Em meio a uma manifestação contra o reajuste de 94% na tarifa do Trensurb, no fim da tarde desta quinta-feira, o deputado estadual Pedro Ruas (PSol) anunciou que ele e lideranças de seu partido ingressarão na justiça na próxima segunda tentando barrar o aumento da passagem.
Anunciado ontem, o reajuste fará o valor do bilhete no trem passar de R$ 1,70 para R$ 3,30 a partir deste sábado. Havia quase dez anos que o preço não era modificado. O novo preço foi autorizado pelo governo federal. O reajuste da tarifa havia sido solicitado em julho ao governo federal. Na época, a Trensurb pediu aumento de 47%, o que elevaria a passagem para R$ 2,50.
“Nós já derrubamos por duas vezes a tarifa de ônibus de Porto Alegre e, às 8h30min de segunda-feira, vamos ingressar com uma ação para barrar este aumento”, afirmou o deputado Pedro Ruas, em meio ao protesto realizado na Estação Mercado, no Centro de Porto Alegre.
De acordo com o parlamentar, o pedido será embasado, entre outros fatores, no valor acima da inflação no período – que, segundo ele, foi de 75%. “Há uma desproporção com a inflação”, acusou ele, citando também que há pessoas que serão demitidas pelo aumento no vale-transporte que deverá ser pago aos funcionários que utilizam o Trensurb diariamente. O novo valor da integração trem e ônibus de Porto Alegre será de R$ 6,62.
Usuários do @Trensurb protestam na Estação Mercado contra novo valor da tarifa de R$ 3,30 @RdGuaibaOficial @correio_dopovo pic.twitter.com/vLHOfBNz2f — Lucas Rivas (@lucas_rivas) 1 de fevereiro de 2018
O reajuste foi criticado pelo Sindimetrô, que participou do protesto na Estação Mercado. No local, os manifestantes gritavam: “Mãos ao alto, este aumento é um assalto”, além de mostrar cartazes, como forma de protesto. O Trensurb transporta cerca de 55 milhões de usuários por ano.
Protesto
Manifestantes protestaram na tarde desta quinta-feira contra o aumento da passagem da Trensurb. Na manhã desta sexta-feira, foi confirmada uma nova mobilização partir das 9h de hoje quando o grupo deve se reunir na Estação Farrapos para distribuir panfletos aos usuários dos trens e, na segunda-feira, a partir das 17h30min, haverá um novo ato na Estação Mercado.
Em frente às catracas que dão acesso à plataforma dos trens, os manifestantes se revezavam no microfone para falar sobre o aumento da passagem. Nas filas que se formavam para compra dos bilhetes, foram distribuídos panfletos informativos do Sindimetrô/RS. “O aumento prejudica os cerca de 200 mil passageiros que utilizam o trem para deslocamentos diários num trajeto que contempla um grande parque industrial, várias universidades e um comércio de grande movimento”, consta no panfleto.
Para o Sindimetrô/RS, a Trensurb deveria cortar gastos “e não cobrar a conta dos usuários”. De acordo com o diretor jurídico do Sindimetrô/RS, Henrique Frozza, a avaliação do sindicato é de que o aumento é desproporcional. “Não concordamos com isto, já estamos movendo ação judicial para barrar este aumento”, afirmou.
Segundo Frozza, a expectativa é de que o reajuste no valor da passagem seja barrado na Justiça. “Se isto não for possível, tentaremos barrá-lo com a pressão da população”, ressaltou. Frozza disse que, na opinião da categoria, o transporte público deveria ser gratuito.
Para uma das integrantes da secretaria executiva da CSP Conlutas, Márcia Rolim, o primeiro ato contra o aumento da passagem teve um “balanço muito positivo”. “Os usuários estão compreendendo a manifestação, dialogando e entendendo a importância de barrar o aumento da passagem”, destacou.
Conforme Márcia, a questão da integração metrô-ônibus, que também terá aumento, está entre as reivindicações do protesto. “Acreditamos que este aumento é uma etapa da futura privatização dos trens e metrôs, que hoje é um transporte público que a população tem”, ressaltou.
Correio do Povo