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Verão

Especial

Real tem novo dia de fortalecimento e dólar fecha em R$ 5,29

Bolsa limita queda a 1,17%, em dia de forte correção em Nova Iorque e termina aos 100.721,36 pontos

Nos últimos seis pregões, o dólar só subiu em um, acumulando queda de 6% | Foto: Marcos Santos / USP Imagens / Divulgação / CP

O real teve novo dia de fortalecimento, operando novamente descolado das moedas emergentes, que nesta quinta-feira se desvalorizaram em sua maioria ante o dólar, e também descolado dos ativos domésticos, com a Bolsa fechando em queda acompanhando a realização de ganhos em Nova Iorque, e o risco-País subindo. O noticiário local positivo, marcado pela apresentação da reforma administrativa e pelo forte crescimento da produção industrial brasileira em julho, teve peso determinante para a queda do dólar hoje, a terceira consecutiva, de acordo com profissionais nas mesas de câmbio.

No mercado à vista, o dólar fechou em baixa de 1,15%, cotado em R$ 5,2960 - o menor valor desde 5 de agosto. No mercado futuro, o dólar para liquidação em outubro cedia 0,97%, cotado em R$ 5,2940 às 17h.

"O Brasil é hoje a única história de reformas na economia mundial", destaca um gestor de hedge fund em Nova Iorque, citando a apresentação da reforma administrativa, a aprovação do marco regulatório do gás na Câmara e a expectativa de avanço da reforma tributária. Para ele, esse é o principal motivo que tem feito o real operar descolado de outras moedas emergentes nos últimos dias, devolvendo parte da forte desvalorização registrada em agosto.

"Atribuo o comportamento o dólar esta semana principalmente ao noticiário positivo local", reforça um diretor de tesouraria. Se as notícias domésticas têm agradado ao mercado, este executivo comenta que o mesmo não vem ocorrendo em outros emergentes, como a Turquia e África do Sul, ambos com fundamentos frágeis. Na Turquia, por exemplo, a atuação do governo para conter a sangria da lira, que hoje atingiu piso histórico ante o dólar, vem sendo questionada pelos economistas e investidores, e a inflação anual está perto de 12%.

Nos últimos seis pregões, o dólar só subiu em um, acumulando queda de 6%. "Prevalece o clima de otimismo com a apresentação da reforma administrativa e com os dados positivos da produção industrial", afirma o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer. O indicador cresceu 8% em julho ante junho. "O crescimento mais forte que o esperado em julho reforça a sinalização de que a economia local tem se recuperado fortemente no terceiro trimestre", afirma a consultoria inglesa Capital Economics.

No exterior, o dólar subiu ante a maioria das moedas emergentes e no final da tarde passou a cair ante divisas fortes, ajudado por dados fracos de serviços de agosto. Para os economistas do banco CIBC Capital Markets, é mais um indício de perda de fôlego da recuperação da economia americana. A expectativa agora é para a divulgação amanhã do relatório de emprego dos EUA, conhecido como payroll.

Ibovespa

Com o gatilho proporcionado por forte realização de lucros em Nova Iorque, o Ibovespa encadeou nesta quinta-feira a segunda sessão negativa, agora em padrão mais volátil, saindo de máxima pela manhã aos 103.225,58, em alta, para perda de 1,17% no fechamento, aos 100.721,36 pontos, passando por mínima a 99.750,80 pontos (-2,12%) no meio da tarde. Ontem, em leve baixa de 0,25% no encerramento, o índice havia oscilado pouco menos de 2 mil pontos entre a mínima e a máxima, saindo de ganho de 2,82% no dia anterior - o maior desde 8 de junho (3,18%) -, no qual, como hoje, também chegou a perder a linha dos 100 mil no pior momento. O Ibovespa teve desempenho negativo em três das últimas quatro sessões.

O giro financeiro, muito reforçado, totalizou R$ 37,9 bilhões - na semana, o índice cede 1,39% e, no ano, 12,90%, mas neste começo de setembro tem avanço de 1,36%.

Na sequência de renovações de máximas históricas no S&P 500 e no Nasdaq, associada tanto à fartura de liquidez como a notícias corporativas favoráveis, especialmente no setor de tecnologia, a correção observada nesta quinta-feira em NY chama atenção para a extensão do rali proporcionado por juros em mínimas históricas ao redor do mundo, no contexto de esforços conjuntos de governos e dos maiores BCs para recuperar a economia global, ainda em meio à pandemia e sem vacina à vista.

Hoje, o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, defendeu mais estímulos fiscais nos EUA, no momento em que democratas e republicanos mantêm impasse - que tende a persistir com a aproximação da eleição de novembro, e diferença agora na casa de um dígito na preferência do eleitor por Joe Biden ou Donald Trump.

Desde cedo, a correção em Nova Iorque parecia algo desproporcional a um indicador que, embora importante e acompanhado pelo mercado, não costuma fazer tanto preço: o índice de atividade de serviços do Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), que perdeu dinamismo em agosto ante julho. Ontem, por sinal, Wall Street havia esnobado a leitura sobre a geração de vagas no setor privado em agosto, antes dos dados oficiais, amanhã, levando na quarta-feira S&P 500 e Nasdaq a novos picos.

"Tivemos uma agenda doméstica mais fraca hoje e isso contribuiu muito para correlacionar ao exterior, com realização lá e aqui também. A reforma administrativa é uma iniciativa boa, mas que demanda tempo: a situação fiscal sem dúvida permanecerá no radar. Estamos há dois meses da eleição americana e isso traz certamente incerteza, não só pela expectativa por quem vencerá, mas também pelo que significará para a relação EUA-China", aponta Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

Assim, como previam analistas desde a virada do semestre, a tendência a maior volatilidade nos ativos americanos ingressa de vez no monitor brasileiro neste começo de setembro, quando o receio com a situação fiscal parecia um pouco menor, em meio a iniciativas como a reforma administrativa, a redução do auxílio emergencial a R$ 300 até o fim do ano e o adiamento da discussão sobre o Renda Brasil.

A Bolsa, contudo, vinha mostrando resiliência maior do que dólar e juros aos temores sobre o destino fiscal do País - hoje, a moeda americana fechou em baixa de 1,15%, a R$ 5,2960, acumulando até aqui perda de 2,20% na semana e de 3,37% no mês; o ajuste no câmbio contribuiu para que os juros futuros renovassem mínimas do dia na reta final da sessão regular.

Entre os desempenhos negativos da sessão, destaque para queda de 3,26% em Vale ON, após pedido do Ministério Público Federal de intervenção judicial para garantir segurança de barragens. Com pedido de liminar, a ação civil pública tem por objetivo exclusivo as "funções corporativas encarregadas da elaboração e implementação de planos e políticas de segurança interna da empresa". "O MPF quer que seja nomeado um interventor judicial para identificar, em até 15 dias, os diretores e demais gestores da alta administração que deverão ser afastados de seus cargos, a fim de possibilitar que o interventor assuma todos os trabalhos atinentes à sua atividade", acrescenta comunicado.

Destaque também para ajuste negativo nas ações de varejo, como Lojas Americanas (-5,22%), Via Varejo (-6,89%) e Magazine Luiza (-5,36%), entre as maiores perdas da carteira Ibovespa na sessão, mas ainda com sólido desempenho no ano (respectivamente, ganhos de 19,15%, 71,80% e 86,59%), em dia no qual os bancos, ainda muito atrasados em 2020, foram decisivos para dar algum suporte ao índice: Bradesco PN subiu hoje 3,93% e Itaú Unibanco, 2,43%, ainda acumulando perdas, respectivamente, de 32,69% e 30,58% no ano.

<b>Juros</b>

 

Os juros fecharam em baixa, influenciados pela queda do dólar e leitura positiva do envio da reforma administrativa ao Congresso. As taxas longas caíram um pouco mais que as outras, com a curva dando sequência a movimento de desinclinação gradual visto nos últimos dias. O destaque da agenda, o crescimento da produção industrial perto do teto das estimativas, fez pressão pontual na abertura, sendo absorvido posteriormente e não alterou o quadro de apostas para a Selic nos próximos meses. A quinta-feira teve ainda mais um megaleilão do Tesouro Nacional, que vendeu quase 31 milhões de títulos prefixados, sendo a maior operação em termos de risco (DV01) desde 2016.

 

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 caiu de 2,833% para 2,79% e a do DI para janeiro de 2023, de 4,014% para 3,96%. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 5,76%, de 5,824% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 recuou de 6,793% para 6,72%.

 

O DI mais líquido foi o janeiro de 2024, que fechou com taxa de 5,02%, de 5,064% ontem, e cerca de 360 mil contratos, mais do que o dobro da média diária de 160 mil dos últimos 30 dias. A liquidez farta neste vértice hoje não é por acaso, pois coincide com o vencimento de LTN (1/1/2024) mais ofertado pelo Tesouro no leilão, com 15 milhões de títulos. Outros 12 milhões foram vendidos para 1/10/2021 e mais 3,5 milhões para 1/10/2022, totalizando 30,5 milhões. Nas NTN-F, a oferta era de 450 mil, mas foram vendidas 300 mil. Em termos de risco, o DV01 somou R$ 6,03 bilhões nos últimos quatro anos, segundo a Renascença DTVM.

 

Mesmo grande, o leilão não foi empecilho para a queda das taxas nesta quinta-feira, graças em boa medida ao dólar, que à tarde chegou a cair a até R$ 5,2735, puxando as mínimas do DI na reta final da sessão regular. Além da correlação natural entre os dois ativos, o dólar em níveis mais baixos representa alívio para a inflação dos IGPs, que já começava a dar sinais de contágio para os IPCs. "O real indo bem melhora as expectativas de inflação e isso ajuda a curva", afirmou o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito. A moeda à vista fechou cotada em R$ 5,2960.

 

Quanto à reforma administrativa, a repercussão é positiva mais pela sinalização do que por apostas em efeitos práticos de curto prazo. "A reforma não traz benefícios para os próximos meses e ainda há muita água para passar debaixo da ponte", disse Perfeito. A proposta valerá só para futuros servidores e acaba com a estabilidade de boa parte do funcionalismo público, um ponto que já está gerando tensão com sindicatos das categorias, cujo lobby no Congresso é muito forte.

 

 

 

AE