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Verão

Especial

Pichações se incorporam ao cenário da Cidade Baixa

De tão recorrente, moradores veem problema como sem solução

Prédios pichados se incorporam à paisagem de bairros como a Cidade Baixa | Foto: Alina Souza

Tal qual a boemia, historicamente associada à Cidade Baixa, em Porto Alegre, a pichação nos muros e fachadas de imóveis parece ter se incorporado à rotina e ao cenário do bairro. Frases de protesto, xingamentos, símbolos e até palavras indecifráveis, presentes em diversos locais da Capital, se mostram mais presentes nessa região. À medida que cobrem residências e estabelecimentos, os rabiscos revoltam a população, que divide opiniões a respeito da situação mas parece concordar que não há uma solução.

Quem caminha pelas ruas de Porto Alegre percebe que o picho – ou pixo, com “x”, como costuma ser conhecido entre quem defende o ato como uma forma de expressão –, é algo presente em toda a região central da cidade. Prédios que historicamente compõem a imagem urbana da Capital, como as sedes de cursos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), têm em sua estrutura as marcas de tinta preta saídas de sprays ou canetas de pichadores. A Cidade Baixa, no entanto, é o espaço onde essas manifestações encontram uma concentração, se espalhando por mais imóveis e preenchendo mais espaços.

Entre as ruas do bairro, a Joaquim Nabuco é uma das que reúne o maior número de rabiscos. Enquanto há prédios com sua pintura ainda intacta, outros parecem ter sido escolhidos para serem pichados. Isso porque, seja em tinta preta ou colorida, os dizeres por vezes preenchem as fachadas de cima a baixo, se amontoando entre si e depredando a estrutura. Apesar de conviverem com a situação há anos, moradores dificilmente veem as pichações sendo feitas e relatam que elas costumam ocorrer durante a madrugada.

“Eles fazem de novo”

Volnei Miranda é zelador de um prédio na Joaquim Nabuco há cinco anos, tempo que foi suficiente para ver moradores pintarem suas fachadas repetidas vezes, se depararem com novas pichações e desistirem de lutar contra o problema. Ele, que acha a situação revoltante, acredita que as tintas utilizadas não são baratas e que, em função disso, muitos dos riscos são feitos por jovens de poder aquisitivo. Moradora do bairro Santana, Cíntia Borges costuma passar pelas ruas da Cidade Baixa e acompanha um contraste entre as regiões vizinhas: “Às vezes se vê umas casas bonitas e está tudo pichado”.

Mário Dutra alugou a casa onde mora, na Joaquim Nabuco, há cerca de um ano, quando o imóvel já estava como é hoje, coberto de pichações. “Não adianta pintar, eles fazem de novo”, comenta. Vizinha dele, uma mulher que tem medo de se identificar afirma ter visto alguns pichadores, entre 3h e 5h da madrugada. De acordo com ela, seu enteado já se deparou com um grupo pichando um prédio e, ao tentar intervir, acabou sendo agredido e tendo uma costela fraturada.

Morador da mesma rua e também com sua casa pichada, Jorge Braga tem uma visão um pouco diferente da dos vizinhos. Ele comenta que compreende que a pichação seja um problema para muitas pessoas, mas acredita que, por outro lado, trata-se de uma forma de as minorias da periferia se manifestarem. “É ruim? É, mas estão se expressando. Aonde falta Estado, tem essas brechas”, afirma. Ele concorda, no entanto, que a situação não tem uma solução imediata e que tentar apagar os rabiscos só vai gerar novas manifestações. “A pior coisa que se pode fazer é pintar.”

Denúncias têm crescido, afirma Guarda Municipal

A Guarda Municipal afirma que as denúncias de pichações na cidade têm aumentado consideravelmente e que, entre os meses de janeiro e abril, 12 pessoas foram detidas pichando e encaminhadas para Delegacias de Pronto Atendimento. Há, inclusive, um Disque Pichação, através do número 153, que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, pelo qual a população pode denunciar os atos e fazer com que os guardas se dirijam até o local.

Henrique Massaro