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Especial

Dólar recua, mas acumula alta de 1,4% na semana, em meio a dados para juros do Fed

Moeda norte-americana fechou sexta-feira cotado a R$ 4,92

Moeda norte-americana fechou sexta-feira cotado a R$ 4,92 | Foto: Valter Campanato / ABr / Divulgação / CP

Após uma manhã marcada por trocas de sinais, o dólar à vista operou em baixa moderada ao longo da tarde, em meio ao recuo da moeda americana no exterior e a máximas das bolsas em Nova York, insufladas pelos ganhos de ações de tecnologia. Com oscilação de pouco mais de três centavos entre a mínima (R$ 4,9033), logo após a abertura, e a máxima (R$ 4,9395), ainda pela manhã, o dólar à vista fechou cotado a R$ 4,9268, em queda de 0,09%.

Operadores atribuem o recuo do dólar hoje a uma pausa natural para ajuste de posições e realização de lucros, após uma sequência de quatro pregões seguidos de alta, embora ontem a moeda tenha encerrado a sessão praticamente estável (+0,02%). Já os ganhos de 1,43% do dólar na semana são reflexo, sobretudo, do realinhamento das apostas em torno do primeiro corte de juros nos EUA neste ano, o que provocou avanço dos rendimentos dos Treasuries e da moeda americana em relação a divisas fortes e emergentes.

Após uma semana marcada por dados fortes de atividade nos EUA e declarações duras de dirigentes do Federal Reserve, a plataforma de monitoramento do CME Group mostra que as chances de corte de juros em março, que chegaram a superar os 80% no fim de 2023 e rondaram 60% neste início de ano, agora estão um pouco abaixo de 50%. A aposta majoritária passa a ser de início do ciclo de redução da taxa básica pelo BC americano em maio.

O diretor de tesouraria do Braza Bank, Bruno Perottoni, observa que agenda de indicadores americanos neste início de ano mostrou que a economia dos Estados Unidos está longe de uma desaceleração mais forte, o que pode ter reflexos no grau de desaceleração da inflação. 'Já não há mais aquele otimismo com início do corte de juros em março. E isso provocou uma alta dos Treasuries e do dólar', afirma Perottoni.

No curto prazo, ele vê possibilidade de o real voltar a se apreciar caso as taxas dos Treasuries recuem um pouco. E observa que há um fator técnico que pode contribuir para jogar o dólar para baixo: um grande volume de opções de venda de dólar com preço de exercício abaixo de R$ 4,90. O tesoureiro aponta, contudo, fatores que podem provocar uma alta do dólar mais para frente, como as tensões geopolíticas em meio às guerras na Europa, entre Rússia e Ucrânia, e no Oriente Médio (Israel e Hamas), que podem provocar problemas de oferta de grãos e petróleo e atiçar a inflação.

Outro ponto de atenção é a magnitude do ciclo de corte da taxa Selic, uma vez que, para Perottoni, uma taxa abaixo de 10% poderia dificultar a atração de recursos e, por tabela, causaria alta do dólar. 'Se o Fed realmente começar a cortar os juros, talvez a Selic possa ficar numa faixa de 9% sem causar estresse', diz o tesoureiro. Em uma das reuniões de economistas do mercado financeiro com o Banco Central realizadas hoje, a maioria dos analistas debateu qual será o impacto sobre o real de um início de ciclo de queda da taxa básica americana.

A maioria dos economistas avalia que o cenário internacional exige cautela, mas que o quadro, em geral, ainda é positivo para a moeda brasileira. As projeções para o dólar no fim de 2024 variaram entre R$ 4,50 e R$ 5,00, de acordo com uma fonte, com a maioria das expectativas entre R$ 4,70 e R$ 4,80 - abaixo da mediana do último relatório Focus, de R$ 4,95. A perspectiva de uma balança comercial brasileira novamente forte este ano foi indicada como o principal viés de sustentação para um câmbio mais otimista.

Juros

Os juros futuros tiveram uma sexta-feira de ajustes pontuais em relação à véspera, a despeito da forte reprecificação nos Treasuries em relação ao ciclo de queda dos juros nos Estados Unidos. Isso ocorreu porque, na visão dos agentes locais, o movimento mais forte de correção nos DIs já aconteceu e de, alguma forma, o mercado brasileiro já está preparado para o adiamento do corte pelo Federal Reserve. Hoje, monitoramento do CME Group mostrou que a curva futura americana deixou de precificar majoritariamente queda dos juros do Fed em março, com a hipótese de maio agora prevalecendo (82% de chances).

Dados mais fortes dos EUA nesta sexta-feira e falas de dirigentes do Fed ao longo da semana chancelaram essa mudança de apostas. O retorno da T-note de 2 anos subiu de 4,346% ontem a 4,389% hoje. Aqui, o movimento diário foi mais suave. A sensação dos agentes é de essa parte do filme já está contada e precificada no mercado local, que sentiu o baque mais nas primeiras semanas do ano. Apesar do ajuste fino hoje, a curva registrou um ganho importante de inclinação na semanal.

O diferencial entre as taxas de janeiro 2029 e janeiro 2025 avançou de 9 pontos-base na sexta-feira passada para 20 pontos. Para efeito de comparação, no encerramento de 2023, o spread era de 5,6 pontos. Na sessão, o DI para janeiro de 2025 subiu de 10,088% no ajuste de ontem para 10,100% no fechamento de hoje. O janeiro 2026 foi de 9,755% para 9,745%. O janeiro 2027, por sua vez, caiu de 9,927% para 9,880%. E o janeiro 2029 passou de 10,361% para 10,300%. O dia começou com tendência de queda das taxas, após o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de outubro ser revisado para baixo, atestando o esfriamento da economia no quarto trimestre. O número de novembro (-0,01%) veio praticamente em linha com a estabilidade esperada.

O consenso do mercado também seguiu em estabilidade para o Produto Interno Bruto do quarto trimestre na pesquisa do Projeções Broadcast. A estimativa intermediária para o PIB de 2023 caiu ligeiramente, de 3,0% para 2,9%, com projeções entre 2,7% e 3,2%. Esse cenário coaduna com a visão de que o Banco Central vai manter a flexibilização gradual da Selic, no passo de 0,50 ponto porcentual. A taxa básica estimada no fim do ano está entre 9,25% e 9,50%.

Estadão Conteúdo