"Os israelenses não nos informaram em absoluto sobre esta viagem", declarou o porta-voz do Executivo americano, Josh Earnest.
"O protocolo tradicional seria que o líder de um país faça contato com o líder de outro país quando viaja para lá. Esta é a forma como são planejadas as viagens de (Barack) Obama", explicou.
"Sendo assim, este evento em particular parece ser uma quebra de protocolo", concluiu Earnest.
Em reação ao incidente, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse, em Washington, que o premiê israelense é sempre bem-vindo nos Estados Unidos para discursar, mas admitiu ter estranhado a situação atual.
O chefe da diplomacia americana considerou "um pouco incomum" ter sido informado através do presidente da Câmara de Representantes, o republicano John Boehner, e não pelas vias diplomáticas usuais, que Netanyahu falaria no Congresso americano.
Mais cedo, Boehner, anunciou que o Congresso americano fez o convite ao premiê israelense, a discursar na casa em 11 de fevereiro, quando se inicia o debate parlamentar sobre o programa nuclear iraniano.
"Diante dos desafios atuais, peço ao premiê (israelense) para falar perante o Congresso sobre as graves ameaças que o Islã radical e o Irã representam para nossa segurança e forma de vida", explicou Boehner, em um gesto evidente de desafio ao presidente Barack Obama.
Um grande número de congressistas é favorável à aprovação de uma lei que imponha sanções ao Irã, caso fracassem as negociações atuais. Mas Obama disse claramente que imporia seu veto a qualquer lei relativa às sanções contra o Irã.
"Fomos informados esta manhã sobre o convite feito pelo presidente da Câmara, pouco antes do anúncio oficial", disse Earnest, acrescentando que a Casa Branca comunicará mais sobre sua posição quando "falar com os israelenses sobre seus planos para esta viagem e sobre o que (Netanyahu) planeja dizer".
Embora Israel e Estados Unidos permaneçam aliados próximos, Obama e Netanyahu tiveram atritos públicos sobre os assentamentos israelenses na Cisjordânia e sobre como abordar o programa nuclear iraniano.
Os aliados de Obama temem que a viagem de Netanyahu seja usada por Israel e os republicanos para levantar oposição contra um acordo sobre o programa nuclear iraniano, em um momento em que as negociações chegam a uma fase crítica.
Com relação ao convite a Netanyahu, Boehner disse que o líder israelense é um "grande amigo do nosso país e (que) este convite representa nosso inquebrantável compromisso com a segurança e o bem-estar do seu povo".
Netanyahu deu dois discursos no Congresso americano anteriormente, em 1996 e 2011.
AFP