De acordo com o procurador da Carris, Pedro Osório Rosa Lima, a trabalhadora se manifestou favorável à liminar da Justiça que determinou a suspensão do último reajuste das tarifas do transporte coletivo. Porém, ela teria sugerido que o prefeito “faturaria” com o aumento do valor da passagem de ônibus. “A funcionária foi demitida não porque criticou o aumento da tarifa, mas porque ofendeu o prefeito municipal, perguntando pela rede social quanto ele iria faturar nessa jogada de aumento da tarifa. Isso não é uma crítica, é uma ofensa”, argumentou o procurador.
No início da manhã desta sexta-feira, um grupo de funcionários da Carris realizou uma manifestação em frente à sede da empresa, no bairro Partenon, na zona Leste da Capital. O protesto era contrário à saída da colega. O presidente da Comissão de Negociação da Carris, Alceu Weber, pretende entregar ainda nesta sexta-feira ao Ministério Público do Estado uma denúncia sobre a demissão da servidora. Para a próxima segunda-feira, os funcionários pretendem realizar uma nova mobilização caso a cobradora não seja readmitida.
Em entrevista à Rádio Guaíba nesta sexta-feira, o prefeito de Porto Alegre José Fortunati afirmou que não sabia da demissão da funcionária da Carris. Ele ponderou, no entanto, que seria preciso verificar se a postagem em rede social ocorreu durante horário de expediente, mas frisou: “A Carris tem autonomia administrativa e eu não me ocupo do dia a dia da empresa”.
Liminar suspende último aumento e passagem volta a custar R$ 2,85
Por decisão judicial e após uma série de protestos, o valor das tarifas de transporte público em Porto Alegre voltou nesta sexta-feira ao preço anterior – R$ 2,85 para ônibus e R$ 4,25 para lotação.
O vereador Pedro Ruas (PSol) anunciou no final da tarde dessa quinta-feira que conseguiu uma liminar, junto ao juiz Hilbert Maximiliano Akihito Obara da 5ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central, para suspender o último aumento sancionado pelo Executivo municipal – de R$ 3,05 para ônibus e R$ 4,50 para lotação.
Segundo a decisão do magistrado, "é discutível a necessidade de reajuste da passagem. “Percebe-se não haver sustentação para o aumento tarifário pretendido pelos réus”. “Outra situação de grande relevância que coloca em xeque a credibilidade da necessidade de aumento diz respeito ao desentendimento de regras básicas de direito administrativos, referente à obrigatoriedade de licitação, de forma a angariar a melhor proposta, que melhor atenderia ao interesse público”, completa o texto da liminar.
Série de protestos
No dia 25 de março foi sancionado o aumento da passagem de ônibus na Capital de R$ 2,85 para R$ 3,05. Desde que o pedido de reajuste na tarifa foi protocolado, uma série de protestos ocorreu na Capital. As manifestações pressionam o Executivo municipal a reduzir a tarifa para R$ 2,60, baseado em cálculo da frota operante em 2012.
Na quinta-feira à noite, mais uma vez os manifestantes foram às ruas. Com faixas, instrumentos de percussão e sopro, e um megafone, milhares se concentraram em frente à sede da Prefeitura e comemoraram a decisão da Justiça.
Antes de seguir a caminhada pelo Centro, parte do grupo subiu as escadas da sede do Executivo e acendeu um sinalizador - gritando palavras de ordem contra o aumento e o prefeito José Fortunati. Apesar da chuva, o grupo seguiu até o Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa.
Com informações do repórter Luciano Nagel
Correio do Povo e Rádio Guaíba