Integrantes da Comissão de Comunicação do Movimento Balanta, Júlia Fernandes de Araújo, explica que o principal impasse envolve as mudanças no sistema de cotas raciais da instituição federal. "Vamos permanecer em vigília, continuar ocupando o prédio da reitoria. O que a gente está pedindo agora é uma audiência de reconciliação com a reitoria da Ufrgs, mas o reitor (Rui Vicente Oppermann) se nega a dialogar com os alunos que estão ocupando o prédio", observa.
Uma portaria publicada pela universidade determina que a instituição não vai avaliar mais somente o fenótipo para ingresso via cotas raciais. A medida causa apreensão entre estudantes. "Sou negra, mas se fosse branca e tivesse uma avô negro ou pai negro, eu estaria apta para usar as cotas raciais. Isso abriu uma brecha muito grande para fraudes. É isso que a gente está reivindicando, que não deve ser avaliado ancestralidade, mas sim fenotipia. Com isso, qualquer pessoa branca pode entrar na Ufrgs usando as cotas raciais", reclama.
O grupo rechaçou ainda as acusações da reitoria de que estariam depredando patrimônio público. "Não estamos usando nenhum tipo de fita nas paredes, pois onde estamos é um prédio administrativo. Não estamos impedindo ninguém de assistir aula", destaca Júlia. O Movimento Balanta, em nota, também garante que "as formaturas que estão ocorrendo ao lado da reitoria não estão sendo prejudicadas" e "que os processos para entregar documentos referentes à matrícula é feito online".
Em nota, a direção da Ufrgs afirma que realizou duas reuniões, nos dias 5 e 7 de março, cujos objetivos eram avaliar, identificar divergências e buscar caminhos que pudessem avançar nos procedimentos da Comissão de Recursos de Verificação das Autodeclarações de candidatos do Vestibular e do SISU. As conversas, no entanto, não prosperaram e resultaram no fim do diálogo entre a Reitoria e representantes dos movimentos.
A universidade alega que 500 servidores foram impedidos de acessar o prédio da Reitoria, o que teria prejudicado os serviços realizados no local, incluindo o julgamento de recursos relativos ao procedimento de matrícula do Vestibular 2018. A nota ressalta que o "saguão do prédio abriga uma exposição com obras raras", que fazem parte do acervo e têm valor intangível.
Felipe Samuel