Cicloativistas, representantes de entidades que defendem o uso da bicicleta, estiveram reunidos na Câmara dos Vereadores de Porto Alegre para discutir o Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI), que completa 10 anos em 2019. Na avaliação do grupo, a instalação de ciclofaixas está andando em um ritmo muito lento quanto ao que era previsto pelo PDCI.
Durante cerca de uma hora, o grupo presente apresentou números e cobrou do Governo Municipal maior agilidade no processo de incentivo ao uso da bicicleta na cidade. Para o vereador Marcelo Sgarbossa (PT), que coordenou o encontro, a lentidão é fruto de uma falta de interesse do Governo em priorizar o tema. “Falta ainda a decisão política de levar a sério as ciclovias, e fazê-las. Por isso não conseguimos ir adiante”, avaliou Sgarbossa.
O vereador não poupou críticas ao atual governo e fez uma comparação com a gestão anterior. “Pelo menos o governo antecessor se comprometia e criava metas, essa gestão não assume nenhum compromisso”, afirmou.
Apesar de a reunião não ter um caráter decisório, Sgarbossa criticou o fato de o governo mandar representantes que pouco podem decidir sobre a política de trânsito do município. “Eles não chegaram a se comprometer com nada porque não tem autorização política para isso. O Poder Público pode acelerar a transformação cultural, coisa que não tem feito. Não é mais necessário explicar a importância da ciclovia. Isso não se efetiva porque falta uma decisão de realmente fazer.”
EPTC relaciona falta de novas ciclovias à crise econômica
Chefe da equipe cicloviária da Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC), Antônio Vigna reconheceu a limitação para decisões, mas considerou a situação natural. “Em qualquer gestão quem tem a palavra final é o gestor maior, mas aos projetos nós respondemos sim. As decisões são dele, a velocidade de implantar um plano é dele.”
Vigna também minimizou as críticas ao andamento da implementação de ciclovias no governo atual, que entregou cerca de 3 quilômetros durante os três anos. De acordo com ele, a lentidão no processo é consequência da crise econômica vivida pelo país e pela cidade e afirmou que o cenário deve mudar a partir de 2020.
“A implementação continuou acontecendo, em velocidade mais baixa porque os empreendimentos reduziram também”, explicou Vigna. “Acredito que estamos saindo dessa crise e temos perspectivas bem interessantes para implementar ciclovias com recursos próprios.”
Um dos pontos levantados durante a reunião foi o fato de que muitas das ciclovias entregues nos últimos anos terem sido fruto de contrapartidas de investimentos privados. Vigna ressaltou que esta medida não é um problema, pois “a população quer ver o espaço pronto, e o dinheiro de contrapartida também é público”. Ainda assim, ele reconhece que a dependência de contrapartidas engessa o andamento do PDCI, mas garante que já há trechos sendo feitos com recursos próprios da prefeitura, entre eles a finalização do 1,7 quilômetro da ciclofaixa da Avenida Ipiranga, que deve reiniciar ainda este ano e ser finalizada no verão de 2020.
Outra reivindicação dos presentes foi a volta da destinação de 20% das multas de trânsito para construção de ciclofaixas. A medida foi derrubada ainda na gestão de José Fortunati, e sua volta é difícil pois depende de um projeto de lei encaminhado pelo Executivo Municipal, o que não está no horizonte do atual governo.
Eduardo Amaral