Um novo alagamento foi registrado no início da manhã desta sexta-feira na Trincheira da Ceará, localizada na zona Norte de Porto Alegre. Em razão de acúmulo de água, o trânsito ficou totalmente bloqueado e desviado pelos agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) durante um período da manhã. Na quinta e sexta-feira passada, um outro alagamento já tinha ocorrido no local.
Houve congestionamento em todo o entorno. Os veículos de grande porte, como ônibus e caminhões, conseguiam passar ao contrário dos automóveis. Por volta das 9h30min, o problema foi resolvido, sendo liberado o tráfego no trecho após o retorno do funcionamento da Estação de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebap) existente no local.
Trincheira da avenida Ceará, em Porto Alegre, alagou nesta manhã
— Correio do Povo (@correio_dopovo) May 7, 2021
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Os agentes da EPTC encontraram três placas automotivas perdidas na pista durante o alagamento. Os proprietários dos veículos devem procurar agora o órgão de trânsito.Eles podem entrar em contato com o telefone 118.
Dmae
Em entrevista à reportagem do Correio do Povo, o diretor-geral do Dmae, Alexandre Garcia, explicou que o primeiro passo foi resolver o problema imediato do alagamento. “O que precisávamos era dar uma resposta e colocar aquele sistema em funcionamento. Vamos agora usar de todos os meios para que se consiga responsabilizar a empresa tendo em vista a não prestação da garantia da obra”, explicou. A empresa rebate a responsabilidade e nega irregularidade na obra, apontando que o sistema de automatização requer acompanhamento e manutenção permanentes e adequados por parte da prefeitura.
Segundo ele, a empresa que construiu a Trincheira da Ceará já tinha sido constatada devido ao alagamento anterior. “Acionamos a empresa para apresentar um diagnóstico e um sistema mais estável. A empresa restou inerte e alegou que seria um problema de operação e não estaria coberto pela garantia..A gente discorda”, enfatizou.
O diretor-geral do Dmae revelou qual a causa do alagamento desta sexta-feira. “Hoje tivemos a queima da entrada de energia. Não entrou energia dentro da casa de bombas, porque queimaram todos os equipamentos de entrada”, resumiu. Uma equipe da CEEE esteve no local para desligar a rede de energia elétrica, visando a segurança dos técnicos do Dmae que trabalharam para reverter a situação.
“Qual a razão disto? A gente acredita que é uma sobrecarga de energia externa, por que foram feitos todos os testes nas bombas e na automatização e elas estão ok”, supôs. “Ou o equipamento efetivamente apresentou uma falha e acabou queimando”, acrescentou.
Alexandre Garcia teve a atenção despertada para outra situação verificada. “O que nos causa muita estranheza é que o sistema de automação não acionou o gerador. Ele está abastecido e em condições de agir, mas não entrou em operação”, constatou.
Sobre o alagamento da semana passada, o diretor-geral da Dmae avaliou que o problema foi decorrente de uma instabilidade na rede de energia elétrica. “Tivemos então um colapso no sistema de automatização”, recordou. “O sistema colapsou e fez com que o sistema de bombeamento entrasse todo ao mesmo tempo e houve sobrecarga de energia elétrica, desarmando o sistema de bombeamento e mais uma vez o gerador não entrou em operação”, ressaltou.
No passado, a região onde fica a Trincheira da Ceará era um banhado e alagadiça. “Não precisa ter chuva para ter água lá e por isso temos uma área de contenção. A gente sofre com a água do lençol freático e com o nível das águas do Guaíba. A casa de bombas precisa funcionar diariamente e a todo momento”, salientou. A Ebap possui duas bombas com vazão de 91 litros por segundo e outra reserva de 43 litros por segundo. Todos os dias, pelo menos uma das bombas trabalha constantemente para manter o local seco.
“Vamos agora tentar entender o circuito interno por que quando falta energia elétrica e o gerador não entra em operação. Ele foi testado e está funcionando...O problema está no sistema automação!, concluiu Alexandre Garcia.
Inauguração
A trincheira da avenida Ceará foi inaugurada na manhã do dia 04 de março de 2020, após sete anos de atraso. A obra, planejada para a Copa de 2014, atrasou por causa de problemas em projetos, pagamentos não feitos e revisão de itens para incluir sistema de bombas para evitar alagamentos. O início dos trabalhos ocorreu em janeiro de 2013.
A Trincheira da Ceará recebeu cerca de R$ 9,5 milhões de aditamento, elevando o valor inicial de R$ 29,5 milhões para em torno de R$ 39 milhões. Ela desafogou o trânsito e melhorou o fluxo de veículos da BR-116 na entrada de Porto Alegre, reduzindo ainda os engarrafamentos nas avenidas e ruas da região.
Correio do Povo