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Verão

Especial

Nova espécie de herbívoro surpreende pesquisadores

Fóssil com dentes de sabre e evidências de mastigação foi encontrado em São Gabriel

Fóssil estava em um bloco de rocha de 20 centímetros e já tinha sofrido erosão | Foto: Paulo Nunes
Uma equipe de paleontólogos da Universidade Federal da Rio Grande do Sul (Ufrgs) anunciou nesta quinta-feira a descoberta de uma nova espécie de fóssil para a ciência: um herbívoro com dentes de sabre e evidências de mastigação. O fóssil foi batizado de “Tiarajusdens eccentricus” - Tiaraju é o nome do distrito de São Gabriel onde ocorreu a descoberta, “dens” significa dentes e “eccentricus” por causa do diferencial da dentição.

A descoberta surpreendeu os pesquisadores  “Trata-se do mais antigo registro de um herbívoro com dentes de sabre e o único conhecido na Era Paleozóica. Ele seria um vertebrado um pouco maior que uma capivara e teria vivido há 260 milhões de anos, antes mesmo dos dinossauros, que tinham 220 milhões anos”, descreveu o líder da equipe de cientistas, Juan Carlos Cisneros, ao lado do crânio do fóssil exposto no Museu de Paleontologia do Instituto de Geociências da Ufrgs.

A descoberta ocorreu em março de 2009. O fóssil estava em um bloco de rocha de 20 centímetros e já tinha sofrido erosão, restando apenas o lado esquerdo crânio, mostrado ontem, e do corpo, que continua sendo estudo com previsão de conclusão em uma ano. “É uma nova espécie de ‘terapsido anomodonte’. E o que mais surpreendeu foi a dentição dele”, enfatizou o paleontólogo.

Além de ter dois dentes de sabre maiores do que o crânio, os pesquisadores encontraram pelo menos cinco dentes incisivos longos com serrilhas iguais aos que os herbívoros de hoje têm para cortar as plantas, além de dentes molares no céu da boca no formato de pequenas lâminas, semelhantes aos das capivaras. “É a primeira vez que se vê um animal com esta característica, um animal com dentes muito modernos”, destacou Cisneros.

O parente mais próximo do “Tiarajudens eccentrics” foi localizado em 1999 na África do Sul, mas somente após a descoberta do fóssil brasileiro é que se pode interpretar melhor o achado sul africano. O herbívoro vivo mais parecido com o fóssil descoberto é o Veado D’Água, que vive em regiões da Ásia, na China e na Sibéria.

Hábitos

Devido à distância entre os dois continentes, os cientistas acreditam ser difícil delimitar área onde o herbívoro vivia. No entanto, as pesquisas indicam que ele era um animal solitário e muito territorial. Usava os dentes de sabre para a defesa. “O ato de mostrar os dentes, ostentar, já era suficiente para afugentar um intruso. E se esse não saísse de perto, o animal mordia o inimigo”, explicou o pesquisador. Os dentes também deveriam ser usados nas disputas por território e pelas fêmeas.

Também integraram o estudo da Ufrgs cientistas da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e da sul-africana University of the Witwatersrand. Os pesquisadores publicarão na sexta-feira um artigo na revista americana Science, tradicional publicação da área científica. Um evento similar ao ocorrido onde em Porto Alegre será realizado em Johannesburgo, na África do Sul, com os integrantes sul-africanos.

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Mirella Poyastro / Correio do Povo