Proprietário de uma loja de vestuário feminino, com unidades em dois shoppings de Porto Alegre, Carlos Klein, afirmou que as vendas nos primeiros 15 dias do mês chegaram a 45% em relação ao mesmo período do ano passado. "A cada semana após a reabertura estamos vendendo mais, apesar de a chuva afetar as vendas no varejo. Na segunda e terça-feira as vendas foram tímidas, pior do que nas outras semanas", relatou. Mesmo assim, Klein disse que, na média, a loja está vendendo cada vez mais em comparação à semana anterior.
Ele destacou que, por conta da pandemia, lojas e centros comerciais funcionarem em horário reduzido, de segunda a sábado, das 9h às 17h, e os shoppings, das 12h às 20h, o que também acaba afetando o desempenho. Sem abrir aos domingos e com horário reduzido, Klein precisou ajustar os custos. "Parte dos funcionários está com contrato suspenso, com o governo federal pagando auxílio. Isso ajuda bastante, pois já é 50% da folha economizada", revelou. Por enquanto, Klein acredita que é desnecessário aumentar horário de funcionamento.
"Não seria interessante ampliar agora até em função da demanda", assinala. "Espero que haja estabilização das internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e diminuição do número de mortes para que as pessoas se sintam mais confiantes para sair, comprar e gastar", completa. Na avaliação do presidente do Sindilojas, Paulo Kruse, as vendas estão 'oscilando muito'. "Tem alguns comerciantes conseguindo números bons e têm outros que nem tanto. E a chuva tem atrapalhado bastante o comércio. Tradicionalmente quando há chuva, atrapalha bastante", observou.
Embora reconheça que os números não 'são satisfatórios', Kruse reforça otimismo na retomada das vendas e comemora a manutenção das lojas abertas durante a semana, mas alerta que os resultados variam no segmento. "Tem lojas de perfumes e cosméticos que estão tendo bons resultados. Algumas lojas instaladas na rua Voluntários da Pátria e em shoppings também têm bons resultados. Outras têm resultados muito ruins", comparou.
Momento é de crescimento
O presidente da CDL, Irio Piva, reconhece que a chuva e o tempo instável prejudicaram as vendas, mas afirma que o momento é de crescimento no setor. "Conversei com alguns lojistas, não é dado estatístico, mas alguns registraram em torno de 60% de vendas em relação ao ano passado", frisou, acrescentando que é preciso considerar horário reduzido de funcionamento. Piva destaca que determinadas empresas conseguiram adequar custos por conta da carga horária reduzida. "Se tiver desempenho em torno de 70% em relação ao ano passado já é considerado bom desempenho.
Conforme dados da CDL, os dados apontam que o desempenho varia de 55% a 60% em relação ao mesmo período do ano passado. "A avaliação é positiva, mas é claro que estamos trabalhando bastante para melhorar esse número, que ainda não é suficiente, mas já é indicativo positivo", assinalou. Piva defende a retomada 'total' das atividades', embora ressalte a importância de analisar as diferentes realidades por segmento e a opção de cada lojistas querer abrir.
"Não dá para dizer que todos lojistas defendem a retomada imediata de horário de funcionamento ampliado. Por exemplo, tem pequenas empresas que conseguiram ajustar seus custos para horário de funcionamento nesse momento e que estavam sofrendo muito. Com movimento que está tendo, torna possível sobreviver", afirmou.
Felipe Samuel