Durante a primeira quinzena do mês de abril, grupos de indígenas que realizam a Quaresma Caingangue acampam no Parque Harmonia, em Porto Alegre. O espaço, antes cedido pela prefeitura, agora é cedido pela concessionária do parque, o que era uma das condições para a concessão. O evento acontece anualmente durante o período que antecede a Páscoa há cerca de 25 anos.
Segundo Miguel Farias, um dos líderes indígenas presentes no acampamento, o evento diminuiu com a pandemia de Covid-19. "Era para termos quinze ônibus chegando aqui, mas não deu. Se tornam poucas pessoas. No próximo ano queremos chegar em vinte ônibus", disse. No Harmonia, os caingangues, vindos de outras regiões do Estado, confeccionam cestas para venda durante a semana de Páscoa e permanecerão no parque até o dia 18 de abril.
"É um movimento migratório no período da Quaresma, em que eles bucam, através da renda do artesanato, ter uma melhor condição financeira. Com a venda, principalmente, das cestas e da macela. Eles nos pediram o espaço, as lonas, cestas básicas, cobertores e material de saúde, tudo foi entregue", explica Mario Fuentes Barba, coordernador municipal da Unidade dos Povos Indígenas, Imigrantes, Refugiados e Direitos Difusos. "Os povos indígenas fazem parte da rica diversidade étnica e cultural de Porto Alegre. É nosso dever respeitar, reconhecer e promover essa cultura em suas diversas expressões", completou.
Pela primeira vez, os indígenas também tem autorização para colocar dez pontos de venda no Trecho 1 da Orla do Guaíba para fazer suas vendas. De acordo com Barba, será feito um esforço para que nos próximos anos haja uma estrutura mais robusta para receber os participantes da Quaresma Indígena e para que mais etnias participem.
Giullia Piaia