A Federação Israelita do Rio Grande do Sul (FIRS) publico nota de repúdio ao comentário do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, comparando o isolamento social para combater a Covid-19 aos campos de concentração nazistas. A analogia foi feita no dia 22, quando o chanceler publicou um texto em seu blog pessoal criticando um livro escrito pelo filósofo esloveno Slavoj Zizek. "A fala é inescusável, ilógica e incoerente, visto que não há comparação possível entre uma medida necessária para combater uma pandemia e um lugar de perseguição contra judeus, que culminou com o extermínio de mais de 6 milhões de pessoas na Europa", diz a nota da insituição.
De acordo com o presidente da FIRS, Sebastian Watenberg, a declaração flerta com o absurdo e o completo descaso. “A retratação deve acontecer de forma a indicar o erro e um pedido formal de desculpas, completo e sem fugas. Destacar as relações Brasil e Israel não alivia o peso de uma comparação infeliz como esta”, finaliza.
Na ocasião, Araújo se referia à frase "O trabalho liberta", gravada em alemão no pórtico do campo de concentração de Auschwitz. "Os comunistas não repetirão o erro dos nazistas e desta vez farão o uso correto (do lema). Como? Talvez convencendo as pessoas de que é pelo seu próprio bem que elas estarão presas nesse campo de concentração, desprovidas de dignidade e liberdade".
Em publicação em suas redes sociais, o chanceler afirmou que foi interpretado de forma errado e que denunciou "o anti-semitismo de Slavoj Zizek, que elogiou o lema de Auschwitz ao falar de sua esperança de um comunismo construído a partir das medidas de controle social. "Orgulho-me de minha postura de denunciar e combater o anti-semitismo e de meu trabalho pela construção da relação de profunda amizade e parceria desejada pelos povos do Brasil e de Israel", twittou.
É Zizek, assim, que traz os campos de concentração como referência quando fala da sociedade totalitária que, em sua teoria, pode emergir da pandemia e pela qual ele "torce" - uma visão de mundo infame contra a qual me insurgi em meu texto.
— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) April 29, 2020
Correio do Povo