Silva tinha 30 anos de idade quando acabou por descarregar nas drogas a dor de um divórcio. O início da dependência química levou ao mesmo destino recorrentemente relatado por outras pessoas em situação vulnerável. Primeiro, foi a falta de emprego que tinha com serviços gerais e, em seguida, a ida para as ruas de Porto Alegre, onde ficou por quatro anos. Depois disso, uma nova queda em uma tentativa de se reerguer. Mais uma vez desempregado, foi novamente para a rua. Há pouco mais de um mês, contudo, foi para o Abrigo Municipal Marlene. Lá, além de um teto para dormir, encontrou a possibilidade de participar do grupo encaminhado pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) para a oficina do CIEE. “Agora, com esse curso, tenho algo a adicionar no meu currículo”, destacou Silva, que reconhece que hoje os conhecimentos em informática são pré-requisito até em serviços mais simples e que, em outras épocas, não tinham essa necessidade.
Como já se livrou das drogas há 9 anos, o foco agora é apenas em dar continuidade a outros cursos de qualificação gratuitos para aumentar as chances de voltar a trabalhar. Assim que isso acontecer, a meta será procurar a família, com quem perdeu o contato.
No caso de Luiz Carlos Imlau, 66 anos, as drogas não estiveram presentes. Depois de ter trabalhado como florista, motorista e vendedor ambulante, ele foi direto para a rua somente em função das dificuldades econômicas. A situação também lhe fez perder contato com esposa e filhos e, há um ano, vive o mesmo abrigo que Marcelo Silva, com quem ainda dividia a total inexperiência com informática. “Nunca tinha sentado na frente de um computador. Mas eu dizia: ‘Nem que eu tenha 100 anos, eu vou aprender isso’”, contou, satisfeito, com a apostila da oficina em mãos.
A supervisora de programas sociais do CIEE-RS, Melânia Lisiak, explicou que a oficina é uma parceria da instituição com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Esporte. Através dela, também estão sendo oferecidos outros cursos de qualificação para grupos de quilombolas e de integrantes do Centro Pop. De acordo com a supervisora, a oficina de informática teve 10 dias de duração e buscou oferecer conhecimentos básicos para os participantes.
Henrique Massaro