Apesar de não concordarem com o acordo firmado pelo governo com alunos representados por uniões estudantis, os dissidentes deixaram o local com a intenção de levar a proposta aos colegas que estavam na Sefaz. Segundo o secretário, no entanto, não houve tempo para que a secretaria informasse outros órgãos do governo, como a BM, sobre a tentativa de acordo.
“Nós estávamos, no mesmo momento da ocupação, fechando um acordo na vara processual com os estudantes que concordaram (em desocupar escolas) — ligados à Ubes, à Unes e Umespa. E o outro grupo também tinha alguns representantes lá, para quem oferecemos e apelamos até, naquela audiência: ‘corram lá, digam que estamos conversando e vamos acertar, saiam voluntariamente’. Mas não houve tempo suficiente. Aquele episódio fugiu um pouco do controle, não houve como fazer um diálogo para evitar. Porque sempre trabalhamos viu, e fomos incansáveis na tentativa de compatibilizar o direito à manifestação com o da educação”, afirmou.
Os estudantes que ocuparam a Sefaz reivindicavam uma reunião com o governador José Ivo Sartori, mas apenas a Brigada Militar tentou negociar no local. Diante da negativa dos manifestantes, o Comando afirmou ter sido necessário retirá-los à força. Além da prisão dos maiores de idade e apreensão de dezenas de menores, um jornalista e um cinegrafista que estavam no interior do edifício foram detidos. As imagens registradas pelos dois mostram adolescentes sendo arrastados pelos PMs e atingidos com spray de pimenta nos olhos. O Conselho Tutelar considerou a ação desproporcional, enquanto o governo, em nota, endossou as medidas tomadas pela BM.
O secretário da Educação ponderou que, após o acirramento dos conflitos durante a semana, o episódio deve ser usado como exemplo para “distensionar as mobilizações de professores e estudantes”. Alcoba acredita que foram abertos espaços para conciliação com os dois grupos, nos próximos dias. Os professores devem avaliar a primeira proposta do governo para possível encerramento da greve. Já os estudantes que se negaram a deixar escolas ocupadas têm nova reunião com a secretaria na próxima terça-feira.
Bibiana Borba/Rádio Guaíba