Uma ação da Equipe de Vigilância de Antropozoonoses (Evantropo) da Secretaria Municipal da Saúde realizou nesta quinta-feira a coleta de sangue de cachorros para realização de testes para o diagnóstico de leishmaniose visceral canina. A iniciativa foi feita na região da unidade de saúde Nova Ipanema, no bairro Hípica, na zona Sul de Porto Alegre. A leishmaniose visceral é uma doença grave, causada pelo protozoário Leishmania chagasi, que é transmitido através da picada de um inseto chamado flebotomíneo (Lutzomyia longipalpis), popularmente conhecido por mosquito palha e que pode atingir pessoas e animais, principalmente o cão. O mosquito palha se contamina picando um cão infectado e posteriormente uma pessoa. Não há transmissão direta entre pessoas e pessoas e cães.
A médica veterinária Daura Zardin, chefe da Evantropo, disse que a iniciativa faz parte de uma operação realizada no final de setembro. As equipes realizaram a coleta de exames em 20 cães. A região localizada na zona Sul da Capital registrou o 20º caso de leishmaniose visceral humana - uma criança que foi diagnosticada com a doença passou por tratamento e já está recuperada. O trabalho dos técnicos teve o objetivo de orientar os moradores do bairro Hípica sobre o risco de transmissão da doença. A leishmaniose é uma doença causada por um protozoário da espécie Leishmania infantum. Trata-se de uma zoonose de evolução crônica que, se não tratada, pode levar a óbito até 90% dos casos.
A transmissão ocorre ao homem pela picada de fêmeas do inseto vetor infectado, denominado flebotomíneo e conhecido popularmente como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros. Os insetos são pequenos e têm como características a coloração amarelada ou de cor palha e, em posição de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas. Os insetos podem picar pessoas ou animais domésticos, como cães. Cachorros não transmitem a doença para humanos. O primeiro caso foi registrado em Porto Alegre em 2016. Em 2021, a cidade teve a confirmação do 20º caso - cinco pessoas com caso confirmado morreram.
Para a identificação de casos suspeitos em pessoas é preciso ficar atento para febre persistente e aumento de baço e fígado. É necessário que a pessoa busque o serviço de saúde mais próximo da sua residência - principalmente se esteve em uma área onde a doença esteja ocorrendo. No casso dos cães, é preciso cuidar o emagrecimento progressivo, feridas e descamações de pele, queda anormal de pelos, aparecimento de ínguas, crescimento anormal de unhas, inchaço de pernas, sangramento de nariz ou de outras aberturas.
No caso de aparecimento desses sintomas, é necessário levar o cachorro a Vigilância Municipal ou aos serviços de Controle de Zoonoses ou canil municipal. A leishmaniose é mais prevalente na população canina que na humana, uma vez que os casos humanos normalmente são precedidos por casos caninos, e porque os cães apresentam uma maior quantidade de parasitas na pele do que o homem, o que favorece a infestação por vetores.
Cláudio Isaías