Entre 1993 e 2014, houve mudanças no comportamento das variáveis demográficas da população em função da redução dos níveis de fecundidade associada à queda da mortalidade. Essas mudanças refletiram no mercado de trabalho, com aumento do número de idosos e redução da população jovem. As informações sobre as mudanças demográficas e seus reflexos no mercado de trabalho fazem parte de um estudo divulgado nesta quinta pela Fundação de Economia e Estatística (FEE).
A pesquisa revelou que, do total de idosos, 15,9% seguem no mercado de trabalho — os demais (84,1%) encontram-se na condição de inatividade. Dos inativos, 83,3% recebem aposentadoria e 16,2% não possuem o benefício. Do montante de idosos ainda ativos, 48,4% recebem, além do salário, aposentadoria ou pensão. Para 26,1%, no entanto, manter-se no mercado de trabalho é a única alternativa, já que não contribuíram com a Previdência.
Enquanto que 14,1% da população ocupada total da Região Metropolitana da Capital trabalha como autônoma, na população idosa, esse percentual dobra: 30,6% dos idosos ativos no mercado de trabalho são autônomos. Apesar do aumento na população, o número de idosos empregados com carteira assinada evoluiu pouco nos últimos 20 anos. Em 1993, 32,3% tinham emprego assalariado com carteira. Em 2014, o percentual passou para 34%.
O diferencial de rendimento por sexo é mais intenso entre os idosos. Em 2014, a trabalhadora idosa recebia R$1.619, o que corresponde a 69,5% da remuneração masculina (R$2.328). Enquanto isso, no total da população ocupada, elas recebem em média (R$1.605) o equivalente a 75,2% do rendimento dos homens (R$2.133).
O processo de envelhecimento da população brasileira é um dos fenômenos mais significativos da atualidade. A partir dos anos 1990, em consequência das alterações na dinâmica demográfica, o envelhecimento é um movimento em franca expansão, acompanhando o que já se observava em âmbito mundial. Nos países desenvolvidos, esse processo deu-se de forma gradual, ao longo de mais de um século. Em diversos países em desenvolvimento como o Brasil, no entanto, o processo vem ocorrendo rapidamente, em um ambiente socioeconômico pouco favorável à expansão de um sistema de proteção social para todos os grupos etários, em especial para os idosos.
Correio do Povo