Os funcionários dos Correios, que estão em greve por tempo indeterminado, prepararam um sopão para oferecer a pessoas em situação de vulnerabilidade social. A refeição foi organizada começo da tarde desta terça-feira na sede do Sindicato dos Trabalhadores de Correios (Sintect/RS), na zona Norte da Capital e distribuída para pessoas que vivem nas ruas e que estavam circulando na região do Mercado Público. A greve da categoria começou no dia 17 de agosto e os trabalhadores, por unanimidade, decidiram permanecer paralisados por tempo indeterminado.
O secretário-geral do Sintect/RS, Alexandre Nunes, disse que a proposta da direção dos Correios é inaceitável e acaba com o acordo coletivo dos trabalhadores. "A nossa luta é pela manutenção das conquistas garantidas no nosso acordo coletivo", ressaltou. Segundo Nunes, durante a pandemia da Covid-19, os serviços cresceram mais de 20% enquanto o número de trabalhadores diminuiu. "A empresa tem exigido que os funcionários trabalhem aos sábados e domingos, sobrecarregando e expondo ainda mais os trabalhadores ao coronavírus", explicou. Conforme Nunes, a greve é em defesa dos direitos dos trabalhadores e contra as privatizações.
Segundo Nunes, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira passada, quando os ministros votaram por 10 a 0 contra os trabalhadores, não deixou outra alternativa a categoria que não fosse a paralisação. “O STF contradisse uma decisão de instância superior (o TST) e tirou a validade do acordo coletivo por dois anos. É lamentável que neste momento de pandemia, com os trabalhadores e a população necessitando tanto de serviços essenciais, tanto o Supremo quanto a empresa não tenham a sensibilidade de prorrogar o acordo para 2021, conforme já havia decidido o TST em 2019”, acrescentou.
Nesta quarta-feira, os trabalhadores dos Correios farão uma concentração no prédio sede da empresa na rua Siqueira Campos, no Centro Histórico, seguida de caminhada pelas ruas e assembleia em frente ao prédio antigo do Correios, na praça da Alfândega. Os trabalhadores farão ainda o recolhimento de agasalhos e alimentos não perecíveis para doação às comunidades carentes. Amanhã, os trabalhadores em greve serão convidados a participar da doação de sangue, dentro da Campanha Nacional de Doação de Sangue.
A direção dos Correios informou que têm preservado empregos, salários e todos os direitos previstos na CLT, bem como outros benefícios dos empregados. A paralisação parcial da empresa, em meio à pandemia da Covid-19, traz prejuízos financeiros não só aos Correios, mas a inúmeros empreendedores brasileiros, além de afetar a imagem da instituição e de seus empregados perante a sociedade. Os Correios esperam que os empregados que aderiram ao movimento, cientes de sua responsabilidade para com a população, retornem ao trabalho.
No final de semana, a empresa realizou a entrega de mais de 1,2 milhão de cartas e encomendas em todo o país. A ação contou com o reforço de empregados da área administrativa e de veículos extras. Além disso, a empresa realizou a triagem de 4,7 milhões de objetos postais. O ritmo das entregas prossegue durante a semana, de forma a manter a qualidade operacional e minimizar o impacto aos clientes, durante a paralisação parcial dos empregados. Em todo o Brasil, a rede de atendimento segue aberta e os serviços, inclusive o Sedex e o PAC, continuam disponíveis. As postagens com hora marcada permanecem temporariamente suspensas - medida em vigor desde o anúncio da pandemia.
Cláudio Isaías