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Especial

Curso para professores aborda obra de Landell de Moura

Iniciativa do Instituto Histórico e Geográfico visa difundir obra do padre-cientista em sala de aula

A invenção do padre Landell de Moura fez com que a voz humana se propagasse por todo o mundo. O seu nome, porém, quase não é ouvido nas salas de aula. Considerado o pai brasileiro do rádio, o gaúcho nascido em 1861 ainda é pouco conhecido dos seus conterrâneos. Uma iniciativa do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul pretende mudar essa realidade na base da educação. A entidade ofereceu a professores de ensino fundamental, médio e técnico um curso sobre a vida e a obra do padre-cientista. Ministrado em dois módulos, ele foi encerrado nesta segunda-feira, em Porto Alegre.

Para a pesquisadora Maria Isbela Gerth Landell de Moura, viúva de um sobrinho neto do cientista (Sylvio Roberto) e professora convidada da USP, incluir a vida e a obra do religioso no currículo escolar é uma maneira de fazer com que ele seja mais conhecido - além de fomentar o espírito empreendedor nos jovens estudantes. “O nome dele já está no Panteão da Pátria, mas só isso não basta. Acho que tem que ir para a educação infantil, começar a mostrar para as crianças desde pequenas”, observa ela, uma das convidadas a falar sobre o tema para os professores gaúchos.

Como a obra de Landell de Moura envolve uma ampla gama de experimentos, Maria Isbela defende que o tema seja abordado de forma multidisciplinar. “O professor de física, por exemplo, vai trabalhar os experimentos. O de português, a biografia. Todos os professores, em todas as áreas, deveriam conhecer a sua obra para saber como trabalhar”, explica. Uma das sugestões apresentadas é incentivar os estudantes a pesquisar sobre o tema. “Trabalhando em forma de projetos, saem a campo de pesquisa tanto o professor quanto os seus alunos. Isso torna o aprendizado mais vivo”, ressaltou Maria Isbela. De acordo com ela, algumas escolas já trabalham desta forma em São Paulo. “Eu vejo o entusiasmo dos alunos quando descobrem coisas. Acham fantástico que ele brincava de telefone sem fio sem existir telefone, por exemplo”, constata.

Motivos não faltam para que o assunto tome conta das salas de aula. No próximo dia 7 de setembro, comemoram-se 90 anos da primeira transmissão radiofônica no Brasil. “Precisamos aproveitar a oportunidade e entusiasmar as escolas a montarem projetos”, avalia a pesquisadora. A ausência do tema no currículo escolar, segundo ela, é um dos fatores que fazem com que a vida e a obra do padre Landell de Moura não sejam conhecidas do grande público. Em visita a Porto Alegre, há poucos meses, ela estranhou ao não encontrar referências ao inventor. “Fiquei triste, porque eu queria ver os lugares onde ele viveu”, afirma. “Ele é brasileiro. Temos de nos orgulhar disso.”

Incentivo a futuros cientistas

Para o presidente do Instituto Histórico e Geográfico do RS, Miguel Frederico do Espírito Santo, a trajetória de Landell de Moura serve de incentivo aos jovens que queiram trilhar o caminho da ciência e da pesquisa. “Um homem desta natureza, com esta formação, com esta personalidade, não pode passar desapercebido pelas novas gerações”, defende.

Landell de Moura transmitiu a voz humana à distância, sem fio, pela primeira vez no mundo. Foi pioneiro ao projetar aparelhos para a transmissão de imagens (TV) e textos (teletipo). Previu que ondas curtas aumentariam a distância das comunicações e utilizou-se da luz para enviar mensagens, princípio das fibras ópticas.

Os feitos do padre-cientista estão documentados por patentes, manuscritos, noticiários e testemunhos. Ele se diferenciou do italiano Marconi, que inventou o telégrafo sem fios, a transmissão de sinais em Código Morse. Mesmo tendo patenteado o rádio no país (1901), Landell não teve reconhecimento. Nos EUA, conseguiu, em 1904, três cartas patentes. Morreu na Capital, em 1928, aos 67 anos.


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Danton Júnior / Correio do Povo