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Verão

Especial

Em dia de volatilidade, dólar encerra com alta, em R$ 5,59

Bolsa fechou em baixa de 0,49%, em uma terça-feira de perdas acima de 1% em Nova Iorque

Entre a mínima e a máxima do dia, o dólar oscilou 13 centavos | Foto: Marcos Santos / USP Imagens / Divulgação / CP

O dólar teve dia de forte volatilidade. Caiu a R$ 5,48 pela manhã e foi a R$ 5,61 no final da tarde. Mais cedo, a trégua acertada entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ajudou a fortalecer o real, mas nos negócios da tarde foi o noticiário externo que ditou o ritmo das cotações. Primeiro veio o alerta do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a necessidade de estímulos fiscais para reaquecer a economia americana, que está perdendo fôlego. Em seguida, o dólar voltou a superar R$ 5,60 quando Donald Trump anunciou ter instruído os republicanos a pararem as negociações para o pacote emergencial até depois das eleições.

No fechamento, o dólar à vista encerrou em alta de 0,50%, cotado em R$ 5,5952. No mercado futuro, o dólar para novembro subia 0,34% às 17h, cotado em R$ 5,5980. Entre a mínima e a máxima, o dólar oscilou 13 centavos. Primeiro, a reconciliação entre Maia e Guedes foi recebida com alívio pelas mesas de operação, uma sinalização que as coisas podem começar a andar novamente no Congresso e as reformas voltarem à pauta principal.

Para o estrategista chefe da Infinity Asset, Otávio Aidar, o jantar ontem dos dois ajudou a clarear o ambiente, mostrando que as lideranças estão falando a mesma língua. Até a semana passada, Maia e Guedes vinham publicamente trocando farpas, no que o economista Delfim Netto chamou nesta tarde de passagem para a maioridade após terem agido como crianças. Mas os investidores andam tão mal humorados com o Brasil que é preciso mais no lado fiscal, ressalta Aidar. "Se o Brasil der sinalização crível que vai cumprir o teto e vai ter responsabilidade fiscal, o mercado melhora", afirma ele. "O real tem apanhado bastante. Tudo tem girado em torno do fiscal no mercado doméstico", destaca.

Ainda sobre a questão fiscal, o senador Marcio Bittar (MDB-AC) havia prometido divulgar nesta quarta-feira detalhes sobre o financiamento do Renda Cidadã, mas adiou a apresentação para a próxima semana.

Já a declaração de Powell ao pedir mais estímulos fiscais ajudou a piorar o mercado internacional de moedas, ressalta o estrategistas da Infinity. O dólar passou a ganhar força ante moedas fortes e emergentes, movimento que se acelerou após o pedido de Trump aos republicanos de pararem as negociações até depois das eleições, em 3 de novembro. "As moedas desabaram quando Trump tirou o plugue das conversas sobre os estímulos", observa a diretora da BK Asset Management, Kathy Lien. O inesperado anúncio, avalia ela, pode desencadear um movimento maior de aversão a risco no mercado financeiro mundial. Uma das evidências é que o dólar ganhou força de forma generalizada e o iene foi uma das poucas divisas a se valorizar. A moeda japonesa se transformou no maior porto seguro dos mercados em momento de fuga do risco.

Ibovespa

No exterior, a renovação da expectativa por vacina para Covid-19 e, aqui, a trégua entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), firmada em jantar na noite de ontem, encaminhavam o Ibovespa a emendar sessão positiva, após o avanço de 2,21% na anterior, que havia sido o maior desde 1º de setembro. No meio do caminho, a rejeição do presidente dos EUA, Donald Trump, à proposta de pacote fiscal dos democratas e a orientação dada aos republicanos de que suspendam as conversas sobre novos estímulos até a eleição de 3 de novembro, inverteram o sinal em Nova York, levando consigo o Ibovespa, que depois passou a limitar as perdas em relação à referência americana, chegando mesmo a oscilar de volta a terreno positivo antes do encerramento.

Ao final, com queda em Nova Iorque acima de 1%, o índice da B3 apontava baixa de 0,49%, a 95.615,03 pontos, com mínima a 95.211,05, saindo de 96.091,15 na abertura. Na máxima desta terça-feira, o Ibovespa retomou o nível dos 97 mil pela primeira vez desde 25 de setembro, hoje aos 97.404,54 pontos. O giro financeiro de hoje, a R$ 26,9 bilhões, superou com folga o do dia anterior, que havia ficado abaixo de R$ 22 bilhões. Na semana, o índice avança 1,70%, com ganho a 1,07% em outubro e perda a 17,32% no ano.

Contribuindo para que o Ibovespa amenizasse o ajuste ante Nova Iorque na sessão, o senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC do Pacto Federativo e também do Orçamento para 2021, disse hoje esperar que possa apresentar, na próxima semana, e não amanhã, parecer sobre o Pacto e sobre a PEC Emergencial com Renda Cidadã. "Vamos gastar mais uns dias com o Renda Cidadã para ter algo consensuado", explicou o senador.

Mais cedo, a indicação do presidente Jair Bolsonaro de que não daria aval a qualquer opção de financiamento sobre o Renda Cidadã antes da eleição municipal de novembro, por um lado, fez supor elaboração mais cuidadosa da proposta que virá a ser apresentada, mas, por outro, deixa a questão em aberto, uma incerteza que incomoda o mercado, atento às idas e vindas na costura do programa.

Após a sinalização ontem, de Bittar, de que a solução para o auxílio social ficará dentro do teto e terá o "carimbo" de Guedes, "é preciso uma resposta efetiva do governo, com o avanço da agenda de reformas, para o prêmio da curva de juros ser devolvido e justificar um maior alívio com relação ao rumo do fiscal", aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. "Apesar das pazes entre Maia e Guedes, existem muitas dúvidas sobre a forma de financiamento do Renda Cidadã e os investidores aguardam na defensiva pelo projeto", acrescenta o analista.

Na primeira metade da sessão, em desdobramento positivo no exterior, a Agência Europeia de Medicamentos informou que foi iniciada análise de estudos laboratoriais da BNT162b2, alternativa contra a Covid-19 desenvolvida em conjunto pelas farmacêuticas BioNTech e Pfizer, que poderá acelerar o processo de aprovação da vacina, o que contribuía para ganhos incrementais nesta terça-feira nas bolsas europeias e também em Nova Iorque, até a reaparição de Trump bloqueando a discussão sobre novos estímulos nos EUA.

Até então, o desempenho da B3 nesta terça-feira era mais uma vez beneficiado por avanço das ações de Petrobras, embora em grau mais acomodado do que no dia anterior, e de bancos. Ao final, Petrobras PN e ON mostravam perda de 0,50% e 0,65%, respectivamente, enquanto os ganhos entre os bancos, bem moderados, ficaram restritos a Itaú (+0,18%) e Santander (+0,25%).

Na ponta do Ibovespa, destaque para o segmento de viagens e turismo, com CVC em alta de 9,34%, e Gol, de 7,30%, ambas com ganhos na casa de dois dígitos até a fala de Trump, limitados então assim como Azul, em avanço de 6,50% no fechamento. Nesta sessão, o setor foi estimulado pela expectativa em torno de vacina, para breve, em um quadro de estagnação durante a pandemia que depreciou acentuadamente os papéis deste segmento de serviços associado à mobilidade.

Juros

O alívio da curva de juros, em meio à aparente pacificação entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), durou somente até o começo da tarde, quando então as taxas inverteram a queda e passaram a segunda etapa com alta de mais de 15 pontos-base nos principais contratos. Um conjunto de sinais vindo de Brasília desencadeou um movimento de realização de lucros que recolocou na curva boa parte dos prêmios queimados ontem. Entre eles, um possível adiamento da definição sobre o programa Renda Brasil para depois das eleições municipais por decisão do presidente Jair Bolsonaro. Para piorar, a poucos minutos do fim da sessão regular, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que não somente rejeitou a proposta dos democratas em relação ao pacote fiscal como também instruiu os republicanos a pararem de negociar até a eleição presidencial de 3 de novembro.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,35%, de 3,234% ontem no ajuste e a do DI para janeiro de 2023 encerrou em 4,82%, de 4,675% ontem. A do DI para janeiro de 2025 fechou em 6,66%, de 6,514% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 7,55%, ante 7,444% ontem no ajuste.

"O mercado se excedeu no otimismo com Maia e Guedes fazendo as pazes e achou que tudo tinha voltado ao normal. Mas a verdade é que o Tesouro continua precisando tomar um caminhão de dinheiro nos leilões", disse um gestor para quem atualmente os juros são o pior ativo para investir. "O dólar sofre menos porque é crescente a ideia de que o BC vai ter de voltar a subir a Selic no curto prazo", completou.

Um dos motivos para o mercado "voltar à realidade" à tarde teria sido a notícia, divulgada pelo colunista da GloboNews Valdo Cruz, de que Bolsonaro teria dito a interlocutores que avalia deixar a definição sobre o financiamento para o Renda Cidadã para depois das eleições municipais. Com isso, segundo o colunista, o presidente evitaria gerar notícias negativas para seus candidatos e aliados no pleito.

"Temos de separar o que é ruído do que é sinal. Quando Bolsonaro diz que prefere adiar a definição para depois da eleição, ele dá sinais de que prefere abrir mão do que é urgente", afirmou o gestor de renda fixa da Sicredi Asset Cassio Andrade Xavier, que, no entanto, afirma ainda acreditar numa solução razoável para o Renda Cidadã e no viés reformista do Congresso. Para Xavier, o mercado deve ficar nessa indefinição por algum tempo, "pois não há bala de prata para resolver a questão fiscal num horizonte de curto prazo" mas também não vê "nenhuma bomba".

De maneira geral, o mundo da política trouxe hoje várias notícias que reforçaram a percepção de que pouca coisa deve andar em termos da pauta fiscal e de reformas nas próximas semanas, contribuindo para a redução das posições vendidas. A começar pelo adiamento da entrega do relatório sobre o Renda Cidadã, prevista para amanhã. O senador Márcio Bittar (MDB-AC) afirmou que a proposta deve ser entregue apenas na semana que vem. Além disso, a análise de vetos do presidente no Congresso ficou para o dia 4 de novembro, entre eles o da desoneração da folha salarial e do novo marco do saneamento básico. Por fim, o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), cancelou pela segunda vez a instalação da Comissão Mista de Orçamento (CMO), marcada para hoje.

Além da influência negativa do quadro doméstico, a virada das taxas no fim da manhã se deu também pela piora do desempenho das moedas emergentes ante o dólar. E, já no fim da sessão regular, a declaração de Trump pegou o mercado de juros já deteriorado, o que fez as taxas ampliarem a queda de forma moderada, fazendo estragos maiores na Bolsa e no câmbio.

AE