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Verão

Especial

Dólar tem nova alta e encosta em R$ 5,40 com exterior e risco fiscal

Ibovespa marca novos recordes intradia e de fechamento, terminando a 122.385,92 pontos

Moeda norte-americana encerrou a quinta-feira no nível mais alto desde 16 de novembro | Foto: Marcos Santos/USP Imagens / Divulgação / CP

O dólar teve pregão de fortalecimento generalizado no mercado internacional, após dias de queda, quando testou as mínimas em quase 3 anos. Ante o real, voltou a superar os R$ 5,40, em meio a novo desconforto com a situação fiscal do Brasil, com pressão em Brasília para aumentar gastos sociais diante do avanço da pandemia e flexibilizar o teto. Com isso, a moeda americana encerrou a quinta-feira no nível mais alto desde 16 de novembro (R$ 5,43) e foi grande a expectativa nas mesas de operação para atuação do Banco Central, o que acabou não ocorrendo.

No fechamento, o dólar à vista terminou o pregão em alta de 1,82%, cotado em R$ 5,3990. No mercado futuro, o dólar para fevereiro subiu 1,76%, a R$ 5,4150.

"A recuperação econômica melhor do Brasil se deu graças a um custo fiscal substancial", observa o estrategista do banco Société Générale, Dev Ashish. Assim, ele destaca que o espaço para elevar os gastos fiscais em 2021 é "não existente", ou seja, a situação que já é delicada e pior que outros emergentes, pode ficar ainda mais fragilizada, por isso a preocupação dos mercados, que tem se refletido no câmbio e na curva longa de juros, enquanto a Bolsa tem renovado recordes.

E nesta semana, o noticiário fiscal não vem ajudando, segundo o mercado financeiro. O deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), candidato à presidência da Câmara, defende prorrogar o auxílio emergencial ou aumentar o Bolsa Família, por causa do crescimento dos casos de coronavírus. Ao mesmo tempo, o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) revelou que a Consultoria de Orçamento e Fiscalização da Câmara dos Deputados propõe uma mudança no teto de gastos da União.

O economista do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Robin Brooks, comenta que os participantes do mercado estão vendo a situação fiscal do Brasil com o risco de a dívida ficar "fora de controle". O resultado é o real muito desvalorizado. O IIF estima que o preço justo da moeda brasileira é ao redor de R$ 4,50.

"O dólar se descolou da onda azul", destacam os estrategistas de moedas do banco Brown Brothers Harriman (BBH) ao comentar o Congresso controlado pelos democratas em Washington. Enquanto as bolsas em Nova York tiveram dia de recordes, a moeda americana teve pregão de recuperação, influenciada pela elevação dos juros dos Treasuries.

O euro subiu ajudado por indicadores europeus mais positivos, enquanto os investidores buscaram risco com a perspectiva de mais estímulo fiscal nos EUA e mais crescimento econômico. O Goldman Sachs elevou nesta quinta a projeção de crescimento americanos este ano de 5,9% para 6,4% e prevê novo pacote de US$ 750 bilhões neste primeiro trimestre.

Bolsa

A reta final foi de elevador. Mesmo com dólar a R$ 5,41 na máxima desta quinta-feira - apreciação que pode, caso se sustente, limitar a retomada do apetite de investidores estrangeiros, vista desde novembro, por ações brasileiras -, o Ibovespa conseguiu marcar nesta quinta novos recordes intradia e de fechamento, surfando o otimismo global com a aproximação da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, no dia 20. As cenas de intimidação vistas na quarta-feira no Capitólio deram lugar a banimento do presidente Donald Trump de redes sociais - no caso do Facebook, até o fim do mandato - e a "compromisso" do atual presidente com transição "ordeira", após o que foi visto como ato de sedição sem precedentes, passível de destituição do cargo.

Nem o alerta do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, de que o Brasil pode repetir adiante o que se viu neste fim de governo nos EUA, estragou o bom humor do mercado, o que resultou na pulverização dos recordes anteriores tanto no intradia como no fechamento, renovados continuamente na meia hora final dos negócios.

O alívio desde Nova Iorque contribuiu para que o índice da B3 alcançasse nesta quinta máxima histórica de fechamento, em alta de 2,76%, a 122.385,92 pontos, e novo pico intradia a 122.696,64 pontos, saindo de mínima na sessão a 119.100,76 pontos - uma variação de quase 3,6 mil pontos entre o piso e o teto do dia. O desempenho desta quinta correspondeu também ao maior avanço em porcentual desde 5 de novembro, quando o Ibovespa fechou em alta de 2,95%. Em 2021, o índice sobe 2,83%.

Assim como na quarta bem fortalecido, o giro financeiro totalizou R$ 43,6 bilhões, em dia mais uma vez puxado pelo bom desempenho das ações de commodities (Vale ON +7,02%, Petrobras PN +3,09%) e de siderurgia (CSN +6,44%, Gerdau PN +5,54%), com ajuda também de bancos (Itaú PN +4,06%), setor que é "porta de entrada dos investidores, em especial estrangeiros, em vista da liquidez e correlação com o Ibovespa", aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. "O índice atingiu a inédita faixa de 122 mil pontos e as ações do setor de commodities metálicas respondem por grande parte desse movimento, importantes na composição do Ibovespa e diretamente afetadas pelo quadro de estímulos nos EUA."

Há, contudo, matizes na "onda azul" nos EUA. "Os democratas venceram o Senado por uma margem mínima e isso significa que Biden não será capaz de realizar uma reforma tributária e regulatória abrangente", aponta em nota Edward Moya, analista da Oanda em Nova York, o que explica em parte a recuperação observada nesta quinta nas ações de tecnologia, com o Nasdaq em alta de 2,56% no fechamento, à frente de Dow Jones e S&P 500. Por outro lado, "uma transição ordeira significa que Biden poderá implementar rapidamente estratégia para esmagar o coronavírus, proporcionando mais estímulo econômico e movendo também sua agenda de gastos com infraestrutura", acrescenta o analista.

Com a demanda por ativos de risco, como ações e commodities, sendo alimentada pela expectativa por ainda mais liquidez global, apenas setores defensivos, como o elétrico e o de telecom, ou ainda muito debilitados pela pandemia, como o turismo, ficaram de fora da ascensão do Ibovespa nesta quinta-feira. Na ponta do índice, favorecidas pela alta do dólar na sessão, destaque para as ações de Suzano (+8,64%) e Klabin (+7,61%), enquanto, no lado oposto, sobressaíram CVC (-3,65%), Energisa (-3,57%) e CPFL Energia (-3,45%).

Juros

Os juros futuros encerraram a sessão regular em alta firme nesta quinta-feira, sob influência do temor de recrudescimento da crise fiscal no Brasil. O contrato para janeiro de 2022, o mais líquido, superou o nível de 3%, o que não ocorria no fechamento desde meados de dezembro.

O DI janeiro 2022 subiu de 2,949% no ajuste de quarta-feira para 3,030% (regular), na máxima do dia, e 3,020% (estendida). O janeiro 2023 avançou de 4,425% a 4,615% (máxima, fechamento da regular) e 4,605% (estendida). O janeiro 2025 saltou de 5,934% a 6,180% (máxima, regular) e 6,170% (estendida). O janeiro 2027 foi de 6,703% a 6,960% (regular e estendida). E o janeiro 2029 passou de 7,163% a 7,450% (regular) e 7,440% (estendida).

O debate fiscal brasileiro ganhou novo combustível depois de a Consultoria de Orçamento e Fiscalização da Câmara dos Deputados publicar nota técnica com uma proposta de mudança no teto de gastos da União.

Para Fabio Klein, da Tendências Consultoria Integrada, a proposta de flexibilização é "temerária, um desvio de rota".

E a ideia vem em um momento em que a pressão por mais gastos sociais se amplia, à medida que a pandemia de Covid-19 recrudesce. O Brasil bateu o nível de 200 mil mortes em decorrência da doença.

Na manhã desta quinta-feira, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) começou a coletar assinaturas para um requerimento em que defende uma convocação extraordinária do Congresso em janeiro. A intenção é votar um novo decreto de calamidade pública e a retomada do auxílio emergencial, além da universalização de uma vacina contra Covid-19.

A disputa pelas presidências da Câmara e do Senado, porém, dificulta a possibilidade de uma votação em janeiro. Em tempo, neste dia de forte estresse das taxas, o Tesouro foi a mercado para o primeiro leilão de prefixado e de LFT do ano.

Foram vendidas 16,8 milhões de LNT, ante oferta de 17,5 milhões, sendo 10 milhões para 1º/4/2022, 4,8 milhões de títulos para 1º/1/2023; e 2,032 milhões para 1º/7/2024. Já a de NTN-F foi aceita integralmente (3,8 milhões), sendo 3,5 milhões para 1º/1/2029 e 300 mil NTN-F para 1º/1/2031.

Já a oferta de 1 milhão de LFT foi absorvida também integralmente, sendo 152.150 papéis para 1º/3/2022 e 847.850 para 1º/3/2027.

AE