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Prefeitura diz não incentivar jipes em praia de Mostardas onde cão morreu atropelado

Instituto que trabalha com preservação ambiental afirma que ecossistema da área é prejudicado pelo trânsito de veículos

Praia do Farol da Solidão fica a cerca de 60 quilômetros da sede de Mostardas | Foto: Fabiano do Amaral / CP Memória

A praia do Farol da Solidão é um dos locais mais belos do litoral gaúcho. A área é destacada pelo farol em questão, inaugurado em 1929 e com 29 metros de altura. No entanto, há a preocupação de frequentadores quanto à segurança no local, principalmente em relação à circulação de jipes na faixa de areia. O trânsito de veículos, porém, não é incentivado pela Prefeitura e criticado por instituições de apoio ao meio ambiente. Na última sexta-feira, o cão de uma jovem de 21 anos foi atropelado na área do farol e morreu, enquanto ela passeava com seu filho de cinco anos e o animal.

Ela mora em Viamão, não quis ser identificada e contou que frequenta a praia há cerca de 20 anos. “Quatro jipes vieram em nossa direção e um deles o atropelou. Acho que nosso cachorro não viu eles. Não sei a intenção disto [atropelamento], mas, para mim, foi de propósito”, disse a jovem. A Polícia Civil de Mostardas confirmou que recebeu a denúncia sobre este fato específico. “O caso está em apuração. Em tese, pode haver o crime de crueldade animal”, afirmou o delegado Tiago Santos Souza, responsável pela delegacia do município.

Uma lei estadual de 1991 proíbe o trânsito nas praias balneárias gaúchas “destinadas ao descanso, aos desportos, à recreação e ao lazer em geral”. Procurada para comentar o caso, a Prefeitura de Mostardas, em nota, disse que a praia em questão está distante aproximadamente 60 quilômetros da sede municipal. “Contamos com pouco efetivo da Brigada Militar para atender um município de 90 km de extensão à beira-mar”, disse a administração. A Prefeitura prosseguiu, dizendo que “não incentiva trilhas de veículos off road na orla marítima por se tratar de área de fragilidade ambiental e próxima ao Parque Nacional da Lagoa do Peixe, onde é expressamente proibido o trânsito de veículos”.

Diz ainda que “possui outras rotas para este importante nicho de turismo, que não possui risco a este tipo de acidente”. Já o 8º Batalhão de Polícia Militar (8º BPM), responsável pela região, afirmou também em nota que “não foi solicitada” para atender o caso do cão atropelado. “Se tivesse sido acionada, uma guarnição teria comparecido ao local para o devido atendimento.” O coordenador técnico do Instituto Curicaca, destinado à preservação ambiental, Alexandre Krob, que está trabalhando na Lagoa do Peixe, classifica como grave a circulação de veículos nesta área, que tem um ecossistema significativo.

“O local é utilizado por aves que migram do Hemisfério Norte e da Patagônia e estão ali repondo energias para o retorno, e não podem ser perturbadas neste momento. Os bandos se alimentando na beira da praia são afugentados por um veículo e quando pousam novamente são afugentados por outro. É uma sequência que, somada, causa um enorme prejuízo no equilíbrio sensível entre acúmulo e gasto de energia”, diz ele. Os jipes são um agravante neste processo.

“A grande motivação dos jipeiros são os desafios do terreno e a praia é para eles muito monótona. Então, sempre buscam dunas, banhados e pequenos arroios para compor sua trilha de obstáculos e com isso impactam ambientes sensíveis, destruindo abrigos, ninhos e ninhadas de espécies que precisam ser protegidas”, afirma Krob. A área da praia do Farol da Solidão está fora do Parque Nacional, mas o coordenador afirma que a legislação ambiental não está restrita a estes locais de proteção. “Se trata de estender a preocupação e a prática [da preservação] para outras áreas”, concluiu.

Felipe Faleiro