Os moradores que vivem próximo das margens do Arroio da Represa, no bairro Aparício Borges, na zona Leste de Porto Alegre, temem que uma tragédia possa ocorrer na região. A comunidade reclama da ausência dos serviços da Prefeitura de Porto Alegre no local - falta de serviços de limpeza, de esgoto e do pouco cuidado com as ruas.
O aposentado Milton da Silva disse que a Prefeitura por diversas vezes realizou a manutenção da rua da Represa quando da ocorrência de chuva. "Estamos completamente abandonados pelo poder público e a cada instabilidade existe o temor de perder tudo o que conquistamos com dificuldade", explicou.
Já Wagner Fabiano da Silva explicou que os moradores estão fazendo uma "obra de contenção" para a água não invadir os terrenos. "A rua da Represa está abandonada e os moradores querem uma solução para o arroio", destacou. Ele explicou que os moradores não querem deixar o local onde residem e não desejam participar de programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida. "Muita gente realizou investimentos que provavelmente não serão ressarcidos pelo Município", acrescentou.
Alexandre Moraes, proprietário de uma loja na região, pediu que a Prefeitura conceda uma retroescavadeira para que seja feita o conserto de uma ponte no bairro e para retirada de terra. Em razão da dificuldade de circulação no bairro, ele alega prejuízos na venda de roupas na sua loja.
A Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana informa que atua na captação de recursos para as obras relacionadas ao arroio. Enquanto isso, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) realiza, desde a quinta-feira, a reconstrução emergencial e paliativa de cerca de oito metros da tubulação de 80 centímetros de diâmetro da vala, entre as ruas da Represa e Cabo Noé, bem como a execução de um poço de visita e uma ala de pedras, para auxiliar na segurança de pedestres e veículos no local.
Segundo a prefeitura, o que o Dmae realiza é emergencial e paliativo, mas somente será resolvido com a realização de obras e remoção das moradias que estão dentro do arroio da Represa. Em nota, a prefeitura informa que não é permitido construir nas margens de arroios, pois se trata de local de extravasamento natural da água. As moradias estrangulam o leito dos arroios e água não tem por onde ir. Se não pode ir para os lados, pois tem muros bloqueando, ela passa por cima. O Município afirma que não é possível dragar o arroio para retirada do lixo porque existem moradias no leito, o que impede a entrada das máquinas.
Cláudio Isaías