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Verão

Especial

Dólar sobe 0,57% com investidores à espera de dado de emprego dos EUA e IPCA

Moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 5,51

Dólar avançou 0,57% nesta quinta-feira | Foto: AFP / CP

A cautela deu o tom aos negócios no mercado de câmbio doméstico ao longo da tarde desta quinta-feira. Depois de chacoalhar pela manhã, quando correu entre mínima a R$ 5,47 e máxima a R$ 5,5290, a moeda norte-americana apresentou oscilações modestas ao longo da tarde, flutuando ligeiramente abaixo de R$ 5,50. Com uma aceleração dos ganhos na reta final do pregão, acabou fechado em alta de 0,57%, a R$ 5,5174. Operadores destacam que a liquidez foi reduzida, com investidores evitando montagem de posições mais contundentes diante da agenda carregada da sexta.

No mercado futuro, o giro com dólar para novembro - principal termômetro do apetite por negócios - foi fraco, na casa de US$ 11 bilhões. Os rumores que circularam na quarta-feira à tarde dando conta de uma atuação mais forte do Banco Central no câmbio a partir desta quinta não se confirmaram. A autoridade monetária anunciou na quarta à noite apenas o início da rolagem de swaps cambiais que vendem em janeiro.

Com isso, o dia foi de ajuste de posições, em meio à expectativa para a divulgação na sexta-feira do relatório de emprego (payroll) nos EUA, que pode ratificar a aposta de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vai anunciar a redução da compra mensal de bônus já em novembro. Por aqui, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará também na sexta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IPCA) de setembro, diante de um quadro de escalada inflacionária que assusta os investidores.

O índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - trabalhava perto da estabilidade, mas em níveis elevados, na casa dos 94,200 pontos. As taxas dos Treasuries subiam e as Bolsas em Nova York apresentavam ganhos firmes, na esteira do acordo em torno do teto da dívida nos Estados Unidos. Entre as divisas emergentes, o real e o peso mexicano amargaram as piores performances.

Depois de dados fortes da abertura de vagas no setor privado americano na pesquisa ADP na quarta, números de auxílio-desemprego nos EUA divulgados nesta quinta vieram acima do esperado. Houve queda de 38 mil nos pedidos na semana encerrada em 2 de outubro, para 326 mil, inferior a expectativa dos analistas, de 345 mil.

A economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, avalia que a principal pressão sobre a taxa de câmbio vem do exterior, diante da expectativa pelo 'tapering', em meio a indicadores positivos da economia americana. "Isso tem se refletido nas taxas dos Treasuries, o que impacta em cheio as moedas emergentes. O tema orçamentário nos EUA pesa pouco, mas, de qualquer forma, aumenta a volatilidade", afirma Consorte.

Por aqui, a apresentação do substitutivo da PEC dos Precatórios - cuja votação em comissão especial na Câmara foi adiada para o próximo dia 19 - veio em linha com o esperado e não chegou a ter peso decisivo nos negócios. O texto do relator da PEC, deputado Hugo Mota (Republicanos-PB) prevê - como acordado com a equipe econômica - que haverá um limite para pagamento das despesas com dívidas judiciais com base no valor desembolsado em 2016, com correção pela inflação. Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), isso abre um espaço de R$ 51 bilhões no teto de gastos em 2022. O parecer também prevê "encontro de contas" via quitação de débitos de débitos parcelas ou inscritos da dívida ativa do ente da federação.

O desenlace da PEC dos Precatórios e a aprovação da reforma do Imposto de Renda no Senado são fundamentais para que haja uma definição sobre o valor do Auxílio Brasil, o programa social que substituirá o Bolsa Família. Nos bastidores, há também negociações para prorrogação do auxílio emergencial.

A avaliação nas mesas de operação é as indefinições no campo fiscal, aliadas ao ambiente de inflação elevada e indicadores fracos de atividade, jogam contra o real, que não deve encontrar espaço para uma melhora significativa em um momento de menor liquidez no mundo.

Para o gerente de câmbio da corretora Ourominas, Mauriciano Cavalcanti, a taxa de câmbio mudou de patamar e deve operar em uma faixa entre R$ 5,45 e R$ 5,55 daqui para frente. "Não vamos ver esse dólar voltar para o nível de R$ 5,30. A cautela é muito grande com essa expectativa de retirada de estímulos nos EUA e os números ruins da economia brasileira", diz Mauriciano, acrescentando que o desgaste adicional de Paulo Guedes, após a revelação de que o ministro da Economia tem conta offshore em um paraíso fiscal, aumenta o desconforto dos investidores.

Consorte, do Banco Ourinvest, ressalta que o "pano de fundo do Brasil" segue muito ruim. Após a decepção com os dados das vendas no varejo em agosto, divulgados na quarta, pode haver novas revisões para baixo nas expectativas para o crescimento do PIB. "Tudo isso em um cenário de pressão inflacionária e ambiente político pouco propício para evolução de reformas. O resultado é um dólar acima de R$ 5,50."

Juros

Os juros estiveram em alta por toda a quinta-feira, devolvendo parte da queda da quarta-feira ocorrida na esteira do resultado fraco do varejo e da melhora de apetite pelo risco no exterior. Nesta quinta, o mercado aproveitou para realizar ganhos, em meio à alta no dólar, das commodities e no rendimento dos Treasuries. Os cenários ruins de inflação e fiscal não permitem grande exposição ao risco local, principalmente na véspera de divulgação do IPCA de setembro que deve ser o mais elevado para o mês desde 1994. Os leilões do Tesouro, com oferta grande de prefixados longos, também ajudaram na pressão tomadora.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 9,19%, de 9,075% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 20225 subiu de 10,105% para 10,20%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,62%, de 10,503%.

Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, explicou que a trajetória da curva esteve associada ao desempenho negativo do real e preocupações com o quadro de inflação, que não são exclusivas do Brasil. "Há uma discussão global sobre o encarecimento da energia", lembrou. Os preços do petróleo voltaram a subir, mantendo-se nas máximas dos últimos anos, e o dólar operou durante boa parte do dia acima dos R$ 5,50. Commodities agrícolas, como soja, café, milho e açúcar, também avançaram nesta quinta.

A boa notícia é que a Rússia afirmou que pode ampliar sua oferta de gás natural à Europa, onde altas nos preços do combustível pressionam consumidores, o que ajudou a dissipar a aversão ao risco. O principal gatilho para a melhora de humor lá fora, porém, foi a perspectiva de o Senado dos EUA votar ainda nesta quinta a proposta para estender o prazo do teto da dívida fiscal do país até o começo de dezembro, após acordo entre democratas e republicanos.

Ainda do exterior, a curva doméstica recebeu influência do comportamento dos títulos do Tesouro americano, que tiveram avanço expressivo dos retornos. O yield da T-note de dez anos voltou a tocar 1,57% nas máximas do dia. "Há uma apreensão com o payroll amanhã, que deve balizar a expectativa pelo tapering", disse Abdelmalack, sobre o destaque da agenda internacional desta sexta.

Antes do payroll, porém, aqui, o mercado vai olhar na sexta para o IPCA de setembro, que deve ser de 1,25% no consenso da pesquisa do Projeções Broadcast, a maior taxa para o mês em quase 30 anos. Em agosto, o IPCA subiu 0,87%. Em 12 meses, confirmada a mediana, o índice vai acumular alta de 10,34% até setembro, quase o dobro do teto da meta de 5,25% para 2021. As perspectivas também são pessimistas para os preços de abertura.

De Brasília, a divulgação do relatório da PEC dos Precatórios poderia até ter dado a sensação de que o assunto avançou, mas um pedido de vista coletiva adiou a votação, que estava prevista para esta quinta, para 19 de outubro. "É só uma peça. Ainda há outras a serem encaixadas para ver como se vai resolver a questão do Orçamento do próximo ano", afirmou a economista da Veedha.

Nos aspectos mais técnicos, o Tesouro ofertou 14 milhões de LTN e 650 mil NTN-F nos leilões da quinta-feira, com risco para o mercado (DV01) 16% maior do que na operação anterior, segundo a Necton Investimentos. A demanda foi absorvida integralmente, com colocação maior nos prazos longos.

Bolsa

O Ibovespa não conseguiu acompanhar o ritmo do apetite por risco visto nesta quinta-feira no exterior, e perdeu fôlego ao longo da tarde até um final, mais uma vez, lateralizado. Ainda assim, foi a terceira sessão em que evitou perdas, nominalmente no positivo, algo não visto desde o intervalo entre 21 e 23 de setembro.

Nesta quinta-feira, saiu de mínima na abertura aos 110.563,26 e chegou a mostrar ganho de 0,87% no melhor momento, no começo da tarde, então aos 111.521,50, antes de perder vigor e ceder dos 111 mil pontos. Ao final, mostrava levíssimo ganho, agora de 0,02%, aos 110.585,43 pontos, com variação de menos de 200 pontos entre os encerramentos das últimas quatro sessões. No mês, cede 0,35%, com perda de 2,05% na semana e de 7,08% no ano. O giro ficou nesta quinta em R$ 32,7 bilhões.

Lá fora, os mercados acionários, desde a sessão asiática à europeia e americana, ainda repercutiam bem o acordo entre governo e oposição nos Estados Unidos para elevar o teto da dívida, ao menos até dezembro, neutralizando por ora um fator de risco que havia prevalecido sobre o humor recentemente, assim como os receios sobre a inflação global, puxada em especial pelos custos de energia. "Foi o último dia de feriado na China (continental), e a expectativa se volta para a reabertura dos mercados por lá amanhã, especialmente no que diz respeito a commodities", observa Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos.

"As ações da Chinese Estates, ex-acionista majoritária da Evergrande, dispararam 31,72% em Hong Kong após o anúncio de uma Oferta Pública de Aquisição pela empresa - fato que abre caminho para uma solução semelhante para a incorporadora, de pelo menos saldar as dívidas com seus credores", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. O índice Hang Seng, referência de Hong Kong, fechou em alta de 3,07%.

Nesta quinta-feira, o petróleo encerrou em alta após relatos de que os Estados Unidos não devem liberar reservas estratégicas para segurar os preços no mercado internacional. Na Nymex, o contrato do WTI para novembro subiu 1,12%, a US$ 78,30 o barril, e o Brent para dezembro avançou 1,07%, a US$ 81,95 o barril, na ICE, em Londres, enquanto por aqui, no fechamento da B3, as ações da Petrobras mostravam desempenho misto, acompanhando a perda de fôlego do Ibovespa (ON +0,21%, PN -0,14%).

Além das ações de commodities, especialmente mineração (Vale ON +2,98%), a retomada ainda que parcial em siderurgia (Gerdau PN +1,63%) e em utilities (Eletrobras PNB +1,71%) se impunha ao dia negativo para os grandes bancos (Bradesco PN -2,50%, BB ON -1,04%, Itaú PN -2,12%) - ao final, as de cima limitavam alta enquanto as de baixo acentuavam perdas, deixando o Ibovespa virtualmente no zero a zero.

Na ponta do índice de referência da B3, destaque para recuperação em Banco Inter (Unit +12,06%, PN +11,67%), após "a empresa contratar Bank of America, Bradesco BBI, JPMorgan e Itaú BBA para assessorá-la em reorganização societária", observa em nota a Terra Investimentos. "Inter quer migração de sua base acionária para a Inter Platform, e, posteriormente, listar as ações da empresa nos EUA, segundo comunicado", acrescenta a Terra.

Destaque também para Yduqs (+9,82%) e Cogna (+4,68%), na ponta do Ibovespa na sessão. No lado oposto, CVC (-4,71%), Via (-4,06%), Rumo (-3,24%) e Magazine Luiza (-2,97%). "Hoje foi um dia morno, com o índice ainda lateralizado, sem muitos fatores que pudessem mexer com os preços", diz Braulio Langer, analista da Toro Investimentos.

 

AE