João Carlos Bona Garcia, um dos perseguidos políticos, ficou aprisionado no Dops no início do ano 1970. Tendo em vista as condições subumanas a que foi submetido, ele não tem precisão sobre quantas semanas ou meses sobreviveu na masmorra. "Numa mesma cela, vivíamos nuns 15 ou 20. Tinha apenas um colchão onde apoiávamos a cabeça", conta. Ao visitar o prédio hoje, se disse emocionado, mas revelou não guardar mágoas. “Por outro lado, vejo que é muito importante resgatar esta memória para que outras pessoas possam sempre decidir pela democracia e pela liberdade”, diz. Após a sua prisão no Rio Grande do Sul, Bona Garcia foi levado para o Rio de Janeiro e depois exilado no Chile, já despatriado.
Placas semelhantes a instalada na frente do Palácio da Polícia devem ser colocadas em outros 15 lugares como na Ilha do Presídio no Guaíba, no Cais Mauá, Presídio Central, 2ª Delegacia de Polícia, Hospital Geral do Exército. O presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, diz que as placas ajudam a relembrar dos episódios marcados pelos anos de chumbo. “Cerca de 70% da população atual do Brasil nasceu depois do golpe e não viveu esta tragédia. Ao reunir estas memórias, queremos ler o presente e projetar o nosso futuro”, diz. O projeto Marcas da Memória, coordenado pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos, já instalou placas na Escola Estadual Paulo da Gama, no bairro Partenon, e no antigo quartel da Polícia do Exército, na Praça Raul Pilla, na avenida Salgado Filho.
Cíntia Marchi