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Verão

Especial

Dólar fecha em R$ 5,33 atento às preocupações pela disseminação da Covid-19 nos EUA

Bolsa interrompe série positiva ao fechar em baixa de 1,05%, aos 106.119,09 pontos

Dólar chegou perto de registrar o quarto dia seguido de queda | Foto: Marcos Santos / USP Imagens / Divulgação / CP

O dólar chegou perto do registrar o quarto dia seguido de queda, mas na reta final dos negócios, com a piora externa em meio a renovadas preocupações com disseminação do coronavírus nos Estados Unidos, passou a subir e fechou em leve alta. Mesmo assim, ainda acumula baixa de 7% em novembro, mês em que entraram US$ 6,1 bilhões no Brasil apenas pelo canal financeiro, com a B3 batendo recordes diários de investimento estrangeiro. A volta do fluxo externo, após meses de escassez, e a promessa do Banco Central de intervir no mercado na reta final de 2020, caso o mercado demande recursos, ajudaram o dólar a cair abaixo de R$ 5,30 nesta quarta-feira, em sessão que acabou sendo marcada por volatilidade. Operadores seguem ressaltando que o risco fiscal é o principal limitador de uma melhora mais forte do real.

No fechamento, o dólar à vista encerrou com leve alta de 0,13%, cotado em R$ 5,3376. No mercado futuro, o dólar para dezembro subiu 0,53%, em R$ 5,650.

O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, comenta que havia três fontes de incerteza para o cenário de 2021: eleições americanas, vacina para a covid e o ajuste fiscal brasileiro. As duas primeiras se reduziram, o que tem ajudado a levar volume importante de capital para os emergentes nos últimos dias. "Imagina uma segunda onda de covid sem a perspectiva de uma vacina em breve?", questiona o economista, ressaltando que neste caso o dólar poderia estar de volta aos R$ 5,60. No final do dia, voltaram a preocupar a aceleração dos casos nos EUA, o que fez a cidade de Nova Iorque anunciar novo fechamento de escolas.

Se as duas primeiras incertezas diminuíram, no caso do Brasil, o cenário fiscal permanece sem avanço, o que limita a queda do dólar e deixa o câmbio volátil, ressalta Velloni. Para o economista, o dólar mais justo para os atuais fundamentos brasileiros seria entre R$ 4,80 e R$ 5,20. Mas ele acredita que só com o ajuste fiscal andando a moeda tem força para cair mais. Ao mesmo tempo há certo alívio no mercado com a atuação do Banco Central, que sinalizou que pode ser mais agressivo.

Hoje o BC novamente prometeu intervir no câmbio caso preciso, vendendo mais swap que o programado para dezembro ou fazendo leilões de linha (venda de dólar à vista com compromisso de recompra). "Seguimos prontos para atender a demanda por dólar no fim de ano", disse o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra Fernandes. em live do jornal Valor Econômico. O último mês do ano costuma ser marcado por remessas de empresas e fundos ao exterior e este ano ainda os bancos precisam desfazer o hedge em excesso no exterior (overhedge) para atender a nova legislação, o que tende a pressionar ainda mais o câmbio.

Por enquanto, ao contrário, o mercado tem recebido uma enxurrada de dólares do exterior, com investidores procurando ganhos nos emergentes. Dados do BC mostram que somente na semana entre 9 e 13 deste mês entraram US$ 4,908 bilhões pelo canal financeiro. No mês, as entradas por este canal somam US$ 6,163 bilhões. "Este dinheiro pode sair rápido como entrou", alerta Velloni, da Frente Corretora, sobre a necessidade de avançar com as reformas.

Ibovespa

Com a piora em Nova Iorque na reta de chegada, mesmo contando desde cedo com a notícia positiva sobre a vacina da Pfizer - eficácia de 95% nos resultados finais -, o Ibovespa interrompeu série de três avanços que o havia recolocado em níveis do fim de fevereiro. No ajuste desta quarta-feira, acentuado perto do encerramento dos negócios, o índice da B3 cedeu a marca de 107 mil pontos, que havia sido reconquistada ontem.

Ainda assim, a sequência desta semana, com o Ibovespa acima dos 106 mil nas últimas três sessões, é a melhor desde que o índice passou abruptamente dos 113.681,42 pontos, na sexta-feira pré-carnaval, para 105.718,29 pontos na quarta-feira de cinzas, quando, com perda de 7% naquele dia, o novo coronavírus assumiu o protagonismo de 2020.

Hoje, o Ibovespa fechou em baixa de 1,05%, aos 106.119,09 pontos, tendo oscilado entre 106.043,35 e 107.467,25 pontos da mínima à máxima, uma variação até que comportada para um dia de vencimento de opções sobre o índice, com giro financeiro a R$ 48,4 bilhões - relativamente acomodado após ter chegado a superar a marca de R$ 50 bilhões nesta e na semana passada, em duas sessões.

No ponto alto, o volume foi a R$ 54,3 bilhões na última segunda-feira, quando os estrangeiros aportaram R$ 4,891 bilhões no mercado à vista, de acordo com dados da B3 - foi o segundo maior, em termos nominais (sem correção pela inflação), da série de dados diários compilada pelo Broadcast desde 2007. Em termos mensais, a entrada chega a R$ 22,659 bilhões em novembro, o maior nível da série mensal, que retrocede a 1995.

"O Ibovespa ainda está muito próximo da faixa de 109 mil pontos, que podemos dizer que foi o último suspiro do mercado antes de afundar até 70 mil pontos. Ou seja, estamos próximos de uma resistência forte no curto prazo. De qualquer forma, a tendência de alta segue firme - e contra fluxo, não há argumento", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Na semana, o Ibovespa ainda acumula ganho de 1,33%, em alta de 12,95% em novembro, que coloca as perdas do ano a 8,24%.

Movidas pelo retorno dos estrangeiros à B3 e pela recuperação dos preços da commodity, as ações da Petrobras se mantinham em terreno positivo nesta quarta-feira, mas ao final a PN mostrava perda de 0,59%, com a ON em leve alta de 0,12% no fechamento, enquanto Vale ON cedia 0,78%. Outro peso-pesado do Ibovespa, o segmento de bancos também teve desempenho majoritariamente negativo nesta quarta-feira, após ter acumulado ganho que se aproximava de 25% (Bradesco PN) no mês. Exceção foi Banco do Brasil ON, em alta de 0,23% no fechamento de hoje - no mês, dentre as ações dos maiores bancos, foi a que andou menos até aqui, em alta de 15,62% em novembro.

Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, Cogna fechou em alta de 5,34%, seguida por Yduqs (+5,32%) e Azul (+4,41%). No lado oposto, Iguatemi cedeu 4,31%, à frente de Multiplan (-4,20%) e Cyrela (-4,18%).

No Brasil, passado o segundo turno das eleições municipais, a expectativa se voltará nas próximas semanas não apenas para as definições fiscais sobre o próximo ano, quanto ao Orçamento e o Renda Cidadã, mas também para a evolução da pandemia, que tem dado sinais de retomada após semanas de queda sustentada nas médias móveis. O recente repique da covid-19 desperta temores de que o País precisará seguir o caminho observado na Europa e em menor medida nos EUA, com a retomada do distanciamento social.

Juros

Os juros futuros, que já operavam em alta e descolados da queda do dólar pela manhã, acentuaram o avanço à tarde, renovando máximas a partir dos vértices intermediários. O movimento é explicado pela antecipação de parte das operações com vistas ao leilão de prefixados que o Tesouro realiza nesta quinta-feira. O recuo das taxas nos últimos dias, principalmente ontem, deixou espaço para a correção, na medida também que o mercado até agora não viu nada de concreto evoluir na agenda legislativa. O bom humor externo, ao contrário do efeito em outros ativos domésticos, nos juros não tem sido suficiente para estimular a tomada de risco. No fim do dia, porém, as preocupações com o avanço da segunda onda de covid pelo mundo pesaram nos negócios globais, com virada das bolsas para baixo, enquanto o dólar aqui zerou a queda.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,28% (regular) e 3,209% (estendida), de 3,255% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 fechou a regular de 4,95% e a estendida em 4,97%, ante 4,856% ontem. A do DI para janeiro de 2027 fechou a regular em 7,59%, de 7,424% ontem, e a estendida em 7,58%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxas de 6,79% (regular) e 6,78% (estendida), de 6,645% ontem.

O diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset, Rogério Braga, afirma que o mercado de juros hoje estava "difícil de explicar", na medida em que o noticiário não trouxe nada negativo, tampouco houve agenda relevante, e o dólar teve queda firme na maior parte do dia, tocando mínimas abaixo de R$ 5,30 pela manhã. Lembra porém que as taxas tiveram rodada recente de queda e, considerando o cenário fiscal indefinido, "não dá para esperar que fossem cair indefinidamente".

Para um gestor, o espaço para ficar aplicado em juros é limitado, dada a pressão da inflação corrente, sem certeza sobre a manutenção do teto de gastos e "com o Tesouro emitindo R$ 30 bilhões toda a semana". "O leilão pressiona demais e o político não se define em relação ao fiscal", disse.

Em live promovida pelo jornal Valor Econômico, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou que a inflação está "absolutamente sob controle" e discordou da tese de que o forward guidance ajuda a elevar a inclinação da curva. "Para fazer essa avaliação, teríamos que avaliar qual seria o nível da curva sem a prescrição futura. Será que estaria mais baixo? Eu acho improvável", rebateu. 'As incertezas fiscais e a dificuldade do Tesouro que pressionam a curva de juros estariam presentes com ou sem forward guidance", completou.

Com relação ao leilão, nas últimas operações, a instituição tem elevado os lotes de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e de Notas do Tesouro Nacional - Série F (NTN-F), o que demanda aumento nas posições de hedge já na véspera.

AE