person Entrar

Capa

Notíciasarrow_rightarrow_drop_down

Esportesarrow_rightarrow_drop_down

Arte & Agendaarrow_rightarrow_drop_down

Blogsarrow_rightarrow_drop_down

Jornal com Tecnologia

Viva Bemarrow_rightarrow_drop_down

Verão

Especial

Em dia de fortalecimento do real, dólar tem baixa de 1,25% e termina em R$ 5,29

Com impulso proporcionado pelo exterior, Ibovespa manteve viés de alta e fechou aos 101.292,05 pontos

Juros fecharam em queda com leitura positiva do IPCA | Foto: Marcos Santos / USP Imagens / Divulgação / CP

O real teve dia de fortalecimento, recuperando terreno após o estresse da terça-feira, quando o dólar chegou a superar os R$ 5,40. A quarta-feira foi marcada pela recuperação das bolsas americanas, alta forte do petróleo e busca por ativos de risco nos emergentes.

Nesse ambiente, o risco-País caiu e a moeda norte-americana perdeu força de forma generalizada no mercado internacional, sobretudo nos países exportadores de commodities. As mesas de câmbio monitoram ainda a crescente onda de captações brasileiras no exterior, além da fila de mais de 50 nomes para ofertas de ações aqui.

Após cair na mínima do dia a R$ 5,27, o dólar spot terminou em baixa de 1,25%, cotado em R$ 5,2982. No mercado futuro, o dólar para liquidação em outubro recuava 1,17% às 17 horas, cotado em R$ 5,3040.

"Hoje foi um dia de ajuste", destaca o presidente da FB Capital, Fernando Bergallo. Investidores que vinham tomando posições mais defensivas, buscando refúgio no dólar antes do feriado e em meio à forte piora dos bolsas americanas, que tiveram três dias seguidos de queda acentuada, nesta quarta desfizeram parte deste movimento. Para ele, a tendência é que dólar ceda um pouco mais, ficando abaixo de R$ 5,30, desde que não ocorram eventos extraordinários. O noticiário doméstico tem sido positivo, com avanço das reformas, e o ambiente político está mais calmo.

A notícia que poderia estressar os mercados nesta quarta, da suspensão dos testes da vacina contra a Covid-19 pela AstraZenca, ficou em segundo plano. A leitura do mercado, diz Bergallo, é que eventos assim não são tão extraordinários no desenvolvimento de novos medicamentos.

As mesas de câmbio também têm monitorado a fila - que não para de crescer e já soma mais de 50 nomes - de empresas para abrir o capital na B3 ou das já listadas que querem fazer ofertas subsequentes de ações. Uma das candidatas é a Compass, controlada da Cosan, que poderá realizar este mês uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de até R$ 5 bilhões. Nas captações externas, a PetroRio começa rodada de apresentações para captar US$ 450 milhões.

O presidente da Genial Investimentos, Rodolfo Riechert, destaca que as empresas brasileiras só vão atrair o apetite do investidor global se a companhia for globalizada ou tiver num setor "bastante atraente" da economia. "Fundos olham para grandes ofertas globais", disse ele em Live.

A boa notícia é que o mercado doméstico se desenvolveu e o investidor local consegue absorver ofertas menores, de companhias com atuação mais segmentada em regiões ou cidades. Com mais participação doméstica nas ofertas, o impacto no câmbio é menor. "Não acho que são eventos que podem ter alívio no câmbio, pois não devem ter muito estrangeiro", destaca Bergallo.

Ibovespa

Com o impulso proporcionado pelo exterior, o Ibovespa manteve viés de alta ao longo desta quarta-feira, tendo alternado ganhos e perdas nos últimos quatro fechamentos, na estreita faixa de 100 a 101 mil pontos. Assim, o índice da B3 busca se reaproximar de ponto intermediário na faixa de flutuação de 99 mil a 103 mil pontos que tem prevalecido desde o começo de agosto, mês em que o Ibovespa acumulou perda de 3,44%, o primeiro de leitura negativa após a retomada iniciada em abril.

Nesta quarta, fechou em alta de 1,24%, aos 101.292,05 pontos, avançando até aqui 1,94% em setembro, com perdas no ano a 12,41%. O giro financeiro, moderado, ficou em R$ 23,5 bilhões na sessão, em que foram revertidas as perdas do dia anterior, de 1,18%, para acumular até aqui leve ganho de 0,05% na semana.

Após três dias de aversão a risco desde o exterior, liderada por forte correção nas ações de tecnologia em Nova York, o respiro nos ativos globais chegou também à B3 em sessão de poucos catalisadores domésticos que contribuíssem para dar direção aos negócios.

Assim, o Ibovespa saiu de mínima na abertura a 100.050,43 pontos e chegou, na máxima, aos 101.578,01 pontos, reaproximada por volta das 16h30, quando os índices de Nova Iorque, especialmente o Nasdaq, ampliavam ganhos. Dessa forma, correlacionado aos movimentos observados na capital financeira global, o Ibovespa não caiu nesta quarta abaixo de 100 mil no intradia, pela primeira vez desde 3 de setembro, o equivalente a quatro sessões. Desde 31 de agosto, quando fechou aos 99.369,15 pontos, o índice oscilou para baixo dos seis dígitos durante cinco de sete sessões no intervalo.

"Está faltando 'driver' doméstico, notícia nova que tire o Ibovespa desta faixa lateral em que tem se mantido - na ausência disso, surfamos hoje com o exterior. Muito em relação à crise e à situação fiscal já foi para o preço. E quanto à vacina, ainda que problemas tenham aparecido no teste da AstraZeneca, sabe-se que não é a única opção, então não chega a preocupar tanto", diz Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos, destacando também a leitura do IPCA, bem perto do esperado.

Na reversão parcial das perdas da abertura da semana, os ganhos na B3 nesta quarta-feira foram bem distribuídos por empresas e setores, com destaque para o de commodities, de grande peso na composição do índice, o que ajudou a compensar o fraco desempenho das ações de grandes bancos, muito atrasadas no ano e sem sinal único no fechamento do dia - ao fim, Bradesco ON (+0,25%) e Itaú PN (+0,12%) obtiveram leve ganho.

O setor de siderurgia foi o ponto alto do dia, com Usiminas em avanço de 6,36%, maior ganho da sessão na carteira Ibovespa, logo à frente de CSN (+4,98%) e Gerdau Metalúrgica (+4,93%). No fechamento, Vale ON apontava alta de 1,23%, Petrobras PN, de 2,11%, e a ON, de 2,22%, favorecidas por reversão parcial das fortes perdas do dia anterior na commodity fóssil. No lado negativo, Cogna cedeu nesta quarta 4,07%, IRB, 3,12%, e Gol, 2,70%.

As ações da AstraZeneca chegaram a enfrentar pressão de vendas na noite de terça, com a notícia de que uma séria intercorrência em participante de teste com a vacina desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford levou à interrupção da fase 3 de experimento clínico. A vacina, uma das que estão em estágio mais avançado de desenvolvimento, é uma das esperanças de que uma alternativa de imunização esteja disponível em 2021.

Contudo, em desdobramento positivo para a retomada da exposição a risco nos mercados globais nesta quarta-feira, o noticiário sobre a vacina foi favorável, revertendo os temores da noite anterior. De acordo com fontes próximas à questão citadas pelo Financial Times, os testes clínicos da AstraZeneca podem voltar já na próxima semana, com a revisão sobre as reações adversas que teriam ocorrido em participante. A suspensão foi descrita como "temporária" e uma "ação de rotina". A paciente do teste poderia ter alta ainda nesta quarta-feira, segundo Pascal Soriot, CEO da empresa farmacêutica.

Juros

Os juros futuros fechara o dia em queda nesta quarta-feira, influenciados pelo apetite ao risco no exterior, queda do dólar e dados de abertura do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto. O recuo, porém, era mais acentuado pela manhã. À tarde, as taxas reduziram o ritmo na última hora de negócios, sobretudo nos vencimentos de longo prazo, em função das operações relacionadas ao leilão de títulos do Tesouro na quinta-feira, que um dia antes costumam pressionar as taxas. Ainda, um leilão mal sucedido de T-Note de dez anos, que inclinou mais a curva americana, teria respingado também por aqui.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 2,79%, de 2,833% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 4,044% para 4,00%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 5,79%, de 5,844% na terça, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 6,793% para 6,74%.

No leilão do Tesouro americano, a oferta era de US$ 35 bilhões. O banco BMO Capital diz que a taxa bid-to-cover, um indicativo da demanda, ficou em 2,30, abaixo da média recente de 2,43, e aponta que depois do leilão a curva americana ficou mais inclinada.

No Brasil, a perda de fôlego de queda sobretudo na ponta longa no fim do dia acabou por zerar o movimento de redução de inclinação visto até o começo da tarde, quando as taxas batiam mínimas, e os diferenciais nas principais medidas de trava fecharam praticamente nos mesmos níveis de terça. É o caso do spread entre os vértices janeiro de 2023 x janeiro de 2027 que passou de 275 pontos-base na terça para 274 pontos.

O maior apetite pelo risco global nesta quarta-feira resultou em bom desempenho do real ante o dólar, favorecendo a redução dos prêmios na curva, com destaque para os vértices mais longos que depois arrefeceram. Os demais trechos responderam à abertura considerada benigna do IPCA, com núcleos abaixo do esperado e forte queda (-0,47%) nos preços de serviços, a maior deflação para o setor no Plano Real, segundo o Banco BV. Assim este segmento conseguiu limitar o impacto da alta de 0,78% de Alimentação no índice cheio, que subiu 0,24% no mês passado, praticamente em linha com a mediana das estimativas (0,25%).

A despeito do risco de os preços de alimentos continuarem subindo em função de um contágio dos IGPs, por sua vez pressionados por elevação das commodities e do dólar, prevaleceu a percepção de que o choque tem natureza na oferta e não da demanda, e, com isso, nada mudaria para na política monetária. Tanto que na curva a precificação de Selic nos próximos meses praticamente não mudou em relação ao dia anterior, com o mercado amplamente posicionado para a manutenção da Selic em 2% no Copom da semana que vem.

Nesta quinta, a expectativa é por mais um lote grande na oferta dos papéis no leilão, embora talvez não tanto quanto na semana passada, quando a instituição vendeu, entre LTN e NTN-F, mais de 30 milhões de títulos

AE