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Verão

Especial

Porto Alegre é a capital do Brasil com mais mortes por Aids do Brasil

Rio Grande do Sul segue em terceiro no país como Estado com mais casos da doença

Mesmo com o grande número de casos, o orçamento da Coordenação Municipal IST/Aids vem sofrendo reduções constantes | Foto: Cristine Rochol / PMPA / Divulgação / CP

Porto Alegre é a capital do Brasil com mais mortes por Aids do Brasil. Os dados foram apresentados nesta sexta-feira pelo Ministério da Saúde, que lançou a edição deste ano do Boletim Epidemiológico. Apesar da redução nos índices de novos casos e mortes, o Rio Grande do Sul segue como o terceiro Estado do país com mais casos da doença.

Mesmo com o grande número de casos, o orçamento da Coordenação Municipal IST/Aids vem sofrendo reduções constantes. Em 2019 o corte de verba do governo federal foi de aproximadamente R$ 700 mil, enquanto a previsão orçamentária do Município para o próximo ano será de cerca de R$ 500 mil, segundo a coordenadora, Caroline Ceolin Zacarias. “Tivemos uma diminuição do orçamento, mas temos tentado distribuir ele nos três pontos: prevenção, diagnóstico e adesão.” 

Com a redução dos recurso, Caroline Ceolin Zacarias afirma que o município “tem visto como uma prioridade ver esses números da epidemia baixarem". Ela acrescenta que o foco tem sido em ações de diagnóstico. Segundo a coordenadora, o grande problema tem sido a adesão dos pacientes ao tratamento.

As contaminações verticais - quando a mãe transmite a doença para a criança, seja durante a gestação, parto ou amamentação - têm sido o grande problema do município e do Estado. Mesmo com os índices altos, e ainda considerado como um caso de epidemia, a integrante da Coordenação Estadual de IST/Aids, Fernanda Carvalho, analisa que a situação tem melhorado.

“Nossos dados vêm ano a ano melhorando. Chegamos ao ponto de uma epidemia muito disseminada e, a cada ano, os nossos índices vêm caindo.” A afirmação dela é confirmada pelos dados apresentados no boletim, que aponta uma queda de 39,3% nos casos de detecção de Aids.

País tem melhora

O Brasil conseguiu evitar 2,5 mil mortes por aids entre os anos de 2014 e 2018. Nos últimos cinco anos, o número de mortes pela doença caiu 22,8%, de 12,5 mil em 2014 para 10,9 mil em 2018. Os dados são positivos. No entanto, o Ministério da Saúde acredita que 135 mil pessoas vivem com HIV no Brasil e não sabem. Com base nessa estimativa, a pasta realizou, na sexta-feira, o lançamento da Campanha de Prevenção ao HIV/Aids.

O foco é incentivar pessoas que não se preveniram em algum momento da vida a procurar uma unidade de saúde e realizar o teste rápido. Com o tratamento adequado, o vírus HIV fica indetectável, ou seja, não pode ser transmitido por relação sexual, e a pessoa não irá desenvolver Aids.

A nova Campanha de Prevenção ao HIV/aids foi lançada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em comemoração ao Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado no dia 1º de dezembro. Assim como registrado nos últimos anos, a infecção por HIV cresce mais entre os jovens. A maioria dos casos no país é registrada na faixa etária de 20 a 34 anos, com 18,2 mil notificações (57,5%). Em 2018, ocorreram 43,9 mil casos novos de HIV no país.

A notificação para infecção pelo HIV passou a ser obrigatória em 2014, assim como o tratamento para todas as pessoas vivendo com o vírus, independente do comprometimento imunológico. A medida trouxe mais acesso ao tratamento e aumento de diagnósticos. Com isso, nos últimos cinco anos, a tendência de queda na taxa de aids foi maior.

“Uma das forças que move o ser humano é o medo. E ver ídolos morrerem trouxe impacto para a minha geração e temor em contrair a doença. Quando os primeiros casos foram identificados no Brasil e no mundo, não tínhamos o tratamento que temos hoje. Mas os jovens entre 20 e 34 anos não conhecem a cara do inimigo, não entendem que a doença mata. A gente antevê várias lutas contra o preconceito, contra a doença, e precisamos trabalhar para que jovens parem de se infectar com o HIV. Precisamos trabalhar mecanismos de mobilização para conscientizar esse público e informar das consequências da doença, da necessidade de fazer o teste e buscar tratamento", enfatizou. Em relação aos casos de aids, quando a pessoa desenvolve a doença, o Ministério da Saúde estima que 12,3 mil casos foram evitados no país, no período de 2014 a 2018.

O dado foi calculado com base na taxa de casos de AIDS em 2014, caso ela se mantivesse ao longo desse período até 2018. Nesse mesmo período houve queda de 13,6% na taxa de detecção de casos de aids, sendo 37 mil casos registrados em 2018 e 41,7 mil em 2014. Em toda série histórica, a maior concentração de casos de Aids também está entre os jovens, em pessoas de 25 a 39 anos, de ambos os sexos, com 492,8 mil registros. Os casos nessa faixa etária correspondem a 52,4% dos casos do sexo masculino e, entre as mulheres, a 48,4% do total de casos registrados. 

“Conseguimos progredir ao longo dos anos no combate ao HIV e à aids, mas ainda temos muito a fazer com compromisso de avançar no programa de prevenção e, no próximo ano, faremos ações específicas porque precisamos integrar as pessoas nessa luta”, destacou o secretário de Vigilância em Saúde no Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira.

O Ministério da Saúde tem ampliado as possibilidades de prevenção ao HIV/Aids. Até dezembro deste ano, a previsão é distribuir 462 milhões de preservativos masculinos, o que representa aumento de 38% em relação ao ano passado. O número de preservativos femininos distribuídos pode chegar a 7,3 milhões de unidades, aumento significativo em relação ao ano passado, 351,5%. Ainda em 2019, está prevista a finalização da entrega de 12,1 milhões de testes rápidos de HIV, fundamentais para o diagnóstico e futuro tratamento das pessoas infectadas.

Transmissão vertical

O maior número de gestantes infectadas com HIV (27,8%) está entre jovens de 20 a 24 anos. Tal fator foi resultado da ampliação do diagnóstico no pré-natal e, consequentemente, a prevenção da transmissão vertical do HIV se tornou mais eficaz. Três municípios brasileiros receberam Certificação de Eliminação da Transmissão Vertical de HIV, quando o vírus é transmitido durante a gestação, o parto e a amamentação. No Paraná, Curitiba e Umuarama receberam a certificação em 2017 e 2019, respectivamente; e, mais recentemente, São Paulo. A capital paulista, com 12,1 milhões de habitantes, é a cidade com maior população no mundo a receber o título.

Vale lembrar que o Brasil é signatário do compromisso mundial de eliminar a transmissão vertical do HIV e optou por adotar uma estratégia gradativa de certificação de municípios. A eliminação da transmissão vertical do HIV, assim como a redução da sífilis e da hepatite B, é uma das seis prioridades do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. A certificação possibilita a verificação da qualidade da assistência ao pré-natal, do parto, puerpério e acompanhamento da criança e do fortalecimento das intervenções preventivas.

De 2014 a 2018, houve redução de 26,9% na taxa de detecção de aids em menores de 5 anos. Passando de 2,6 em 2014 (386 casos) para 1,9 casos (265 casos) por 100 mil habitantes em 2018. A taxa de detecção de aids em menores de 5 anos tem sido utilizada como indicador para o monitoramento da transmissão vertical do HIV, quando a transmissão acontece durante a gestação, o parto ou amamentação. Além disso, em cinco anos, foram evitadas cerca de 350 infecções em crianças. O dado foi calculado com base na taxa de casos de aids em 2014 caso ela se mantivesse ao longo desse período até 2018.

Eduardo Amaral