"Devemos ser prudentes, mas parece que teremos uma maioria não socialista", declarou Solberg aos militantes, sob uma chuva de papel picado. Seu grupo perde sete cadeiras em relação a 2013, mas o resultado foi suficiente para arrebatar a vitória ao fim de um "thriller eleitoral".
O principal opositor trabalhista, Jonas Gahr Støre, admitiu a derrota e parabenizou a rival. "Esta escolha é uma grande decepção para o partido trabalhista", reconheceu o magnata de 57 anos. Junto com ecologistas, independentes dos dois blocos mas opostos a um governo que inclua os populistas, conquistou 83 cadeiras.
No poder desde 2013, o atual governo, que reúne conservadores e grupos populistas moderados, como o Partido do Progresso, que tem uma posição contrária à imigração, fez uma campanha com a promessa de continuidade. A seu favor, o governo conta com a gestão da crise do setor petroleiro, motor da economia norueguesa, afetado por uma brutal queda nas cotações do produto - a maior em 30 anos - a partir de meados de 2014.
O rico país nórdico, onde vivem 5,3 milhões de pessoas, também enfrentou em 2015 a crise dos migrantes, quando em meio a uma onda sem precedentes de refugiados que chegaram a Europa, 31.000 pessoas pediram asilo. O governo de direita estimulou o crescimento com a redução de impostos e o recurso frequente ao fundo soberano de quase um trilhão de dólares.
Para Støre, um bilionário graduado em Ciências Políticas, a fórmula era outra. Um aumento de impostos para os "mais ricos" para poder consolidar o Estado de bem-estar, tão apreciado pelos noruegueses, e conseguir lutar assim contra as desigualdades. "Precisamos de uma mudança agora, porque estamos nos afastando uns dos outros", afirmou no domingo o candidato trabalhista de 57 anos, depois de votar de modo antecipado em uma escola em um bairro da zona oeste de Oslo, um distrito majoritariamente conservador.
Conservadores e trabalhistas concordam em muitos temas: as atividades petroleiras no Ártico, uma política de imigração severa e a importância de manter uma relação estreita com a União Europeia (UE), da qual o reino escandinavo não faz parte. Os ecologistas, a quem as pesquisas outorgavam potencialmente uma posição de força na hora de formar governo, parecem estar sob o patamar de 4%, para o provável alívio da indústria petroleira. O partido pedia o fim imediato de qualquer prospecção de hidrocarbonetos e o fim da produção petroleira em um prazo de 15 anos.
AFP