na quarta. Nos mais curtos, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 2,82%, de 2,893% no ajuste anterior, e o DI para janeiro de 2023 fechou com taxa de 4,14%, de 4,254%.

De acordo com o Haitong Banco de Investimento, para o Copom de outubro, a curva projetava no fim da sessão 23% de chance de um aumento de 0,25 ponto porcentual na Selic, de 26% na quarta. Para dezembro, a probabilidade de alta de 0,25 ponto caiu de 48% para 35%. Até o fim do ano, a curva passou a precificar um total de 15 pontos-base de elevação, ante 19 pontos na quarta antes do Copom.

O mercado trabalhava nos últimos dias com a ideia de um comunicado mais conservador pelo BC, em meio à disparada dos preços dos alimentos e dos IGPS, mas os diretores relativizaram a pressão, classificando como temporária. Mesmo diante da piora do risco fiscal e da pouca evolução da agenda de reformas, o Copom sustentou no texto que "eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional", evitando assinalar claramente que o ciclo acabou.

Para Paulo Nepomuceno, operador de renda fixa da Terra Investimentos, a manutenção da menção a uma reduzida chance de corte foi apenas "pró-forma". "O BC colocou por colocar. O mercado comprou sim a ideia da estabilidade e agora tenta precificar por quanto tempo a Selic vai ser mantida e qual vai ser o tamanho da paciência do BC com o fiscal", disse.

Outro fator de alívio foi que o Tesouro nesta quinta "pegou mais leve" com as ofertas de prefixados, de 43 milhões de LTN e 1,5 milhão de NTN-F na semana passada, para 19,5 milhões e 650 mil, respectivamente, nesta quinta.

O mercado desde terça-feira vinha se preparando para um volume maior e a leitura é de menor urgência para emitir, principalmente a qualquer preço. "Parece que o Tesouro ficou, de certa maneira, incomodado com a pressão que vinha colocando na curva e resolveu tirar a mão. De qualquer forma, acabou dando um olé no mercado, que esperava mais uma oferta considerável", afirmou o operador de renda fixa da Renascença DTVM, Luis Felipe Laudisio.

AE