"As energias térmicas são imprescindíveis para o Brasil evitar o apagão no sistema nacional de energia". A avaliação foi feita pelo presidente da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs), Luís Roberto Ponte, que participou do debate "A Importância da Energia Térmica na Estabilidade e Garantia do Sistema Elétrico Brasileiro" nesta quinta-feira.
Conforme Ponte, a energia a carvão no Rio Grande do Sul apresenta um dos custos mais baixos do país. "Não estamos abrindo mão de outras alternativas de energia, mas temos que investir neste modelo que é barato e não vai onerar o consumidor", destacou.
Já o diretor-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, afirmou que a política energética do setor elétrico brasileiro foi construída em torno da exploração do potencial hídrico para assegurar o fornecimento a todo o sistema interligado.
No entanto, a forte expansão das fontes renováveis intermitentes e a perda da capacidade de regularização dos reservatórios das usinas hidrelétricas, em razão das usinas a fio d’água, estão deixando o sistema cada vez mais dependente do clima e tornando a operação do sistema mais complexa. "Se nada for feito, a manutenção dessa condição acabará afetando a segurança energética, pesando sobre o preço da eletricidade e consequentemente prejudicando os consumidores", ressaltou.
Conforme Pires, a geração térmica é a salvação para o desabastecimento e ainda existe uma incompreensão sobre o modelo. Segundo Pires, o atual padrão de expansão da base de geração elétrica tem aumentado a incerteza com relação à disponibilidade de energia e ao preço. Por isso, é importante os investimentos em usinas termelétricas de baixo custo na composição da base do sistema.
O evento Sergs Debates reuniu o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, entre 2005 e 2016, Hermes Chipp, o CEO da Empresa Brasileira de Gás Natural, Ricardo Nino Machado Pigatto; o CEO da Thymos Energia, João Carlos de Oliveira Mello; o diretor de Novos Negócios da Copelmi Mineração, Roberto de Faria; e o diretor-presidente da Associação Brasileira de Geradoras Térmicas (Abraget), Xisto Vieira Filho.
Economia
O Brasil poderia economizar cerca de R$ 550 milhões por mês se no lugar de 1000 MW de usinas termelétricas a óleo diesel que estão gerando energia nesse momento estivessem o equivalente de térmicas a carvão mineral de Candiota, no Rio Grande do Sul. A informação é do presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral (ABCM), Fernando Luiz Zancan.
Com os reservatórios de água do país com volume bem abaixo do desejado após o período de chuvas, que terminou em abril, as usinas térmicas foram acionadas como forma de evitar o racionamento de energia, que mesmo assim não está descartado.Porém, segundo a ABCM, as usinas térmicas a carvão mineral tem um custo de operação cerca de dez vezes mais barato que as térmicas a óleo e três vezes menor que a energia gerada a partir do gás.
"Se para gerar segurança energética o Brasil tivesse priorizado o carvão mineral, o impacto na conta de luz seria bem menor. Somado a isso, Santa Catarina e principalmente o Rio Grande do Sul possuem 90% das reservas de carvão mineral do país que são sub utilizadas, deixando de gerar emprego e riqueza em municípios mais empobrecidos", ressaltou.
As térmicas a carvão mineral hoje representam 38% da geração de energia do mundo. Países como os EUA, que tem um dos menores custos de energia elétrica do mundo, usam cerca de 22% de térmicas a carvão mineral. No Brasil, com 80% de geração hidráulica, apenas 1,8 % da energia gerada provém do carvão mineral.
O Rio Grande do Sul não gera nem 30% da energia que consome, segundo a ABCM. Ao mesmo tempo, possui 90% das reservas de carvão mineral, potencial que poderia ser aproveitado para desenvolvimento do Estado com implementação de mais térmicas para geração de energia através do carvão mineral.
Cláudio Isaías