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Verão

Especial

Em renovação de máximas, Bolsa fecha aos 115 mil pontos e dólar fecha em leve alta

Com volume baixo de negócios no mercado, moeda americana terminou quinta-feira a R$ 4,06

Foi perto do fim da sessão que Ibovespa mostrou ganho de 0,71% | Foto: Marcos Santos/USP Imagens / CP

Com as duas últimas semanas do ano essencialmente mais vazias, de agenda muito enfraquecida e giro financeiro reduzido, o ano se aproxima do fim na meta de 115 mil para o Ibovespa, em meio a sinais mais positivos que chegam da economia brasileira e a algum degelo na disputa EUA-China. Nesta quinta-feira, perto do fim da sessão, o principal índice da B3 foi a 115.132,01 pontos, em novo pico histórico intradia, sob impulso de forte leitura do Caged em novembro, quando a geração de 99.232 vagas de trabalho foi a maior para o mês desde 2010, ano em que o PIB cresceu 7,5%.

No fechamento, o Ibovespa voltou a acentuar alta e giro financeiro, encerrando bem perto da máxima da sessão. No final, o índice mostrava ganho de 0,71%, aos 115.131,25 pontos, em máxima histórica de encerramento pela terceira sessão consecutiva, após duas outras quebras na semana passada. O volume financeiro totalizou R$ 22 bilhões, alto no encerramento, embora mais comportado do que o excepcional giro do dia anterior, quando venceram opções sobre o índice. Na semana, o Ibovespa acumula agora ganho de 2,28%, avança 6,37% no mês e 31,00% no ano.

A ascensão do índice se mostrou mais aguda a partir da divulgação do Caged, que contribui para reforçar a percepção de retomada mais sustentada da economia e suscita também algum ajuste, para cima, na curva de juros, com olhar atento para a inflação após o avanço observado no índice de preços no mês, e ao que o Copom poderá fazer a partir de fevereiro, tendo em vista Selic já na mínima histórica de 4,5%.

Fatores de risco político, como a investigação contra Flávio Bolsonaro, agora em estágio mais avançado, e a aprovação, nos EUA, do impeachment do presidente Donald Trump - ainda que apenas na Câmara, de maioria democrata - permanecem longe das preocupações, no momento. Em NY, os três índices de referência seguiram em alta nesta quinta-feira, renovando conjuntamente máximas históricas nesta semana.

No Brasil, "os indicadores da economia sinalizam PIB mais para 3% do que para 2% em 2020", diz Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante, acrescentando que a elevada ociosidade no mercado de trabalho, apesar da recuperação na geração de vagas observada ao longo de 2019, deve manter a inflação em grau ainda acomodado no próximo ano, mesmo com a Selic na mínima histórica.

Dólar

O mercado de câmbio teve um dia de volume baixo de negócios e oscilações contidas. Operadores relatam que o mercado cambial teve um dia típico de final do ano, ao contrário da Bolsa, que seguiu renovando recordes e superou os 115 mil pontos. A maior parte do movimento de remessas das empresas e fundos para o exterior já ocorreu e os traders monitoram eventos como os próximos passos das negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China, com declarações da Casa Branca sinalizando assinatura do acordo "fase 1" em janeiro. O dólar à vista fechou em leve alta de 0,06%, a R$ 4,0622. No mês, o dólar acumula queda de 4,20%. O dólar futuro para janeiro terminou estável, em R$ 4,0640.

A agenda até que foi forte hoje, aqui e lá fora, com reuniões de política monetária de vários bancos centrais, como Suécia, México e Inglaterra. No mercado doméstico, o Caged surpreendeu, com a maior criação de vagas em novembro desde 2010, e o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) apontou para maior fôlego da atividade. Mesmo assim, o câmbio operou de lado, de olho nos eventos de 2020, ressalta um trader. A moeda oscilou entre R$ 4,0519 a R$ 4,0700.

O analista de moedas do Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC), Luis Hurtado, espera que o real ganhe força ante o dólar em 2020, em um ambiente de maior crescimento doméstico e cenário externo menos adverso. "A situação doméstica parece estar melhorando", afirmam em relatório nesta quinta-feira.

Com as privatizações, a perspectiva do banco canadense é que aumente a entrada de capital externo em 2020, o que deve ajudar a retirar pressão no câmbio. Para o CIBC, a moeda americana deve cair para R$ 3,90 no primeiro trimestre. Um dos limitadores para uma maior apreciação ao real é o nível historicamente baixo de juros no País, o que deixa os ativos financeiros no país menos atrativos para o investidor internacional. Por isso, a moeda americana tende a terminar o próximo ano em R$ 4,00.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou hoje que houve descolamento do real em relação às moedas de outros países emergentes, mas o movimento já chegou ao fim. "O real teve uma depreciação parecida com a de outros países emergentes, depois descolou, e agora voltou a ter uma variação parecida com essa cesta de moedas", completou.

Juros

O movimento de alta dos juros futuros ganhou força à tarde, após a divulgação do saldo positivo de criação de vagas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de novembro bem acima do esperado. O resultado reforçou a cautela em relação ao futuro da Selic, ao endossar a mensagem da ata do Copom, do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado hoje e das declarações recentes de membros do Banco Central, de que a retomada da economia está ganhando "tração". Ainda que tais fatores ajudem a explicar a pressão sobre as taxas curtas e intermediárias, as que mais subiram foram as do trecho longo, efeito, segundo fontes nas mesas de renda fixa, de fatores técnicos típicos desta época de fim de ano.

O aumento da pressão sobre a curva chamou a atenção porque não foi acompanhado pela Bolsa nem pelo câmbio. Com a curva ganhando inclinação, as taxas longas abriram cerca de 15 pontos-base e a do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 voltou a romper o patamar dos 7% pela primeira vez desde 2 de outubro. Fechou a sessão regular em 7,02% e a estendida em 7,05%, de 6,901% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2023, que não subia acima de 6% desde 27 de novembro, terminou em 6,06% (regular e estendida), de 5,922% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2021 fechou em 4,66% (regular) e 4,67% (estendida), de 4,601% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,72% (regular e estendida), de 6,562% ontem.

O RTI e as declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, se não chegaram a exercer influência direta sobre as taxas, ao menos mantiveram a percepção que, se o ciclo de corte de juros já não acabou, está quase no fim.

As apostas se tornaram ainda mais conservadoras com os dados do Caged, após os quais as taxas passaram a renovar máximas em sequência. O saldo de 99.232 postos de trabalho em novembro foi o melhor resultado para o mês desde 2010, superando com folga o teto das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast (67,8 mil vagas).

"Em que pese que o mercado de trabalho vem passando por mudanças estruturais via novas tecnologias e novos arranjos jurídicos, logo as vagas criadas não representam uma elevação de renda forte no primeiro momento, é evidente que o mercado de trabalho está se recuperando após um longo inverno", disse o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

Nesse contexto, seria esperado que a ponta longa ficasse mais bem comportada, mas, ao contrário, foi o trecho mais pressionado. O ganho de inclinação não teve respaldo no noticiário e, uma vez também que o estresse ficou restrito ao mercado de juros, a explicação passa por fatores técnicos, em especial dois grandes fundos que teriam reduzindo posições vendidas, distorcendo os preços.

AE