O médico Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo, foi o primeiro a ser interrogado na manhã desta quarta-feira no fórum de Três Passos, no Noroeste do Estado. Ele negou ter participado do assassinato do filho e confirmou que Graciele e o garoto se odiavam: "Percebi em meados de 2013. Eu atuava como mediador. Eu tentava apaziguar. Na maioria das vezes, conseguia".
Um dos momentos mais perturbadores do interrogatório foi quando o juiz Marcos Luís Agostini leu as falas de Graciele em um dos vídeos que Leandro teria gravado da família em casa. “Bernardo, teu lugar é debaixo da terra”, teria dito Graciele. Leandro admitiu que costumava gravar vídeos da família: “Dos momentos bons.” Apesar disso, admitiu que foi quando gravou esse vídeo que teve um “insight” de que a situação em sua casa não estava boa, não estava normal.
Sobre a acusação de ter participado do crime, Leandro disse que o "Ministério Público fez uma denúncia baseada na intuição. Eles imaginaram que eu tivesse participando do crime e colocaram meu nome na denúncia”. "Os autores são os outros denunciados", se referindo a Graciele Ugulini e aos irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz.
Questionado pelo juiz sobre os outros réus, Leandro disse que já tinha “ouvido falar” de Edelvânia e que Graciele teria comentado que convidaria a amiga para ser madrinha da filha do casal. Sobre Evandro, Leandro garante que não o conhecia, mas sabia da amizade entre Graciele e Edelvânia. Em seguida falou sobre a rotina de trabalho. "Me sugou e praticamente me escravizou", afirmou o pai de Bernardo.
O juiz mostrou ao réu a cópia do receituário usado para comprar Midazolam, medicamento usado na morte do menino. A perícia no material, feita pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), foi inconclusiva. Leandro negou que aquela fosse sua assinatura e explicou que Midazolam é um sedativo e tem efeito de "amnésia". No fim completou: “essa assinatura não é minha. Eu tenho certeza”. A defesa do médico solicitou no início da audiência que nova perícia fosse realizada ou que a prova fosse retirada dos autos do processo.
Correio do Povo