Na última sexta, pelo menos 200 animais morreram após um vazamento da empresa atingir o arroio Müller, que desemboca nos rios dos Sinos e Paranhana. "O que causa surpresa é a Fepam ter autorizado operações em células com detritos industriais perigosos, sem o isolamento necessário", explicou o promotor Paulo Eduardo de Almeida Vieira.
O promotor avalia o fato como indício de omissão da Fepam frente a riscos de prejuízos ambientais, o que agora vai ser alvo de investigação. "Há mais de um ano, ajudo a conduzir um inquérito regional, apurando os procedimentos do órgão ambiental, e vamos investigar esta nova informação para saber se houve negligência".
Dirigentes da Fepam, órgão presidido até o dia 31 de dezembro pela analista de sistemas Regina Telli, foram procurados, mas não se manifestaram sobre as suspeitas de irregularidades no licenciamento da usina. A única manifestação partiu de servidores de carreira do serviço de emergência do órgão, que confirmaram a existência de falhas na valas. Conforme o departamento, a empresa vai ser multada nos próximos dias.
Além do crime ambiental no arroio de Taquara, o mês de dezembro ainda teve, no dia 1º, a mortandade de cerca de 16 toneladas de peixes no rio dos Sinos, e, no dia 21, a morte de outros 300 animais no arroio Pedras Brancas, que desemboca no rio Caí, em Linha Nova.
Já na última sexta, véspera de Natal, um incêndio destruiu a usina de receptação de detritos industriais Utresa, em Estância Velha, o que expeliu fumaça tóxica na atmosfera do município. A empresa não possuía licenciamento para armazenar materiais poluentes encontrados em meio ao fogo, e também vai ser multada.
Estevão Pires / Rádio Guaíba