A deputada norte-americana Rashida Tlaib, do Partido Democrata, se recusou nesta sexta-feira a usar um "visto humanitário" concedido por Israel para visitar sua avó na Cisjordânia, um dia após as autoridades terem negado seu pedido de visto de trabalho por seu apoio ao boicote ao Estado hebreu. As condições para a viagem era que ela a "não expressessa certas visões políticas". Em seu Twitter, a democrata disse que não submeteria a isso, pois vai contra o que acredita.
"Quando ganhei, isso deu ao povo palestino a esperança de que alguém finalmente falaria a verdade sobre as condições desumanas. Não posso permitir que o Estado de Israel tire essa luz me humilhando e use meu amor pela minha avó para fazer eu me curvar às suas políticas opressivas e racistas. Silenciar-me e me tratar como um criminoso não é o que ela quer para mim. Isso mataria um pedaço de mim. Decidi que visitar minha avó nessas condições opressivas é contra tudo o que acredito - lutar contra o racismo, a opressão e a injustiça", escreveu.
Silencing me & treating me like a criminal is not what she wants for me. It would kill a piece of me. I have decided that visiting my grandmother under these oppressive conditions stands against everything I believe in--fighting against racism, oppression & injustice. https://t.co/z5t5j3qk4H
— Rashida Tlaib (@RashidaTlaib) August 16, 2019
Ontem, as autoridades israelenses proibiram a visita dela e de Ilhan Omar. Elas são as primeiras muçulmanas eleitas representantes no Congresso dos Estados Unido e críticas ferrenhas do presidente, Donald Trump, que endossou o impedimento de suas entradas. "Mostraria grande fraqueza se Israel permitisse que as deputadas Omar e Tlaib a visitassem. Elas odeiam Israel e todo o povo judeu, e não há nada que possa ser dito ou feito para mudar de ideia. Minnesota e Michigan terão dificuldade em colocá-las de volta no cargo. Elas são uma desgraça!", escreveu no Twitter
Depois de ter seu visto negado na quinta-feira, Rashida apresentou solicitou uma permissão humanitária para visitar sua avó, no povoado de Beit Ur al Fauqa, perto de Ramallah, na Cisjordânia ocupada. "Pode ser minha última chance de visitá-la", alegou a congressista em uma carta enviada ministro do Interior de Israel, Aryeh Deri, na qual se comprometia a aceitar quaisquer imposições.
״זו עשויה להיות
— Tal Schneider טל שניידר تال شنايدر (@talschneider) August 16, 2019
ההזדמנות האחרונה שלי לפגוש אותה. אני מתחייבת לכבד את ההגבלות הישראליות, ולא לפעול לחרם״
מכתבה מהלילה של טאליב לשר הפנים דרעי כדי לאפשר לה ביקור משפחתי. @danawt פרסמה יותר מוקדם על מגעים ליליים עם השגרירות בוושינגטון כדי לאפשר את ביקורה פה. pic.twitter.com/09pk8vua7N
O movimento BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções) faz um apelo ao boicote econômico, cultural e científico de Israel para protestar contra a ocupação dos Territórios Palestinos. Em 2017, Israel votou uma lei que permite proibir a entrada em seu território aos partidários do BDS. Israel vê o movimento como uma ameaça estratégica e o acusa de antissemitismo. Os ativistas rejeitam a acusação, alegando que querem apenas ver o fim da ocupação.
Em um comunicado divulgado ontem, Hanane Achraui, membro do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), criticou a decisão de Israel, considerando-a "escandalosa". "A decisão israelense de proibir as eleitas do Congresso Rashida Tlaib e Ilhan Omar de visitarem a Palestina é um ato de hostilidade escandaloso contra o povo americano e seus representantes", declarou.
Correio do Povo e AFP