Os feridos foram levados para doze hospitais da capital argentina e, embora alguns permaneçam em observação, "não há ninguém em estado grave", indicou a secretária de Saúde da cidade, Graciela Reybaud. No hospital Ramos Mejía, "46 pessoas deram entrada, sendo que dez receberam alta, e as demais continuam em observação, entre elas um menino de 8 anos com ferimentos leves", disse Alejandro Muñoz, diretor da equipe de emergência.
O trem, que faz o transporte diário de milhares de pessoas, viajava com um número reduzido de passageiros por ser sábado. Julio, que viajava no terceiro vagão, afirmou à imprensa que, depois do impacto, os passageiros se revoltaram com o condutor. "As pessoas gritavam com ele, chamando-o de assassino, e jogavam pedras contra ele, que estava caído, mas consciente. Mas os bombeiros chegaram e o levaram, e não vi se estava ferido", contou.
O porta-voz do sindicato de maquinistas La Fraternidad, Horacio Caminos, informou que o condutor está internado em estado "delicado, embora, aparentemente, não corra risco de morrer". "Tem 45 anos e muita experiência", acrescentou.
"O trem passou por todas as revisões técnicas sem observações e tinha sido submetido a uma revisão integral na última terça-feira", disse o ministro dos Transportes, Florencio Randazzo, em uma entrevista coletiva à imprensa, descartando uma falha no sistema de frenagem. Randazzo assegurou que a formação "entrou no terminal a uma velocidade maior que a permitida" e que o sistema de GPS tinha indicado que as paradas anteriores haviam sido realizadas "sem inconvenientes".
Em relação ao maquinista, Randazzo disse que o exame de rotina feito antes da jornada de trabalho para indicar o consumo de bebida alcoólica tinha dado resultado negativo e que "em momento algum foram comunicadas falhas à torre de controle" ao longo da viagem.
O acidente aconteceu na mesma estação terminal onde o choque de um trem contra a plataforma de embarque deixou 51 mortos e 700 feridos em 22 de fevereiro de 2012, em uma das piores tragédias ferroviárias da Argentina. Em 13 de junho passado, outro acidente na linha Sarmiento deixou 13 mortos e 155 feridos quando um trem de passageiros se chocou com outro que estava parado perto da estação Castelar, 30 km a oeste de Buenos Aires. "Viajamos todos os dias, mas com medo. Vamos todos na expectativa para ver se o trem freia ou não", disse Jorge, um dos passageiros que escaparam ilesos.
Depois desses acidentes, o governo nacional anunciou uma troca de composições, todas em péssimas condições, por trens fabricados na China. Os acidentes de trem também comprometem a popularidade do governo de Cristina Kirchner e este novo acidente acontece a uma semana das eleições legislativas de 27 de outubro.
AFP