Cerca de 500 estudantes secundaristas ligados a União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre (Umespa) e a União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (Uges) protestaram contra o fim do meio passe estudantil na cidade. Tramita na Câmara de Vereadores um projeto de lei do Executivo que pretende restringir a meia passagem somente aos estudantes de baixa renda.
Ainda na manifestação dessa manhã, os alunos receberam apoio de servidores públicos estaduais que manifestavam-se contra o atraso de salários do funcionalismo e contra o contingenciamento de verbas para a área da educação em âmbito federal.
A mobilização começou por volta das 9h, com concentração dos estudantes na frente do colégio estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre. Às 10h, o grupo acompanhado de um caminhão de som iniciou a caminhada pela avenida João Pessoa com destino ao Centro Administrativo Fernando Ferrari, na avenida Borges de Medeiros. Eles passaram ainda pelo Paço Municipal onde protestaram contra o prefeito Nelson Marchezan Júnior.
Em razão do protesto, a faixa da avenida João Pessoa, no sentido bairro/Centro, ficou completamente bloqueada. O mesmo aconteceu na rua Luiz Englert , na avenida Paulo Gama, no Túnel da Conceição, e nas avenidas Mauá e Borges de Medeiros. Em razão da manifestação, o trânsito chegou a ficar lento e congestionado também na avenida Osvaldo Aranha, no sentido bairro/Centro.
A presidente da Umespa, Vitória Cabreira, disse que o ato foi organizado para marcar o mês do estudante (agosto) e fortalecer a luta da categoria em diversas frentes. “Estamos protestando porque o governo do prefeito Nelson Marchezan Júnior passou o projeto do meio passe na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sem diálogo com os estudantes. Estamos aqui para defender o meio passe para o estudante, mas também para denunciar o atraso do salários dos nossos professores. Estamos aqui também para falar sobre os cortes na área da educação do governo Jair Bolsonaro. Hoje, os estudantes secundaristas não têm a garantia de que vão sair e entrar em uma universidade pública”, acrescentou.
A vice-presidente do DCE da Ulbra, Camila Maranoski, afirmou que o protesto era contra o sucateamento da educação brasileira. "É um dia de luta a favor da educação do nosso país e dos professores", destacou. Aos gritos de “eta, eta, eta... se tirar o meio passe a gente pula a roleta” o grupo des estudantes caminhou pelas ruas da área central e outra parte realizou o trajeto pelo Parque da Redenção.
Os estudantes carregavam faixas com as frases: "Nossa arma é a educação", "Contra os cortes! Em Defesa do nosso futuro", "Estudante na sala de aula tem o direito de pensar" e "Escola sem partido é ditadura militar". O protesto contou com a participação de alunos das escolas Ildo Meneghetti, Júlio de Castilhos, Protásio Alves, Inácio Montanha, Instituto de Educação e Glicério Alves.
Paralisação dos professores e funcionários
A próxima semana será marcada pela realização de atos em defesa dos direitos dos educadores gaúchos. No dia 2 de setembro, em protesto ao 45º mês de atraso e parcelamento dos salários, professores e funcionários irão paralisar as atividades nas escolas públicas estaduais de todo o Rio Grande do Sul.
A pauta de reivindicação da categoria exige reposição emergencial de 28,78%, pagamento em dia e realização de concursos públicos para professores(as) e funcionários(as) de escola. No dia 27 de agosto, a direção do Cpers/Sindicato protocolou um pedido de inspeção extraordinária das contas do Estado no Tribunal de Contas do Estado (TCE), questionando a continuidade da política de atraso, parcelamento e congelamento salarial apesar do crescimento das receitas.
Na próxima terça-feira, deve ocorrer o Ato Estadual em Defesa dos Contratados, pela não demissão, por concurso público e reajuste salarial. A manifestação, que contará com a presença de centenas de educadores de diversas regiões do Estado, ocorrerá na Praça da Matriz a partir das 10h. A intenção do sindicato dos professores é pressionar os deputados para que aprovem a emenda parlamentar ao projeto de lei 392/2019 que autoriza o Poder Executivo a realizar a contratação emergencial de cinco mil professores e sinaliza para a realização de concurso público a partir de 2020.
Protocolada pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, presidida pela deputada Sofia Cavedon (PT), a emenda propõe garantir a manutenção dos atuais contratos emergenciais até que sejam substituídos por nomeados. O Cpers defende o teor da emenda, bem como a realização imediata de concursos públicos.
Cláudio Isaías